segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um presente

Neste Natal ganhei de uma das minhas irmãs uma corrente com um pingente, no qual estava escrito uma verdade incontestável que aproveito pra dividir porque é importante lembrar...

"MULHERES são:
lindas,
inteligentes,
charmosas,
gostosas,
queridas,
desejadas,
amadas
e claro...
...muito modestas".

Nosso Natal de todo dia

Sempre é tempo de aprender
e de aprender qualquer coisa.
Sempre é tempo de aprofundar
aquilo que já se sabe um pouco.
E sempre se sabe pouco.
Sempre é tempo de rever
aquilo que se sabe
porque sempre podemos ver
de um outro ângulo.
Eu sei que você e eu
sabemos amar.
Eu sei que você e eu
amamos profundamente algumas pessoas.
Também sei que você e eu
já revimos algumas posições.
Mas sempre se ama pouco,
sempre é preciso dilatar
do conhecimento e amor humano
à sabedoria e incondicionalidade divina.

Que esse seja o nosso Natal de todo dia: fazer nascer e crescer em nós a vida sábia e amorosa como a do menino Deus!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Lembrança

Havia um céu cinzento
onde vc abriu clareira do seu jeito
e tudo foi ficando melhor
sem desprezar o que já lhe era perfeito.
O que temos
já é memória emotiva
para os filhos dos nossos filhos
e digo de minha parte
que ela é boa e seletiva,
porque mais e além de guardar
o que nos dizemos ou nos fazemos,
guarda quão bem você faz sentir-me.
O que temos
é lembrança presente
- um mimo da história e do tempo -
dos olhares que cruzamos,
da vida que em nós alimentamos,
dos dias melhores que nos garantimos,
das bênçãos que trocamos,
da certeza do bem que somos capazes,
da humanidade vivida,
da sutileza sentida,
da intenção convertida
em felicidade dividida.
Grata por tudo,
por sua grandeza,
sua gentileza,
sua perspicácia,
sua presença,
seu cuidado
com os detalhes
do que nos é dado:
amar!
E que nada mais seja julgado
senão os gestos
que este verbo conjugar.

Que o Menino Deus, já nascido e entre nós, acolha o que nos fazemos sentir de bom e descarte as arestas em nome do exercício do que é maior: o Amor!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Tatuar

Tatuar é marcar
a pele

é aproveitar
a intuição

é ilustrar
um significado

é manifestar
um valor

é "plastificar"
um sentido

é pintar
uma tela

é injetar
uma cor

é imprimir
uma forma

é encantar
um olhar

é surpreender
uma cultura

é revestir
um manequim

é imitar
um arlequim

é defender
a coragem do sim

é provocar
um estranhamento

é enfrentar
um julgamento

é desafiar
a volubilidade

é prolongar
um momento

é despertar
a curiosidade

é arrancar
um elogio

é embrulhar
um presente

é simular
uma imolação

é captar
uma energia

é expor
um segredo

é vencer
o medo

é identificar
a tribo

é diferenciar
o singular

é estampar
o espelho

é decorar
a alma

Quer ver?

domingo, 12 de dezembro de 2010

Eu nasci pra isso!!!

1. Eu nasci pra fazer crescer e/ou fazer ir pra frente
1.1 Quem ou o que fazer crescer ou ir para frente?
a) Eu mesma.
b) Quem está a minha volta.
b) Quem deseja, ambiciona, quer crescer e ir para frente.
c) As funções da minha profissão.
d) As percepções que tenho sobre os outros:
- suas ações, as condições pessoais e sociais do momento em que agiu e as possíveis intenções e motivações;
- suas habilidades já desenvolvidas;
- suas possibilidades de desenvolvimento de suas capacidades.
e) A crença de que as pessoas têm coisas boas coexistindo com as coisas não boas.
f) Qualquer ação de promoção à arte.
g) Qualquer ação de construção de conhecimento.
h) Qualquer ação de garantia da dignidade humana.
i) Qualquer ação de perdão da falha humana, desde que haja o requisito básico do arrependimento.
j) Qualquer convivência humana, seja com laços de afetividade ou simplesmente de profissionalismo.
k) O uso equilibrado da sensibilidade e razão.

1.2 Como fazer crescer e ir para frente?
a) Em cada situação, agradável ou não, perguntando sempre: O quê? Como? Quando? Onde? Por quê? e Para quê?
b) Em cada situação, agradável ou não, exercitando em mim e no outro o olhar para trás e para frente, ou seja, retrospectivo e prospectivo.
c) Diante de cada situação, agradável ou não, evidenciar qual é a escolha mais viável, possível, de que somos capazes, no momento presente.
d) Olhando para o outro, nos olhos, porque é condição necessária para sobrevivência ser reconhecida e confirmada a nossa existência e isto se dá quando somos olhados por outrem.
e) Incentivando; encorajando; mostrando as possibilidades; oferecendo pistas, dicas e exemplos;
f) Parabenizando as conquistas, comemorando, vibrando, sorrindo, confirmando aquilo que pouco reconhecemos em nós mesmos...a capacidade de superação.
g) Repetitivamente, como acontece quando uma atitude se torna padrão de reação; vício; programação inconsciente; estilo de ser; ou vivificação daquilo que na linguagem da administração de empresas se chama "visão" (como quero ser visto pelos "clientes"/outro) e "missão" (o que quero fazer pelo "cliente"/outro), no caso não de uma organização empresarial mas de uma organização pessoal.


1.3 Quando fazer crescer e ir para frente?
a) Sempre.
b) Hoje, agora.

2. Eu nasci pra ver, desfrutar e promover o belo, o bom, a verdade
2.1 Quem merece o belo, o bom e a verdade?
a) Eu.
b) O outro.

2.2 Como ver, desfrutar e promover o belo, o bom e a verdade?
a) Buscando a arte.
b) Buscando o conhecimento.
c) Comprometendo-se a melhorar a própria vida e o mundo.
d) Exercitando os sentidos e refinando a percepção.
e) Exercitando novos olhares, usando novas lentes, novas perspectivas.
f) Usando outros mirantes, olhando as coisas do alto e com distância.

2.3 Quando ver, desfrutar e promover o belo, o bom e a verdade?
a) Sempre.
b) Hoje, agora.

3. Eu nasci pra existir
3.1 O que é existir?
a) É ser vista, percebida, reconhecida no olhar do outro.
b) É ser única.
c) É ser pessoal.
d) É ser o que se sonha.

3.2 Como é existir?
a) É fazer a diferença.
b) É fazer melhor.
c) É fazer bonito.
d) É fazer grandiosidades.
e) É fazer tudo.
f) É fazer ainda mais.
g) É fazer menos só quando isso significar mais.
h) É suportar toda a parte ruim.
i) É desfrutar toda a parte boa.
j) É semear.
k) É cuidar.
l) É colher.
m) É distribuir.
n) É fazer a festa da colheita.
o) É não se contentar com migalhas.
p) É promover o avanço.
q) É corrigir os erros.
r) É começar de novo.
s) É se aproximar do outro.
t) É se recolher.
u) É estar onde e como se quer estar.
v) É agradar.
w) É acreditar que pode.
x) É chorar quando há motivo.
y) É deixar chorar.
z) É pular de alegria.
a.2) É gargalhar sem receio.
b.2) É pular no pescoço: pra apertar ou beijar
c.2) É vibrar.
d.2) É relaxar.
e.2) É desconfiar.
f.2) É correr riscos.
g.2) É jogar tudo pro alto.
h.2) É recolher o que sobrou.
i.2) É colar os cacos.
j.2) É ter alguém pra quem ligar de madrugada.
k.2) É receber torpedos inusitados.
l.2) É enviar mensagens sui-generis.
m.2) É manter laços com alguém por décadas.
n.2) É tangenciar o proibido.
0.2) É tocar com o "dedo na ferida".
p.2) É tocar com o dorso da mão.
q.2) É segurar firme entre os dedos.
r.2) É fazer qualquer coisa com intensidade.
s.2) É ter urgência.
t.2) É trocar afetos.
u.2) É trocar conhecimentos.
v.2) É trocar a melancolia pela euforia.
w.2) É admitir a oscilação.
x.2) É preferir estar junto.
y.2) É aguentar a solidão.
z.2) É ter medo e coragem.

3.3 Quando existir?
a) Desde a criação.
b) Até após a passagem.
c) Quando se tem um espaço entre as obrigações.
d) Quando se é olhada, percebida, reconhecida a existência.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Eu não nasci pra isso

1. Eu Não nasci pra vender minha força de trabalho por tão pouco, por menos do que ela vale.
1.1 E como medir isso?
a) Comparando com o desempenho de outros profissionais da área? Ou com outros profissionais na própria empresa, mesmo que de outra área? Ou com os profissionais anteriores? O outro é um bom parâmetro?
b) Ao sabor da afinidade do avaliador com o avaliado? Ou do que o avaliador teme desse profissional? A questão é emocional então: afeto ou medo?
c) A proximidade com o ideal daquela profissão? E quando todos atingem igualmente o mesmo ideal e são valorados diferentemente por seus vencimentos?
d) Verificando o fato ou não do profissional superar expectativas dentro do quadro básico de atribuições do cargo? E esse quadro básico de atribuições estabelece o quanto e de que modo devem ser realizadas as atribuições?

1.2 Quem mede isso?
a) O superior entende das atribuições de seus subordinados?
b) O avaliador recolhe os dados necessários e suficientes para avaliar o profissional? O avaliador sabe fazer a correta leitura dos dados coletados sobre o profissional?
c) O que o avaliador escolhe como princípio de justiça distributiva? Para ele o justo é dar o mesmo valor a todos que têm a mesma função? Ou para ele o justo é dar a cada profissional de acordo com a sua produtividade? Ou para ele o justo é dar a cada profissional de acordo com suas necessidades pessoais?
d) Esse avaliador se deixa ser avaliado também?

