domingo, 18 de maio de 2014

Os mitos em torno de um caso


É preciso desmistificar...
...nem todo aquele que ultrapassou a barreira dos 65 anos virou santo.
...nem todo progenitor é pai.
...nem todo agredido é vítima.
...nem toda debilidade é fraqueza.
...nem toda encenação é talento.
...nem todo fino trato é saúde psicológica.
...nem toda perda ensina.
...nem todo "sossega leão" é indevido.
...as crianças não são bobas, alguns médicos, jornalistas e assistentes sociais também não, delegados já não sei.
...nem todo profissional sabe o que está dizendo, conforme a data de nascimento maior é o risco de impetuosismos, dogmatismos, atos inconsequentes, pedantismo e pouca compreensão da complexidade da vida, principalmente se lhe faltar a ciência e o bom senso.
...nem todo forasteiro é injustamente mal recebido.
...nem toda imprensa é isenta de se render ao ibope.
...nem tudo que parece é.
...nem toda sociedade está estruturada para enfrentar os problemas que provoca.
...nem toda lei dá conta de toda a realidade.
...nem toda mulher é de porcelana.
...nem toda vergonha é suficiente quando o caso não é moral, mas clínico.
...nem todo aquele que julga é justo.
...nem toda justiça ajuda.
...nem toda retidão salva da difamação.
...nem todo silêncio é prostração.
...nem toda luta é merecida.
...nem tudo tem explicação.

sexta-feira, 28 de março de 2014

A última, constatação


A última,
não querida,
enxerida.
Não podia,
não teria,
não sabia.
Não percebia
que sorria
por teimosia.
A última,
nasceria
atrevida.
Quereria
sobreviver
sem poder ver.
Não usaria,
não pediria,
esperaria
até piorar,
até errar
o que copiar.
Não via mal
em ser carnal
no seu quintal.
Só queria
a alegria.
Sua ousadia
agredia
quem não queria.
Adoeceria.
Venceria
o que seria
um destino.
Quem diria
que não teria
moradia?
Receberia
alforria
goela abaixo.
E ainda assim
euforia
lhe marcaria.
Perderia
mais de uma vez
a sensatez
reagindo,
insistindo
em um ninho
de migalhas
maquiadas,
transformadas
em  um sonho
tão tristonho
que proponho
esquecê-lo,
mesmo depois
de perdê-lo.
Há um esforço
pra conseguir
voltar a ser
inocente
e consegue
quando ele vem.
E não tente
lhe condenar,
desafiar
sem ter culhões.
Não tem mais dó
de quem não quis,
de quem não deu,
de quem não diz,
de quem mente
e não sente
a existência
da indecência
do seu não.


sábado, 22 de março de 2014

Só mais um pouco


Não toque na ferida,
não mexa no nervo,
não diga,
não aponte,
não veja,
não saiba,
não seja!

Não anestesie a dor,
não fantasie a cura,
não adianta,
não serve,
não agrada,
não querem(.) 
(Q)que seja!

Não faça acontecer,
não rompa a ordem,
não pise,
não respire,
não lembre,
não esperam
que pense!

Não esqueça as flores,
não sorria muito,
não venha,
não chegue,
não agite,
não fique,
não pense!

Não vai demorar tanto,
não vai sentir enquanto.
Não aqueça,
não padeça,
não mereça
não ser.
Não tente!


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Cheirinho de gostinho bom!


Era uma vez uma pessoa que morava sozinha,
que numa certa noite se lembrou e teve vontade
de comer um pão com manteiga aquecido na frigideira.
E assim se fez!
Ah! Os ponteiros do relógio...
rodaram ao contrário em alta velocidade.
Agora, é toda noite que um vizinho me atormenta,
às 22h ou 23h conforme ele chega em casa,
com o perfume da delícia da fumaça do passado.
Não imaginava que minha memória
despertaria a de um desconhecido,
e que o que me foi lembrança
passaria a ser eco, vício ou até vingança.
Mas se isso pretendia, não deu certo!
Gostamos das mesmas coisas,
simples e fumegantes,
reais e delirantes.
Boa noite pra você também!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Para descansar


Hoje me jogo na cama
e me banho nos lençois
como se fossem um suave chocolate ao leite

Hoje me jogo na cama
e me cubro de marfins
como se fossem paredes de uma caixa de bombom

Hoje me jogo na cama
e me viro em sonhos
como se fossem um devenir embalado em seda

Pra amanhã acordar com o brilho do cetim
vestir-me de linho em tom pastel
rendida às rendas dos meus ais

contando com um batom vivaz
pra ancorar-me até a próxima estação
onde haja um bom café.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Que seja leve


Tem aí
fitas e laços de cetim,
de organza,
de seda,
flores em tons pastel,
um pouco de perfume
e uma caixa bem grande,
bem maior que eu,
pra caber tudo
que preciso proteger
das quedas,
dos atritos?

Tem aí
algo bem leve pra vestir,
pra carregar,
pra sorver,
doce e não engorde,
um pouco de raridade
e uma chave segredo,
que abre tudo
e fecha nada,
que exibe meus bordados
avessos
e direitos?

Então não venha,
não fale,
não ouse,
esqueça,
não me aborreça
com a mesmice
dessa paisagem
feito máscara
carnavalesca.

Eu abro estradas,
inspiro,
decido,
capino,
não me acomodo
com o que vejo.
Busco com calma.
Quero leveza
entre minhas mãos!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Mais História, menos descasos



Não valorizamos devidamente a História e por isso, não raro, desrespeitamos os mais velhos.
Não internalizamos a História e por isso estamos sempre querendo reinventar a roda. 
Não introjetamos a História e por isso não costumamos identificar prontamente seus escritores reais - os fazedores.
Não reconhecemos a História e por isso pouco procuramos saber dos caminhos e dos caminhantes, seu ponto de partida e de chegada.
Não sabemos o que é História e por isso muitas vezes associamos com coisas passadas, velhas, desgastadas, inadequadas, inúteis.
Não gostamos de História e por isso jogamos fora muitas coisas (ou pessoas) do ano passado, do mês passado, de ontem, de horas atrás.
Não usamos a História e com isso comprometemos o devir, as possibilidades futuras.
Não queremos validar Histórias que não sejam as nossas e por isso nos mostramos surdos ao que os outros poderiam contar.
Que seja instituído o resgate histórico como princípio de toda e qualquer ação.
Que haja mais História em cada mesa de bar, em cada quilo de farinha (a exemplo do ácido fólico, indispensável para o desenvolvimento da inteligência até os 3 anos de idade), em cada canteiro de obra, em cada microfone, em cada palanque, em cada sala de espera, em cada olhar, em cada palavra, em cada atitude.