1.3 Quando é medido isso?
a) Somente no início do exercício das funções e nas primeiras impressões (sempre carregadas de erro) do profissional?
b) Durante os anos de trabalho (ou outros parâmetros de periodicidade) é revista a avaliação de forma que se torne processual?
c) Nunca é medido?
d) É medido ao sabor dos episódios que desagradam ou inflam a vaidade do avaliador?

2. Eu não nasci pra conviver com a ignorância.
2.1 De quem?
a) Minha
b) Do outro

2.2 Sobre o que?
a) Sobre eu mesma, sobre o mundo, sobre o outro, sobre Deus, sobre o que é bom, sobre o que é belo, sobre o que é justo, sobre o que é verdadeiro, sobre o que é o Amor.
b) Sobre a via complexa das coisas e seres.
c) Sobre a via flexível das coisas e seres.
d) Sobre a via mutável das coisas e seres.
e) Sobre a inevitável via evolutiva das coisas e seres.
f) Sobre a coexistência:
- do bem e do mal;
- do certo e do errado;
- do profundo e do superficial;
- da santidade e do pecado;
- da divindade e da humanidade;
- do ter e do ser;
- do corpo e do espírito;
- da razão e da emoção;
- da sensibilidade e da indiferença;
- da força e da fragilidade;
- da saciedade e da carência;
- dos outros ângulos de visão;
- das perdas e dos ganhos;
- das portas e dos muros;
- do inconsciente e do consciente;
- do querer, do poder e do dever;

2.3 Quando não conviver com a ignorância?
a) Em tempo algum;
b) Quanto mais velha a pessoa, porque assim, menos aceita do outro a ignorância uma vez que quer receber sabedoria na medida em que dá.
c) Quanto mais nova a pessoa, para que ela não cresça em tamanho apenas.

sábado, 20 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Black Label

Hoje foi o dia do duplo Black Label.
Quase debutando de novo num destilado.
Muitos anos desprezando-o.
Era preciso.
Era útil.
Eu queria.
Eu gostei.
De desprezá-lo?
De prová-lo?
Ora! Acaso não me conhece?
Não! Não mesmo!
Decididamente não!
Está rindo?!
Acha que estou blefando.
Sobre não me conhecer?
Não.
Sobre desprezar ou provar um destilado.
Você não me conhecer
é uma certeza e uma obrigação afirmar,
portanto, não pode ser conteúdo de blefe.
É tão bom descobrir a natureza mutável que temos.
Você pode ter sido gente boa até aqui e de repente...
...desvia desse percurso.
Você pode ter sido gente perdida até aqui e de repente...
...se encontra.
Você pode ter sido gente ruim até aqui e de repente...
...perde esse rumo.
Você pode, inclusive, ter sido as três coisas e de repente...
...continua sendo.
Você pode ter sido pequeno, grande,
em latitude, longitude e profundidade.
Você pode ter sido indulgente, misericordioso,
ou tirano, insolente.
Você pode ter sido uma linha reta ou quase.
Você pode ter sido volupioso ou instável.
Você pode temer e amar.
Pode até temer amar.
Pode arriscar a mão no fogo.
Pode, então, perder o jogo.
Pode quase tudo,
até não amar.
Mas pode conter a volubilidade
mesmo que sutil?
Pode conter a imagem de constância?
Pode decidir?
E o que decidiu ontem,
pode decidir hoje e amanhã
ou nunca mais.
Mas pode não decidir.
Eu decido:
quem sou,
o alcance da minha visão
e não aceitar grilhões
que não os meus
com os quais criei algum laço afetivo
de criador para criatura.
Decido:
jogar fora
essa criatura
quando está
sem vida,
sem sentido,
sem razão.
Decido:
ser míope
só orgânica,
ser monogâmica,
e filha de teutões.
Mas cá com meus botões
nem míope queria ser
pra enxergar bem a poligamia
tão longe de mim,
a hierarquia tão perto de mim,
o fluxo de um jardim
que nunca pára de florir.
Quem diria
que destilar faz bem
e não só à cana?
Que se separe o que sou
do que querem que eu seja
e que o sabor só conheça
o degustador treinado,
refinado,
digno,
meu preferido,
o sábio,
o vivido.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor incondicional

Dei-me conta há uns meses atrás de que construímos, eu e ele, uma intimidade, uma ligação, uma unidade que nada ou pouquíssimo se efetivou no campo das idéias ou no campo dos sentimentos ou no campo da corporeidade.

Ora, mas se não se estabeleceu nestas dimensões não é humano, visto que a humanidade é a complexa interligação destas naturezas: matéria racional (inteligência analítica e sintética), matéria sensível (intuição, percepção, emoção e sentimentos), matéria volitiva (escolha), matéria biológica(anatomia e fisiologia), matéria relacional (intrapessoal ou centração e interpessoal ou descentralização), matéria espiritual (transcendência).

De que relação estamos tratando então?

Da minha relação com ele. Uma relação entre seres inteiros, não fracionados ou segmentados em algumas dimensões apenas. Uma relação puramente de querer bem, independente de qualquer idéia sobre as coisas; de qualquer emoção ou sentimento vivido; de qualquer proximidade ou distância física; de qualquer atitude; de qualquer limitação temporal.

A minha relação com ele - a nossa relação - começou pela instância comum e necessária à condição humana, que é a de estar frente à frente, de falar e ouvir, de trocar um olhar, de cumprimentar com um aperto de mão seguido às vezes até de um abraço mecânico.

Isto se repetiu muitas vezes.

Tantas vezes se repetiu quantas nos comprometemos um com o outro, de que mesmo sendo só isso, isso nos daríamos: por-se de frente, falar, ouvir, apertar a mão, olhar e abraçar instintivamente, podendo acontecer o conjunto todo num encontro, parte dele ou uma só das ações.

Interessante, pode acontecer só de se por frente à frente e isto basta. Pode acontecer só de ouvir e isso basta. Pode acontecer só de falar e isso basta. Pode acontecer só de olhar e isso basta.

Hoje, estamos tão mais perto no espaço geográfico, mas tão menos fisicamente, porém, muito mais ontologicamente. A distância que o passado nos impôs fez crescer raízes, alongá-las e tramá-las para interligar-nos. Cresceram fortes e indestrutíveis. Nosso ser se comunica sem precisar dos canais convencionais.

Nosso ser está um com o outro de uma forma que corpo algum seria capaz de estar ou mostrar, que pensamento algum conseguiria conceber ou explicar, que sentimento algum conseguiria despertar ou externar tal qual acontece conosco.

Fusão?

Não!

Individualidades que se encontram, mistérios que se reverenciam, intensidades que se absorvem, seres particulares que trocam sutilezas, vontades que se respeitam, intelectos que se compreendem, corpos que se protegem, necessidades que se transformam, riquezas que se doam, fontes que se saciam, divindades que convivem, humores que se divertem, assim somos nós - eu e ele - sempre dois seres distintos em interação.

De todas as pessoas que já passaram pela minha vida, ele é o mais fiel, o mais paradoxalmente comedido e impactante, o mais comprometido comigo, o mais gratuito, o único que me sacia, o único por quem me encantei, o único capaz de me suportar, aquele que ora é o espelho divino e ora é a própria divindade, aquele que ora deixa ir e ora chama e protege.

Beijos, abraços, carícias, olhares, toques sedutores...nada disso é corpóreo...nossa tangência é de uma forma tão pura, porém não se enganem, nada tem de etérea ou angelical, bastante humana por sinal, mas toda simbólica, aliás o simbolismo é potencialmente globalizador do que se pensa, sente e quer, é potencialmente realizador, é potencialmente satisfatório...é instrumento que eu e ele habilmente utilizamos para nos completar.

Diante dele sossego, nada mais espero, é plenitude, o perdão não é necessário.

Diante dele extasio e me disciplino. Convulsiono e estabilizo. Movo e sou movida. Vivo e faço viver.

Nossa experiência - a minha e a dele - já é eterna. Inquestionável. Pouco ou nada compreendida pelos que não adentraram nesse mundo de sutilezas da alma.

"Quem tem ouvidos para ouvir que ouça" (Mc.4,9).

sábado, 2 de outubro de 2010

Uma frase inusitada da sétima arte

Filme: Instinto Secreto
Frase inusitada de um personagem: "Não se cresce como mulher enquanto não tiver ao menos um homem canalha na vida."
Achou pesado isso?
Duvida?
Concorda?
Depende?
É até válido, mas não seria necessário?
Pode-se crescer como mulher de outras formas? Sem passar pela ação de um canalha?
Que tipo de crescimento um homem canalha pode proporcionar a uma mulher?
Realmente um homem canalha na vida de uma mulher provoca-lhe crescimento?
O que é crescimento?
O que é ser um homem canalha?
O que é ser uma mulher?
Há mulheres canalhas?
O que é a canalhisse?
E os homens não-canalhas, o que são?
Bem, parece que estamos ouvindo falar de mocinhas e vilões.
Parece que estamos ouvindo uma expressão do velho e bom dualismo "bem e mal".
Parece que estamos ouvindo algo com tom de revanche do "sexo frágil".
O que nos parece também, ao ouvir essa afirmação do personagem, é que só se cresce com o mal. É isso mesmo?
É preciso conhecer o mal pra valorizar o bem?
E entre o bem e o mal, há alguma outra coisa?
Eles nunca estão juntos?
E depois de sofrer a ação do mal dá pra ficar com algo bom? Isso não é um paradoxo?
Mas se é possível crescer com o mal, o mal não é tão mal assim, não é mesmo?
Ou se transforma em bem o que era mal como compensação? Isso é válido? Quanto disso é válido? Quanto disso é possível ao ser humano? Quanto disso seria possível a uma mulher?
Seria bom então que os homens fossem sempre canalhas com as mulheres para que elas crescessem?
É isso que tem acontecido?
Sim? Ou não?
Estaria faltando mulheres canalhas na vida dos homens para que eles crescessem também?
Eles seriam capazes de crescer com mulheres canalhas como as mulheres cresceriam com homens canalhas? Ou a natureza do homem é diferente e isto não dá resultado com eles?
Canalhas ou não, crescer é preciso. Crescer é imperativo. Crescer é bom.
Opa! Crescer é bom?
Se crescer é ser mais, ser maior, parece uma idéia boa.
Mas, que "mais" é esse e que "maior" é esse?
Mais o que?
Maior em que?
Se for pra ser mais gente, penso que é bom.
Se for pra ser mais desconfiado e medroso, penso que não é bom.
Se for pra ser mais livre, sendo mais racional e menos dominado pelas emoções, parece que é bom crescer.
Mas é esse mesmo o caminho melhor?
Quem sabe?
Para umas talvez?
E para as outras como seria?
Dá pra pensar em outro assunto que esse está muito duvidoso?
rs Dá sim.
Dá pra pensar por exemplo em não crescer. rs
Opa! Síndrome de Peter Pan. rsrs
Esse fica para outro dia. rs

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Com o óculos do Humanismo

Para quem trabalha/convive com gente!

Nossas ações estão sempre ligadas, são sempre baseadas, decorrem sempre de princípios...e princípios...

...são como filtros ou lentes, através das quais vemos a realidade.
...compoem os valores que acreditamos, que assumimos na prática.
...quando os conhecemos com clareza, quando os escolhemos livremente, nos tornam coerentes e os defendemos independente do momento e do lugar.

O referencial que agora proponho para servir de lente através da qual olharemos para as pessoas com quem trabalhamos/convivemos, é o Humanismo, e ainda com o tratamento que essa "lente" recebeu para oferecer-nos um diferencial, que é o Humanismo Cristão, que se nos apresentará a partir de vários pensadores:

1. Jesus Cristo
- que trata o homem como pessoa (dotado de inteligência, liberdade, vontade, responsabilidade);
- dá particular atenção aos marginalizados da sociedade: pobres, escravos, mulheres, crianças, prostitutas, etc.;
- que conhece os outros pelo nome. Ex. zaqueu, Mª Madalena. Os evangelhos são a única história da Antiguidade em que os pobres e humildes tornam-se protagonistas ao lado do personagem principal;
- que anuncia a libertação do homem. a) Interior - dos instintos, das paixões, das servidões espirituais, das maldades e dos ódios, dos pecados. b) Exterior - da escravidão da opressão, da discriminação social, da injustiça, do legalismo, do medo e até da morte.
- que prega o Amor a Deus e ao próximo. Amor que é:
. interioridade: nasce no coração;
. universalidade: dirige-se a todos, inclusive os inimigos;
. delicadeza e generosidade: age heroicamente em favor do próximo, evitando as mínimas ofensas;
. exterioridade: expressa-se nas obras e pelas obras.

2. Santo Agostinho (354 - 430)
- o homem é interioridade: o que constitui campo de exploração e fonte de inquietudes;
- o homem é transcendência: busca continuamente algo que o supera e transcende - Deus.

3. Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274)
- o homem é matéria e espírito: um ser indivisível. Está submetido às leis da matéria - temporalidade, espacialidade, opacidade, pluralidade, etc. e às leis do espírito - imaterialidade, atemporalidade, universalidade, imortalidade;
- o homem é dotado de inteligência e por isso é elevado à dignidade de pessoa, ser superior a qualquer outro;
- a pessoa é um fim em si mesmo, que por isso nunca pode ser instrumentalizada, usada como meio, pela sua racionalidade;
- à disposição da pessoa devem estar todos os bens. A propriedade privada se admite pela questão de ter alguém que a administre para conservação, aumento e distribuição, sim, porque o uso dos bens é comum a todos que deles precisam.

4. Kierkegaard (1813 - 1855, dinamarquês, luterano, existencialista cristão - a existência precede a essência)
- o homem singular vale mais que a espécie;
- o homem só é ele mesmo, só é singular, real e autêntico perante Deus e isso só é possível mergulhando em si mesmo e entrando em relação com o Outro (Deus no caso), o poder que o criou.

5. Gabriel Marcel (1889 - 1973, francês, autor e crítico teatral)
- o homem pode viver em 2 (dois) planos: o do ter e o do ser.
- O plano do ter é o plano da objetividade, problematicidade e da técnica, portanto, da alienação e do desespero;
- o plano do ser é o plano da subjetividade, da intimidade, das experiências pessoais e indizíveis em que o homem se reencontra a si mesmo, vive sua existência autêntica, realiza suas potencialidades;
- o homem se realiza como singular, original, no recolhimento, no mergulho em si mesmo, onde ele não encontra só a si ou ao Outro (Deus), mas também os outros e é através dos outros que vislumbra Deus. Ser é "Ser Com"o outro.

6. Teilhard Chardin (1881 - 1955, francês, padre jesuíta)
- o homem é portador da evolução - essa força que move o mundo para formas sempre superiores de ser, de vida, de consciência;
- o homem é portador da energia criadora de Deus, é chamado a ser mais que instrumento, mas prolongamento vivo do poder criador de Deus, construir com Deus este mundo em evolução;
- o homem é o produto mais complexo, mais conscientizado da evolução;
- a evolução de que o homem é portador terá um termo final, chamado Ômega - que é o encontro entre a humanidade e Deus/Cristo, ou parusia, ou fim do mundo. É, pois, o Ômega a origem de toda a energia evolutiva.

Referência:

NOGARE, P. D. Humanismos e anti-humanismos: introdução à antropologia filosófica. 10ª ed. Vozes. Petrópolis, 1985, p. 43-53; 117-139; 168-189.

Psicopatia 2 - Programa Sem censura - Ana Beatriz B. Silva

Entrevista com a médica psiquiatra e escritora Dra. Ana Beatriz Silva sobre psicopatas, tema do livro de sua autoria Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. 2ª Parte
Programa: Sem Censura - TVE Brasil
Apresentação: Leda Nagle
Participação: Gloria Perez
Exibido em 06/11/2008

sábado, 25 de setembro de 2010

Fada madrinha

O que faz uma fada madrinha nas histórias infantis?

Transforma o feio em belo, o pobre em rico, o pequeno em grande, o fraco em forte, o sonho em realidade, o proibido em permitido, o que não existe em algo que existe. Como o sapo em príncipe. A borralheira em Cinderela. A abóbora em carruagem. Os ratos em cavalos. O baile em dança. As diferenças em encantamento. O nada em paixão, a paixão em nada e o novo nada em afeto.

Já dei status de homem a desacreditados. Já fiz crescer estaturas. Já fiz dormir plebeu e acordar Rei. Já desfibrilei corações que tinham desistido. Já aliviei altas temperaturas. Já aqueci terra fria. Já perfumei histórias que cheiravam mal. Já maquiei personagens para melhor convencerem o público. Já simplifiquei o complicado. Já sofistiquei o simplista. Já fiz andar o estagnado.

Isso é lindo! Isso é maravilhoso! Isso é prazeroso! Mas isso cansa!

Já desejei sair do livro de histórias infantis, mas é sina bater a varinha mágica, encantar, dar um final feliz e recomeçar.

Quero uma fada madrinha pra mim!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Um insight! Válido? Digam-me os Psiquiatras, Neurocientistas e Bioquímicos

Uma das coisas marcantes, um dos sintomas, uma das características de um portador do transtorno bipolar é que em estado de mania (leia-se euforia) ou de melancolia, depressão, tudo é sentido em "voltagem" superior, em intensidade maior, em dose superior, às vezes, ao comumente sentido por outras pessoas num mesmo evento acionador do gatilho da emoção. Há outros sintomas claro, mas fiquemos com este que interessa no momento - a potencialização, a força maior do impacto que um evento, uma situação tem sobre as emoções do bipolar, para cima ou para baixo, sobre o que sente sobre si mesmo ou o que sente sobre os outros. A medicação utilizada para o transtorno bipolar nos últimos anos não é específica e já tornou obsoleto o uso do lítio. A medicação que provoca melhores resultados é a que atua no sistema dopaminérgico, por exemplo, como a utilizada para o Mal de Parkinson ou para a Síndrome das Pernas Inquietas, ou ainda, é a utilizada para Epilepsia. Além de conter um pouco a agitação da fase maníaca do bipolar, essa medicação na verdade tende a dar ao portador uma razoável "linha reta" de emoções, tirando o portador do movimento de gangorra de suas emoções. Ele não deixa totalmente de "sentir" as coisas, mas "sente  menos", a intensidade das emoções diminui muito. Bem, isto resolve em parte o problema do transtorno bipolar.
Agora vamos ao insight que interessa.
Se lembramos que a Psicopatia (ou transtorno anti-social) inclui a realidade do portador "não ser capaz de sentir" o que o outro sente, e por isso não segue as normas sociais e transgride para obter um benefício pessoal como poder e prazer (e só isso ele persegue obstinadamente, obsessivamente) mesmo que isso cause perda, dano a si e a outrem, e se usamos o pensamento reverso sobre o tratamento do bipolar, poderíamos concluir que usando o princípio químico inverso, contrário ao do tratamento do bipolar conseguiríamos fazer um Psicopata, então, sentir um pouco do que não sente?
Que medicação teria o efeito contrário dos controladores de humor? Seria essa medicação capaz de acionar o sistema límbico de um Psicopata? Qual seria o princípio contrário ao dos medicamentos que atuam no sistema dopaminérgico ou que evitam a Epilepsia?
Meus colegas da bioquímica ou da neurociência podem ajudar a responder essas perguntas? Faltam-me bases para achar as respostas com segurança, mas se um componente químico "X" causa a diminuição significativa das sensações emocionais, qual seria o inverso de "X" que provocaria o aumento das sensações emocionais?
Opa! Mas acabo de me pegar numa falha. Para haver aumento das sensações emocionais é preciso haver alguma e o que se fala é que o Psicopata nada sente (toda manifestação emocional sua é mera simulação aprendida racionalmente). Corrigindo o raciocínio: haveria então algum medicamento capaz não só de aumentar, mas de "abrir" o canal das sensações emocionais numa pessoa, de fazer o sistema límbico ser acionado, startizado?
Se houver, parece-me que temos um caminho para tratamento dos Psicopatas, caso contrário a condenação dessas pessoas ainda será a palavra final.
Ou não?
Outra hipótese que me ocorre é que: assim como o cérebro é capaz de traçar novo caminho neuronal para desempenhar funções que foram prejudicadas por uma lesão, poderia ser capaz de traçar novo caminho para "sentir" o que o outro sente? Haveria possibilidade de aprender a sentir sem utilizar o sistema límbico então?
Aguardo desenvolvimento destas hipóteses por quem tem mais bases específicas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Psicopatia 1 - Programa Sem censura - Ana Beatriz B. Silva

Entrevista com a médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva sobre psicopatia, tema do livro de sua autoria Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado. 1ª Parte
Programa: Sem Censura - TVE Brasil
Apresentação: Leda Nagle
Participação: Gloria Perez
Exibido em 06-11-2008

O tamanho das pessoas

(Recebi o texto em slide e sem o nome do autor. Se alguém souber me comunique e registro)

O tamanho varia conforme o grau de envolvimento.

Uma pessoa é enorme pra você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.

É pequena quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a parceria nos sentimentos e nas ações.

Uma pessoa é gigante quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com vc.

É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepçãso pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.

Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos.

Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão e ao recolhê-la, se torna mais uma.

O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande...

...É a sua sensibilidade, sem tamanho!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Aquele embalo!

Acabo de lembrar da experiência recente e inusitada de ser embalada nos braços...aquele movimento de vai e vem, pra frente e pra trás, mão apertando o corpo contra o peito...me peguei há pouco apertando meus braços e balançando pra frente e pra trás num ato de memória cinestésica...o que isso exatamente quer dizer pra ciência ainda não sei, ainda não fui aos mestres da Psicologia, mas não é muito necessário...as humanidades falam por si só...a insegurança deste mundo, toda ela, o peso dela, só sentimos longe do colo...porque longe do colo ficamos vulneráveis, soltos, sujeitos a toda má sorte...e quando vulneráveis queremos recuperar imediatamente e compulsivamente a segurança, o calor, a firmeza, o ritmo daquele colo, daquele embalo...e se não há mais aquele embalo...nos pegamos em regressão, nos surpreendemos imitando sozinhos, e fantasiosamente nos aquietamos um pouquinho.

Fica decretado que em todas as cidades, em todos as instituições será implantado o serviço gratuito do "embalo no colo", de qualquer idade para qualquer idade, e a instabilidade perpétua será enfim extinguida.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Offering / Take it all

"This is my offering, dear Lord
This is my offering to You, God
And I will give You my life
For it's all I have to give
Because You gave Your life for me

Esta é a minha oferenda, amado Senhor
Esta é a minha oferenda para Ti, Deus
E eu Te darei minha vida
Porque é tudo o que eu tenho para dar
Porque Tu destes Tua vida por mim"


Deus, aproveite a minha vida de alguma forma, pra alguma coisa útil, para o bem de alguém. Deus, me ensine a amar sem esperar coisa alguma de quem eu amar. Deus, transforme "espinho em flor, a minha dor num verso ou outro". Deus, olhe o tamanho da minha dor. Dor, olhe o tamanho do meu Deus!

Deus...

"Take it all
‘Cause I can’t take it any longer
All I have, I can’t make it on my own
Take the first, take the last
Take the good and take the rest
Here I am, all I have
Take it all

Pegue isso tudo.
Porque eu não sou mais capaz de carregar tudo isto.
Tudo o que tenho, eu não posso fazer sozinho.
Tome o primeiro, tome o último
Tome o bom e tome o resto.
Eu estou aqui, tudo o que tenho,
Pegue isso tudo."


Deus, tome minha força, minha fragilidade, minha humanidade, o que sinto, o que penso, o que faço e dê um jeito melhor nisso tudo. Deus, sobra sempre só você! Sente aqui, olhe pra mim, venha comer e beber comigo, fale comigo, me ouça, depois me abrace, segure minha mão e me faça acreditar que vou dormir em paz.

Uma noite de oração!

Após um dia que pareceu noite escura, uso da oração do coração, a oração que se torna permanente e que tem me acompanhado desde as férias de janeiro quando enfim li o livro do Peregrino Russo (indicado a mim há mais de 25 anos no Mosteiro da Ressurreição - tudo tem seu tempo) para restaurar, "segurar", garantir minha saúde psíquica e espiritual. A oração é simples, curta, rápida e eficiente, porque fica no inconsciente - aquele que verdadeiramente toma as decisões de como agir e nos move (é ilusão pré-científica pensar que agimos movidos pela consciência). Repete-se a frase: "Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim"! Mas não é uma repetição de qualquer jeito.

Há duas técnicas recomendáveis para maior eficácia, ou seja, para que ela se torne permanente. Primeira técnica: A repetição deve ser ritmada com as batidas do "cuore" - coração. Coloca-se o polegar sobre o punho oposto e a cada pulso sentido pronuncia-se em pensamento as palavras da frase... "Senhor / Jesus Cristo / tende / piedade / de mim". Desta forma as palavras entram na corrente sanguínea e passam a fazer parte do fluxo da vida, desta forma o inconsciente grava e passa a repetir sozinho mesmo quando estamos atentos a outras coisas do dia-a-dia. Segunda técnica: A repetição deve ser ritmada com a respiração. Ao inspirar o ar pronuncia-se em pensamento metade da frase, ao expirar a outra metade. "Senhor Jesus Cristo / tende piedade de mim"! Da mesma forma as palavras se internalizam, se incorporam à atividade vital da respiração e movem todo nosso ser.

Esta oração tem o poder de conter ações compulsivas, ou melhor, transformá-las em compulsões que não afetem terceiros. A explicação disso é simples, por analogia...compulsão é impulso repetitivo para determinada coisa/idéia/pessoa/ação e a oração do Peregrino Russo também é repetição, logo, se foco na repeticão da oração o impulso de repetição é mantido mas muda o objeto da compulsão, o alvo da repetição, com isto o impulso vai se abrandando, minimizando, silenciando porque foi vivido, saciado em sua ação, afinal houve a repetição e o objeto perseguido pelo impulso deixa de ser tão importante assim.

Enquanto rezo a oração, também rememoro minhas raízes, meu eu sadio, minha história feliz de quedas e elevações, de perdas e ganhos, de erros e acertos e me alimento de tudo que houve e há de bom em minha vida, em minhas ações para com os outros e dos outros para comigo. Guardo o que me fizeram de bom. Guardo como me fizeram o bem. Guardo quem me fez bem. Uso o método da "diferenciação" proposto por Fritz Heider (psicólogo das Relações Humanas), em que relevo o que não me agrada para conviver com o que me agrada. (Não confundir com o jogo do contente da Pollyanna, porque esta negava a parte que não lhe agradava, aqui não se nega, admite-se e releva-se, deixa-se de lado por escolha).

Quando fiz a TIP - Terapia de Integração Pessoal, curei-me de muitas coisas (não todas), mas uma delas foi da concepcão negativa de homem, isto se deu quando recuperei do inconsciente a memória de uma situação com meu primo na infância, em que eu não conseguia fazer uma manobra com a bicicleta e ele me ajudou a conseguir. A complementaridade do masculino e feminino naquele momento, a ajuda deliberada dele, a satisfação minha em conseguir realizar a manobra com a ajuda dele ficou estampada em meu rosto num sorriso livre e solto. Esta imagem, esta cena, me alimenta até hoje de que é possível a complementaridade, a cumplicidade, a felicidade. Isto me alimenta até hoje de que somos bons, homens e mulheres juntos, de que sou uma pessoa boa, de que o outro é bom... e isto até as raias da suposta ingenuidade.

O que pode fazer parecer a muitos falta de malícia minha, fragilidade, insensatez e até doença, pode também, na base, na verdade, na essência significar que me nego a agir como o "bando da alimentação" (da obra Fernão Capelo Gaivota, Richard Bach); que me nego, embora às vezes seja inevitável, à simplesmente reagir; que prefiro agir livremente por amor, por querer bem, por querer compartilhar e não vencer, por querer caminhar lado a lado, por querer olhar junto na mesma direção, por querer ver crescer, por querer ver caminhar para frente, sempre.

Rezar a oração do Peregrino Russo me devolve o equilíbrio, a saúde, a paz...
...de quem ama independentemente de ser amada;
...de quem quer ser amada sim e por alguém em especial, de forma especial, mas aceita se não é, porque amo gratuitamente, não como num balcão de negócios;
...de quem sabe que se o outro não me ama como eu gostaría, "talvez" me ame como pode;
...de quem não se deixa manipular, determinar pelas ações dos outros sempre, mas consegue às vezes decidir livremente amar mesmo quando tudo parece desfavorável;
...de quem ama sendo capaz de deixar o outro livre para ir, mesmo o querendo perto. E as pessoas em minha vida estão sempre indo;
...de quem se ama ainda o suficiente para não se permitir afetar, desestruturar, machucar por outrem durante muito tempo;
...de quem não desiste de aprender a "manobra" do amor, a exemplo da manobra da bicicleta (acima), com quem estiver disposto a ajudar-me deliberadamente.

Obrigada my Lord! Obrigada my God! Obrigada pelos que me amam como podem!

Um fiapo de luz no dia que pareceu noite!

Hoje foi um dia que pareceu noite!

Mas como meu Deus é o Deus dos exércitos e combate por mim, sempre, mais urgentemente quanto mais invoco seu nome "Call my name", Ele me mandou o remédio que mais aliviaria a dor da minha alma, já que a machucadura era grande e profunda, mandou um anestésico, assim Deus fez, através de um colega de trabalho, às 8h01, o remédio chegou por e-mail...arte embalada pra presente! Recebi o link para o vídeo abaixo. A música é velha conhecida (pra quem tem alguma familiaridade, experiência, vivência, intimidade, gosto por música) mas não era necessário originalidade, surpresa, novidade na música em si, bastou a inusitada lembrança desse colega de que eu gosto de arte. Bastou ouvir o som, ver a coreografia. Bastou para que durante 4m39 minha alma suspendesse as próprias contrações dolorosas e tivesse um intervalo maior e suave entre elas.

Bom saber que ainda há outras almas sensíveis dentre os inconscientes conectados, que captam o que o próximo sente e agem em seu auxílio sem que se precise pedir, ver, ouvir, ler, clamar, implorar, se humilhar. Sou grata imensamente a esse meu colega de trabalho por ter sido instrumento de Deus hoje na minha vida. Acabo de lembrar, por conta da realidade pessoal dele, que tanto a sabedoria popular quanto a ciência afirmam o que experimentei hoje... "Àquele que falta um sentido sobra outro". Sua sensibilidade e perspicácia, além da iniciativa e coragem, me deu alento por alguns minutos do dia e me fez respirar de novo.

A arte é das pouquíssimas coisas que vale a pena, nos dá prazer, nos provoca identificação, catarse, euforia; possibilita sublimação, projeção, reflexão; e tudo isso de forma sistêmica, ou seja, todo o ser é envolvido na experiência...ossos, tecidos, fluídos, cognição, emoção e espírito.

A arte nos coloca em estado alterado de consciência. Opa! Então a arte é uma droga excitante?! Sim! Mas com alguns benefícios em relação às outras, as sequelas não incluem degeneração de neurônios ou das sinapses ou da produção de neurotransmissores.

A arte tira nossos pés do chão. A arte compensa algumas frustrações; aquieta os corações aflitos; pode salvar da ansiedade, da obsessão compulsiva, da fobia, da mania de perseguição, da auto-mutilação, do torpor; pode, como um placebo, agir psicologicamente favorável ao restabelecimento do estado sadio; pode protelar o sofrimento por quanto durar sua apreciação; pode alimentar e manter as boas lembranças; pode fazer romper círculos viciosos; pode elevar uma alma medíocre e miserável ao nível de Deus; pode devolver ao chão de forma agora leve quem antes estava pesado; é capaz, através do seu simbolismo, de "unir" o que as forças diabólicas separaram. A arte cura, a arte salva, a arte cria vida nova...a quem quer viver!

Apreciem o vídeo e beneficiem-se!



Um espetáculo apresentado pela DCI Band - Drum Corps International.
Um grupo de 68 profissionais de percussão e instrumentos de sopro, combinados com coreografia e cores nascido em Indiana/USA, a partir de um projeto para ensinar música para os jovens.
Esta é uma releitura do mais famoso bolero do mundo: Bolero de Ravel.

domingo, 29 de agosto de 2010

"A vida dos outros"

Lembrei-me agora desse filme e decidi transcrever aqui meu registro no diário de papel em 07.11.2009:

"Hoje, agora há pouco, 23h30, acabo de assistir um belíssimo filme: "A vida dos outros", escrito e dirigido por Florian Henckel Von Donnersmarck, lançado em DVD em abril/2008 pela Europa filmes. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. O filme fala de muitas coisas além do óbvio e evidente controle do Estado alemão comunista sobre as pessoas.
Ouvi a citação do filme na reportagem do Jornal Nacional de 06/novembro/2009 sobre a comemoração da queda do muro de Berlim no próximo dia 09/novembro/2009 - 2ªf. em que completará 20 anos.
O filme fala sobre o poder da música para despertar o melhor das pessoas: "Sonata para o homem bom", fala da bondade e da sensibilidade que faz atravessar fronteiras, não físicas, mas ideológicas e fala de poder, onde fica visível a máxima de Michael Foucolt: "o poder determina o saber".
O filme fala das motivações para escrever: a dor da perda de liberdade e também a gratidão pela liberdade.
O filme fala do submundo do poder, sua podridão, sua promiscuidade no sentido conotativo e denotativo.
O filme fala da fragilidade da mulher, da sua exploração pelos homens, do preço que lhe é imputado para continuar viva, do custo da sua dignidade - o suicídio, da sua inclusão na história como mais uma estatística apenas.
O filme fala de humanismo.
O filme fala de estratégia - para o mal e para o bem, as possibilidades de escolha.
O filme diz mais no silêncio do personagem que "devia" falar, que "devia" escrever e não fala, não escreve para assim dizer e fazer o que pensa, sente, acredita.
O filme fala de resignação, resiliência: "abrir cartas no vapor".
O filme fala de semi-anonimato. O filme fala de grandeza humana.
E o filme fala do óbvio: controle, e dá exemplos e ideias a quem já tem esta prática.
O filme fala de invasão de privacidade.
O filme diz o que cada um tem condições de ouvir, mostra o que poucos conseguem ver.
Quem do público poderia dizer "esse é para mim".? Quem do público já foi capaz de merecer tamanho agradecimento, "Dedicado a HGW", por uma boa ação e no silêncio?
O filme é uma "película para um homem bom".
O filme fala de cada um dar ao outro o melhor de si, um o silêncio, outro a palavra escrita, e os dois se dão a discrição.
O filme fala da solução de um conflito, mas não de um conflito ideológico, político e econômico, mas de um conflito moral. Não foi o capitalismo que venceu o comunismo, não foi o ocidente que venceu o oriente, foi a liberdade que venceu o controle."

Assistam, é belíssimo!
Loquei na 100% Vídeo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando careço desanuviar...rs

Tem um lugar, que descobri em 2007 quando estava a trabalho, que me surpreendeu pela paisagem ao longe...um horizonte amplo de campos e colinas, torneados pelas curvas de nível e coloridos pelo verde da plantação, cujo a monotonia era quebrada pelos poucos e pequenos capões, mas bem posicionados e de um tom de verde bem mais escuro. O giro da visão era de uns 180 graus, suficiente para tornar dinâmico o olhar que ora ía para esquerda, ora pra direita, ora não ía a lugar algum senão para mim mesma.

No último domingo, dia 22 de agosto, em estado de consciência alterado pela dúvida, pelo querer e não saber, pelo esperar e não chegar, pelo medo de autossabotagem ou de excessiva credulidade cega, pela iminência de algo grande e bom ou algo fugidio que eu desestiria de conhecer, eu rumei às 17h18 para esse lugar que fica na Vila Romana em Ponta Grossa, rua Ernesto Mazzardo, precisamente a Escola Municipal Protázio Scheifer, um pouco atrás da empresa Nicosa.

Na quadra seguinte aos muros da Escola, parei o carro, ouvia Third Day, olhei pro sol e precisei trocar meus óculos pelo de lente escura, rezei, o sol começou a se por, meu humor tentava sossegar na imensidão daquele horizonte, aos poucos a ciclagem cerebral reduziu um pouquinho, Deus falou comigo: "Objetive"!
"O que quer"?
A verdade!
"Quando quer"?
Pra ontem!
"Como quer"?
Olho no olho!



À noite, a verdade veio, ou melhor, parte dela, mas não foi olho no olho.
Veio a promessa para o dia seguinte. Mas o dia seguinte não viu o olho no olho.

A corda da tolerância estava esgarceando...de tanto tensionar e estender, era preciso uma folga para a fibra não se romper. E Deus disse: "Faça-se a folga"! E a folga se deu!

Um pouco mais da verdade veio, ainda à conta gotas, mas a corda já podia receber reparos, novos fios podiam ser tecidos e tramados junto aos que foram tão exigidos, desgastados.

Ainda estamos tecendo, ainda é preciso gotejar mais verdade, ainda é preciso trabalho. Tecer é construir e construir nào é mágica, é serviço, é esforço. Construir é ciência, é técnica. Construir é sonho, é sensibilidade. Construir é querer. Construir é realizar. Construir é aproveitar bem os dias de sol porque dias de chuva virão, é certo que sim. Construir é acreditar que ficará bonito. Construir é antecipar na imaginação a experiência do desfrutar. Construir é limpar o terreno, planejar, preencher ordenadamente com material de qualidade o espaço deixado livre do mato, do entulho, das imperfeições que ali havia.

O pôr do sol...o horizonte largo...o encontro com Deus...o exercício de centração...estabeleceu a conexão sutil entre inconscientes...acordou desejos...acordou sonhos...moveu passos...realinhou "os planetas"...deu mais uma chance ao que seria perdido...chega de perder...ganhar é merecido...ganhar é possível...ganhar é certo...hoje ou amanhã...evoluir é inevitável...elevar-se é bônus garantido...sorrir e girar de braços abertos sob o sol é a certificação!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Uma frase pra guardar!

"Coragem! São as almas ardentes que agradam a Jesus". (Madre Clélia Merloni)

Madre Clélia Merloni, italiana, foi a fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus.

Os vividos, conhecedores das humanidades hão de concordar comigo que empreender uma obra, seja ela de que natureza for, um negócio comercial, industrial ou de prestação de serviço, uma instituição seja religiosa, social, cultural, uma construção predial, uma construção de homens (caso de uma família ou de uma escola) uma criação artística, uma pesquisa científica, um amor...não é fácil e por isso não é para qualquer um. Precisa ser capaz de sonhar, precisa saber fazer, precisa ter firmeza de vontade, precisa ser forte para resistir às dificuldades, precisa então ser persistente e resiliente, precisa ser flexível com os imprevistos, precisa ter objetivos definidos a curto, médio e longo prazo, precisa quantificar os objetivos definindo metas, precisa ter claro a missão (o que quer oferecer), precisa ter claro a visão (como quer que seu empreendimento seja visto pelos outros), precisa de conhecimento, precisa de entusiasmo, precisa de humildade para admitir o que não sabe ainda e sabedoria para sempre estar em movimento.

Isto posto, devo deduzir que Jesus preocupado em instaurar o Reino de Deus na Terra (leia-se uma nova ordem social, econômica, política, cultural, pessoal, religiosa...) precisa de empreendedores e pra traduzir este termo em muito menos palavras que o parágrafo anterior usou: Jesus precisa de Almas Ardentes! Leia-se Gente Porreta! Leia-se lunáticos! Leia-se audazes! Leia-se destemidos! Outra dedução por extensão é de que o perfil de Madre Clélia era de "Gente Porreta", nada da "meiguice frouxa" que alguns relatos e comentários querem estampar.

Lembremos de que "os mornos o Senhor os vomita".

"Coragem! São as almas ardentes que agradam a Jesus". (Madre Clélia Merloni)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O som altivo e denso do Violoncelo

Dividindo com pessoas especiais meu intento de listar um repertório de músicas com arranjos de cello, recebi a indicação para ouvir a banda Apocalyptica e quando ouvi entrei em êxtase.
O que verão é o espetáculo da execução da música The Final Countdown (A contagem regressiva final) pela banda finlandesa Apocalyptica no Concerto do Kipsala Hall com a Orquestra Sinfônica de Liepaja (cidade independente da Letônia).


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nossa Tia Nice

Das poesias
Das “historinhas”
Das caixinhas
Da devoção às sobrinhas
Das conversas inflamadas
Das infinitas chamadas
Das datas de aniversário
Das mantas de tricô
Dos licores de apricot
Das farofas doces
Dos almoços em família
De tudo que nos unia
Nós ríamos muito
E ela sabia
Era disso que ela gostava
Estar junto, estar em festa
Cadê a “Nicinha”?
Ah! “Nicinha”!
Hoje foi festar do lado de lá
Tudo bem
Trocou-nos né?
Não faz mal
O que importa
É que nós somos
Suas sobrinhas “prediletas”
Rsrs
Estamos vendo ela dar aquela risadinha
De quem lembrou das outras
Mas não queria nos desapontar
Não dizia nada
Não confirmava
Mas nós sabíamos
Ela nos adorava!

Tia Nice (Eunice Carneiro D`Amico) faleceu hoje aproximadamente às 5h, com a mesma idade que minha avó, sua mãe, faleceu - 68 anos, no mesmo dia e mês que seu irmão, meu tio Ivan, há dois anos. Tia Nice era uma figura. Às vezes complicada. Às vezes simples demais de entender. Ela foi a "relações públicas" da família, fazia contato com todos os segmentos, dos mais velhos aos mais novos, dos mais próximos aos mais distantes. Gostava de festa. Por isso gostava de nós...as sobrinhas festeiras. Rsrs. Ela nos dava liberdade demais e a gente abusava, brincava mesmo.
Que Deus lhe dê na festa que é o paraíso um par bem lindo pra dançar e rodar no salão do céu. Nossa! Acabei de vê-la sorrindo nos braços de um exímio dançador de valsa. Boa festa Tia Nice. Me aguarde. Já chego. Aí vai me apresentar o cavalheiro que fez par com a senhora. Abraços da sobrinha que como boa D`Amico lhe tinha muito carinho e às vezes alguma raiva...rs...mas isso a senhora conhecia bem...rsrs...coisa do sangue italiano. Obrigada pelos agrados, a senhora sempre me acolheu sem fazer juízo. Vá em paz! Abraços a todos aí da família.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Destilando o veneno

Algumas pessoas são mesmo más. Gente ruim.

Quando digo isso estou falando do "ser" dessas pessoas, não só do "fazer" delas.

Algumas pessoas fazem o mal sem a decisão livre pelo mal, até porque é impossível a vontade escolher o mal, ela só escolhe o bem, ou quando escolhe o mal é apenas sob o aspecto de bem que se lhe apresenta. Assim, algumas pessoas fazem o mal movidas por questões situacionais, por desequilíbrio psiquíco, por vícios, costumes e maus hábitos, vendo apenas um falso, superficial ou unilateral benefício dessa má ação, ou seja, o alívio do seu desequilíbrio, da sua compulsão, da sua ansiedade, do seu medo, da sua dor. Mas algumas pessoas planejam, arquitetam, realizam passo a passo uma ação que imaginam que faria a outra pessoa perder alguma coisa, sofrer, ficar com raiva, com medo, com dor, com tristeza ou em dúvida. Essas são as pessoas más. Agem após escolha livre, deliberada (após análise racional das opções)e consciente, sabedoras do mal que podem causar à outra pessoa e com esta definitiva intenção.

É conveniente fazer uma parada para um ato catequético e educativo neste momento, informando que tanto no pecado quanto no crime, o mal está na intenção, no querer, antes e mais do que no fazer. Para a fé católica só há pecado se a pessoa teve a intenção, o desejo de causar o mal a outrem. Para o Direito Penal brasileiro, se a pessoa causou o mal a outrem cometeu um crime, mas se ela causou sem intenção é crime apenas culposo, já, se causou o mal com intenção clara e manifesta disto, cometeu crime doloso, para o qual as penas são mais severas.

Voltemos ao assunto. O homem nasce tendente para o bem, para o belo e para a verdade. Mas a natureza não se basta, o meio onde vive pode garantir que esse ser busque sempre o bem, o belo e a verdade tanto quanto pode desviá-lo dessas tendências naturais. O meio forja o ser. E aí a qualidade do ser vai depender de três coisas, sua natureza, o meio a sua volta e suas escolhas, porque afinal, nem a natureza, nem o meio são deterministas. Querer é poder.

Primeiro, a qualidade do homem/mulher depende da "madeira" da qual esse ser foi feito. Não se pode exigir que um pé de pinus forneça madeira da qualidade de uma imbuia. Ninguém dá o que não tem. Isto é ontológico. (Um outro exemplo para entender mais fácil, agora com naturezas de seres diferentes: um cachorro jamais poderá passar a ser gente.) Mas a questão é que não é necessário que todos nasçam imbuia, afinal um bom pinus é extremamente útil, basta que seja um bom pinus.

A segunda coisa que contribui para a qualidade do ser é o meio em que ele vive, a cultura das pessoas a sua volta. Os valores. Os modelos. Os exemplos. Seria ingenuidade e ignorância esperar que pessoas que pouco foram exigidas na vida tivessem a carne, a inteligência e a moral firmes. Tudo é exercício! Não só os músculos se desenvolvem e se moldam pelo exercício, mas também o equilíbrio emocional, a inteligência, a civilidade, o caráter e a sensibilidade. É preciso treino. Em outras palavras, é preciso viver, e viver significa enfrentar as intempéries com responsabilidade, com sabedoria, com garra e não com capricho ou vaidades.

Há pessoas que pra conseguirem algo que querem agem como uma criança de 3 anos, sapateiam, esperneiam, choram e ainda dizem: "eu quero, quero, quero". Isto é doença da vontade chamada capricho. Em linguagem freudiana isto é também fixação na fase pueril, quer dizer, essas pessoas não querem crescer, continuam agindo como quando eram crianças, com o padrão da criança que tudo ganhava dos pais com o choro e a chantagem emocional. Que pena. Que negação ao crescimento. Que falta de perspectivas, de sonhos grandes. Estas pessoas são desnecessárias no nosso mundo que precisa tudo de todos.

A terceira coisa que contribui para a qualidade do ser, tenha 27 ou 42 anos, são as escolhas, as decisões tomadas, que devem sempre ser precedidas da deliberação, ou seja, da análise dos fatos, da avaliação dos prós e contras de qualquer opção. Aqui entram em jogo os valores aprendidos que determinam o que é prioritário, o que é secundário e/ou irrelevante; os princípios incorporados como pessoais e que determinarão o que é justo, correto e bom; o nível de conhecimento das coisas, suas causas, consequências e interrelaçòes; e a capacidade de domínio das emoções, que possibilita saber o que se sente e escolher melhor o que fazer com o que se sente.

Isto posto e sabido, podemos entender que pessoas que planejam, armam situações para causar prejuízos a outrem são pessoas de má qualidade, seja por sua natureza, por seu meio ou por suas escolhas ou ainda pelas três coisas juntas.

Alguém, que queira se justificar, poderia pensar: "mas se o problema está na má qualidade da natureza ou do meio isso não é culpa da pessoa". A esse eu diria: "Ora, não use o mecanismo de defesa da racionalização, não use premissas falsas, não fuja da verdade, mesmo com natureza frágil e um meio desprovido de bons estímulos, é possível treinar a vontade para boas escolhas e com isto superar prognóstico doentio.

Mas ser uma pessoa boa custa, precisa esforço, dói, não é possível ao ser humano sozinho. Pra isto é preciso a Graça Divina. É preciso estar em oração, conectado com a Fonte do Bem, ouvir a Voz do Bem, pedir a Sua presença, a Sua intervenção.

À propósito, há tempos percebo que sou uma filha predileta de Deus, a quem Ele não gosta de saber perseguida, ferida, ameaçada, desrespeitada em sua liberdade, integridade e honra. Há tempos vejo a ação de Deus em minha vida, às vezes me protegendo pra evitar que eu sofra alguns ataques, às vezes permitindo para que eu aprenda mais sobre a vida, outras vezes permitindo e punindo severamente meus algozes, mas sempre usando de tudo isso para elevar minha dignidade, para fortalecer meu espírito, para construir minha sabedoria, para me fazer ver além dos limites, do óbvio, do imediato e do aparente, para impedir que eu suje as mãos com a vingança, para mostrar aos outros que Ele é meu Pai e ninguém mexe com seus filhos prediletos sem provar da sua fúria, que muitas vezes é mais sórdida do que poderia ser a do homem. Deus, meu Pai, tem feito cair um a um os que me invejam, querem roubar-me, ferir-me e ainda põe na palma da minha mão a notícia da queda dos malfeitores. Não saboreio as notícias com sarcasmo, mas alimento minha fé com os sinais.

Curioso como é verdade que o homem tem dificuldade de ficar feliz com a felicidade do outro. Curioso como é verdade que os que dizem ter carinho por nós, ser nossos "amigos", preferem nos ver tristes, acabrunhados, morrendo em vida para que eles pareçam poderosos ao nosso lado. Ora, ora, não é preciso que a minha luz se apague para que a sua brilhe. Podemos brilhar todos. Mas pouquíssimos querem passar pelo processo de construir a felicidade, querem roubá-la pronta, como se fosse possível. A minha felicidade sempre é construída e compartilhada, mas jamais vou deixar roubá-la...é minha.

Há sempre várias formas de garantir os direitos fundamentais da pessoa, principalmente numa sociedade organizada e civilizada como a nossa no século XXI. Se tentarem me privar dos meus direitos, entrego os criminosos aos fazedores de cumprir a lei - os policiais e entrego os descontrolados aos técnicos de contenção - os socorristas. Simples, eficaz, serviço limpo.

Essa é a grande diferença de já ter 42 e não mais 27 anos de idade (embora nos meus 27 anos eu já fosse bem mais madura que essa geração "filhinho da mamãe", bem mais preocupada com coisas importantes, bem mais ocupada em melhorar o mundo); essa é a grande diferença de ter feito musculação intelectual, afetiva e moral; de ter conexão direta com Deus; de fazer acontecer a felicidade e não ficar só esperando cair do céu ou da mão de alguém; de saber o que se quer; de perseguir os sonhos sem precisar destruir os de ninguém; de ser gente de qualidade, cujo a natureza não é a frágil porcelaninha, o meio nunca foi adulador, e as escolhas sempre foram firmes pelo bem, pelo belo e pela verdade.

Sou feliz. Serei feliz. E todos podem ser também. Pena que alguns acostumaram com os ganhos secundários, as migalhas, arrancam e se contentam com qualquer olhar mesmo que seja o da raiva ou da pena, com qualquer palavra mesmo que seja a do desgosto, com qualquer toque mesmo que seja pra impedir que se aproxime. Esses perderam a dignidade e o amor próprio e pensam que encontrarão fora de si, num outro.

Ah! Adoro um jogo de cartas. Joguei por muitos anos. Tenho intimidade com o "pano verde". O baralho que tentaram usar tem cartas marcadas demais e a jogada era muito simplista. É preciso que sejam mais sagazes, menos evidentes, melhor estrategistas, grandes artistas para me fazer cair num blefe. Rsrs

Ficou meio com cara de novelinha mexicana...rsrs...mal dublada, mal encenada, não convenceu.
Acho que tem gente assistindo "Malhação" demais. Rsrs

Ainda vou abrir uma "Escola de Homens". Alguns vão pagar mais caro pelo curso porque vão dar muito trabalho. Rsrs

sábado, 14 de agosto de 2010

I`ve Always Loved You - Eu sempre te amei - Um Insight

I`ve Always Loved You - Eu sempre te amei.

Este é o título de mais uma música da banda Third Day.

A melodia festiva, o ritmo de balada, a letra como se Deus estivesse falando conosco, tudo isso faz parecer que tem uma explosão de ânimo feito fogos de artifício dentro da gente.

Desejo que todos que a ouvirem possam sentir esse entusiasmo.

Mas tem uma frase, o título da música que se repete nos versos...que explica um pouco algumas coisas surpreendentes dos últimos dias.

Eu sempre amei a profundidade. Eu sempre amei a leveza. Eu sempre amei o riso e a gargalhada. Eu sempre amei a alegria da interação numa festa. Eu sempre amei a força e a firmeza. Eu sempre amei a densidade. Eu sempre amei a fluidez. Eu sempre amei a objetividade. Eu sempre amei a sensibilidade. Eu sempre amei a perspicácia. Eu sempre amei o incomum. Eu sempre amei a surpresa. Eu sempre amei a intuição. Eu sempre amei a ação. Eu sempre amei a reflexão. Eu sempre amei a sinceridade, a franqueza, a verdade. Eu sempre amei a liberdade. Eu sempre amei a confiabilidade. Eu sempre amei a experiência. Eu sempre amei a capacidade de aprender. Eu sempre amei a capacidade de ensinar. Eu sempre amei caminhar em frente. Eu sempre amei subir até o pico. Eu sempre amei enxergar muito além dos limites, da cortina de fumaça, do horizonte. Eu sempre amei a coragem. Eu sempre amei a capacidade de sonhar. Eu sempre amei a capacidade de realizar. Eu sempre amei a capacidade de correr riscos. Eu sempre amei a capacidade de amar. Eu sempre amei a capacidade de se revelar. Eu sempre amei marcas e sinais de vida no corpo, na mente e na alma. Eu sempre amei a capacidade de desejar. Eu sempre amei a capacidade de se doar. Eu sempre amei a capacidade de receber. Eu sempre amei a capacidade de fazer par. Eu sempre amei a capacidade de olhar e ver. Eu sempre amei a grandeza de alma...Então...a você que concentra tudo isso...eu também posso dizer...e dizer com certeza, com convicção, com brilho nos olhos... "eu sempre te amei".



Claro que o sentido do título na música difere do sentido que o título adquiriu ao relacionar com meu momento presente, mas os dois sentidos são importantes porque significam a dinâmica humano-divina da realidade: eu amo porque Deus me amou primeiro.

I've Always Loved You

I don't know how to explain it
But I know the words would hardly do
Miracles and signs and wonders
Aren't enough for me to prove to you

Don't you know I've always loved you
Even before there was time
Though you turn away
I tell you still
Don't you know I've always loved you
And I always will

Greater love has not a man
Than the one who gives his life to prove
That he would do anything
And that's what I'm gonna do for you

Don't you know I've always loved you
Even before there was time
Though you turn away
I tell you still
Don't you know I've always loved you
And I always will

Don't you know I've always loved you
Even before there was time
Though you turn away
I tell you still
Don't you know I've always loved you

Don't you know I've always loved you
Even before there was time
Though you turn away
I tell you still
Don't you know I've always loved you
And I always will

I've always loved you
and I always will
I've always loved you
and I always will
I've always loved you
and I always, and I always will
I've always loved you....

Eu Sempre Te Amei

Eu não sei como explicar
mas eu sei que dificilmente as palavras poderiam
Milagres e sinais e maravilhas
Não são suficiente para eu provar a você

Você não sabe que eu sempre te amei
Mesmo antes de haver tempo
Embora você tenha se afastado
Eu te digo ainda
Você não sabe que eu sempre te amei
e sempre amarei

Maior amor não tem um homem
Do que aquele que dá sua vida para provar
Que ele faria qualquer coisa
e isso é o que eu farei por você

Você não sabe que eu sempre te amei
Mesmo antes de haver tempo
Embora você tenha se afastado
Eu te digo ainda
Você não sabe que eu sempre te amei
e sempre amarei

Você não sabe que eu sempre te amei
Mesmo antes de haver tempo
Embora você tenha se afastado
Eu te digo ainda
Você não sabe que eu sempre te amei

Você não sabe que eu sempre te amei
Mesmo antes de haver tempo
Embora você tenha se afastado
Eu te digo ainda
Você não sabe que eu sempre te amei
e sempre amarei

Eu sempre te amei
e sempre amarei
Eu sempre te amei
e sempre amarei
eu sempre te amei
e eu sempre, e sempre será
Eu sempre te amei ....

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um vaso! Um vaso?

A exemplo do poema de Thiago de Melo "Os estatutos do homem"...fica decretado que em todas as casas existirá um vaso e que ele acolherá frequentemente a beleza, a originalidade, a simplicidade e a presença vibrante, depositadas ali, simbolicamente, em forma de galhos, folhas e pétalas.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Questão de escolha! Espernear ou arriscar?

Tudo a cada segundo depende de minha decisão.

Não é maravilhoso isso?

Que poder, hein?!

Dotada de razão e sensibilidade, posso construir conhecimento e iluminar minha vontade para melhor escolher, para escolher o que é bom, para mim e para os outros.

Sim, as coisas devem ser boas para todos, mesmo que a alguns não pareça bom ainda naquele momento, mesmo que alguns não consigam perceber o bem ainda.

Às vezes as decisões de uns não são mesmo boas para todos à princípio, mas aí, há ainda uma segunda chance de tudo dar certo, de tudo ser bom para todos. Qual é a chance?

É simples! Se para alguém a decisão do outro provocou um efeito aparentemente ou aprioristicamente negativo, esse alguém pode pegar o negativo e transformar em positivo, pois, nada é totalmente e/ou exclusivamente mau ou bom, então, pela lógica, posso do mau retirar algo de bom. Este é o segredo, o milagre, a dádiva que poucos enxergam ou poucos querem enxergar, afinal, dá trabalho transformar! rs Parece melhor esperar que alguém me dê o que acho que preciso, o que acho justo pra mim, o que quero caprichosamente!

Mordaz isto? Sim! E vou carregar mais ainda na impressão...é cáustico, ácido, áspero mesmo. Mas verdadeiro! Vivido na carne, na mente e no espírito! Garanto! (E pra quem gosta de categorias, de análise científica...Esta declaração é puro empirismo. Com pitadas de racionalismo, existencialismo e até misticismo.)

Há pouco mais de 10 anos alguém tomou uma decisão que me afetava diretamente. Levei muitos anos para perceber o bem que isso me traria. Por 2 anos fiquei na atitude pueril, vitimizada, engessada, "birrenta" como uma criança mal educada que esperneia dizendo "não vou, não quero, não faço", como se isso fosse comover alguém...rs. E como era de se esperar, nada consegui...rs. Foi aí que decidi me mover. Terapias, remédios, orações e uma boa dose de falta de medo...rs...ou uma boa dose de vontade de sentir a adrenalina nas veias, coisa que o risco provoca...rs. Parece lindo, mas vamos nomear esse quase Hino à coragem...rs...essa capacidade de correr riscos em mim chama-se transtorno bipolar no dna...rs...ainda bem que em mim os riscos precisam ser razoavelmente calculados...rs.

Então arrisquei conviver de novo, formar par, mas fomos apenas dois e não par. Sabe dança em baile de formatura da década de 90 e deste início de segundo milênio? Vou explicar melhor. Na década de 70 e 80, ainda dançava-se em par, um tinha que pegar na mão do outro pra dançar, era preciso o homem segurar e conduzir a mulher, era preciso a mulher se deixar conduzir e fazer-se leve, era preciso se tornar um par para coreografar no salão. Depois disso, a dança passou a ser individual, mesmo quando um está em frente ao outro, dançam, mas não se precisam pra coreografar, cada um dança como quer sem sofrer a ação da dança do outro quase. Isto é ser dois e não par. Dois é legal, mas par é maravilhoso, muito mais gracioso, gera muito mais possibilidades. E todo mundo quer mais possibilidades, variação, riqueza de detalhes e de movimentos, por isso o sucesso do quadro "Dança dos famosos" no programa do Faustão.

Cansada de viver a dois, achei melhor viver a uma...rs...mas logo lembrei que é pobre isso, e como tenho manias de grandeza, como sou às vezes megalomaníaca, como nunca me contentei com pouco, voltei às raízes e, bem, sonhei de novo com a possibilidade de formar um par.

Fui à luta. Desejei muito, com ardor, s e n t i como real a presença de um par. Imaginei cenas, v i s u a l i z e i minha felicidade estampada no rosto que ria solto e no corpo que rodava de braços abertos no ar, à minha volta uma luz de sol de verão. S e n t i aromas de temperos e perfumes de flores. V i s u a l i z e i um par. Arrisquei conversar. Arrisquei olhar. Arrisquei me aproximar. Arrisquei tocar. Arrisquei ouvir. Arrisquei falar. Arrisquei silenciar. Arrisquei apenas estar com. Arrisquei o pior, o mais difícil, o menos racional, o mais humano, o mais condenável pelos objetivos, o mais raro, o menos provável em tempos de alta modernidade, porque arrisquei c o n f i a r.

Confiando, estou tentando formar par. Não é fácil. Mas é possível, porque é uma questão de escolha livre, e livre porque é iluminada pela razão, que aponta as vantagens do par. Se o outro vai formar o par, ainda é cedo pra saber, mas as músicas que dançamos no baile dos primeiros dias já deu pra ter uma idéia de que temos muitas possibilidades de fazer não só o corpo dançar, mas também a alma, temos sincronismo, leveza, ritmo, criatividade, firmeza suficiente para certos movimentos e principalmente g o s t o pela inovação, pelo improviso, pela evolução, pela beleza, pelos detalhes, pela inteireza do par.

Para quem entende de humanidades, para quem entende de gêneros, para quem entende de vida vivida além do sofá ou dos livros, sabe que encontrei alguém que vale a pena sonhar de novo.

Bom isso, não? rs

Você também pode. Não fica esperneando não...rs...a vida passa.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A mente humana é sempre um perigo

Os gatilhos estão por aí no dia-a-dia...qualquer fato ou sequência de fatos podem ser compreendidos de forma distorcida, errada, exagerada ou minimizada em nossa mente.
CUIDADO!
Ninguém está livre da mente acionar gatilhos de desequilíbrio.
Estejamos atentos.
Convém respirar ritimadamente para desacelerar a mente ansiosa - que dessa forma cria imagens fantasiosas.
Convém buscar idéias positivas para substituir as negativas que são mais costumeiras.
Convém exercitar o giro de 360 graus com o pensamento, ver todas as possibilidades.
Convém ouvir os outros.
Convém tratar-se às vezes.
Convém afastar-se das pessoas antes de ser injusto.
Convém perceber seu erro de compreensão dos fatos.
Convém pedir perdão aos acusados indevidamente.
Convém tentar consertar o que é possível.
Convém evitar errar de novo.
Convém ainda dar uma chance a si mesmo, ao outro, à leitura dos fatos.
Convém ter esperança.
Convém se desarmar.
Convém arriscar construir o novo.
Mas nunca se sabe se convém ao outro participar desse caminho, dessa escola enquanto a gente erra.
Mesmo assim...
...preciso muito do seu perdão!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Atividade Volitiva

Toda atividade humana é originada ou tem por princípio um instinto (natureza inconsciente) ou a vontade (natureza reflexiva, livre e tendente ao bem).

1. NATUREZA DA VONTADE

1.1 A vontade é de natureza reflexiva: isto se diz porque conhece o fim a que tende, os meios de atingi-lo e as conseqüências desse fim.
1.2 A vontade é de natureza livre: isto se diz porque pode escolher entre os diferentes bens que a razão lhe propõe.
1.3 A vontade é tendente ao bem: isto porque só persegue o bem, o aspecto de bem que as coisas lhe apresentam.

2. ANÁLISE DO ATO VOLUNTÁRIO/LIVRE

O ato voluntário compreende 3 (três) fases:

2.1 Deliberação: momento em que se considera as alternativas, as razões pró e contra de cada uma delas. A vontade nesta fase, intervém, substituindo a atenção espontânea pela atenção refletida.
2.2 Decisão: momento em que se diz “eu quero”, em que se faz a escolha de um dos termos, de uma das alternativas e assim, encerra a deliberação. A vontade nesta fase é um ato positivo e refletido.
2.3 Execução: momento que se segue à escolha, em que se realiza a escolha. A vontade nesta fase põe em movimento as faculdades executivas, garante sua manutenção renovando a decisão inicial e repudiando as tendências instintivas que na deliberação se apresentaram e tentaram afastar a reflexão, a liberdade e a tendência ao bem.

3. ABULIAS/DOENÇAS DA VONTADE

3.1 Da Deliberação

3.1.1 Impulsividade: é o caso daqueles que são forçados a agir desta ou daquela forma pelo impulso, não conseguem refletir, portanto não são livres para querer.
3.1.2 Infinita deliberação/análise: é o caso dos que refletem demais, indefinidamente, levantam sem cessar os mesmos problemas, não conseguem resolver-se ou concluir a discussão.

3.2 Da Vontade

3.2.1 Veleidade/hesitação em decidir pelo que sabe que é melhor: é o caso dos que conseguem deliberar, saber o que é melhor, o que devem fazer, mas não conseguem querer fazê-lo. Ex. Sei que fumar faz mal, mas não decido parar.

3.3 Da Execução

3.3.1 Volubilidade/inconstância/fraqueza de manter a decisão/de realizá-la/de não abandoná-la: é o caso daqueles que escolhem, mas logo desistem, cedem às primeiras dificuldades, e até provocam essas dificuldades que assim os dispensará de ir até o fim de seu desejo.
3.3.2 A realização de uma escolha determinada apenas por uma obsessão quando deveria ser livre: é o caso daqueles que sofrem a ação de uma idéia fixa. A vontade neles está ausente, uma vez que a vontade consiste em ser senhor de sua escolha e não comandado por uma idéia repetitiva e constante.
3.3.3 A obstinação que, longe de significar força de vontade, é antes fruto de instintos de afirmação de si ou de contradição de outrem.

4. VONTADE LIVRE

É aquela escolha que substitui a obediência passiva às ordens dadas pela obediência às razões compreendidas.

5. EDUCAÇÀO DA VONTADE

5.1 Indireta: o que aperfeiçoa uma atividade humana repercute forçosamente nas outras.

5.1.1 Educação Física: os exercícios físicos exigem concentração de energia e contribuem para dar essas qualidades de resistência, de força, de sangue-frio, de coragem, de ousadia, que são as outras tantas manifestações da Vontade.
5.1.2 Educação Intelectual: o ato de vontade exige clareza e presteza no pensamento, e a ação será sempre tanto mais energicamente perseguida quanto melhor tenha sido preparada por uma reta razão e um juízo seguro. As convicções intelectuais profundas produzem normalmente as vontades fortes. Na origem de tudo que se faz de grande e de belo aqui na terra, há sempre poderosas paixões intelectuais.

5.2 Direta: o papel do educador aqui é esforçar-se para não incorrer em dois erros, o de ceder aos caprichos daquele a quem procura dar uma formação e o de reclamar uma obediência passiva.

5.2.1 Capricho: não passa de um impulso instintivo ao qual a criança não sabe, ou não quer opor-se. Cedendo sempre a suas fantasias, ensina-se-lhe a deixar-se dominar por eles, em lugar de ensinar a dominá-las. O capricho, em todas as idades é sinal de uma vontade frágil. Um homem enérgico controla sua impulsividade natural, sob pena de ser um joguete do determinismo interior das imagens.
5.2.2 Obediência passiva: A vontade é essencialmente uma atividade racional, e não se quer, verdadeiramente, senão aquilo que se conhece ou se compreende bem. É necessário aprender a obedecer, não tanto aquele que manda, quanto às razões de que é intérprete. É conveniente dedicar-se a compreender os motivos das ordens recebidas, desenvolvendo a atividade inteligente e pessoal. Desta forma se obedece, mas não passivamente, e sim às razòes agora compreendidas e aceitas - esta é a única obediência aceitável.

6. HÁBITO DA VONTADE

A Vontade pode, pelo exercício, adquirir facilidade e vigor. Para isso, pode ser útil impor-se a si mesmo atos ou tarefas difíceis. O exercício tonifica a vontade.


FONTE: JOLIVET, R. Curso de Filosofia. 16ª ed. Rio de Janeiro, Agir, 1986, p.206-212.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Diálogo - Parte 3: uma visão da teoria da comunicação

1. O homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os a uma outra pessoa. A palavra falada, a palavra escrita, os desenhos, os sinais de trânsito são alguns exemplos de comunicação, em que alguém transmite uma mensagem a outra pessoa. Há, então, um emissor e um receptor da mensagem. A mensagem é emitida a partir de diversos códigos de comunicação (palavras, gestos, desenhos, sinais de trânsito...). Qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual chamamos de canal de comunicação e refere-se a um contexto, a uma situação.

São, então, os seguintes elementos da comunicação:

Emissor: o que emite a mensagem;

Receptor: o que recebe a mensagem;

Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;

Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem;

Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar...;

Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente;

2. Na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem do dia-a-dia, usamos as palavras conforme as situações que nos são apresentadas. Por exemplo, quando alguém diz a frase "Isso é um castelo de areia", pode estar atribuindo a ela sentido denotativo ou conotativo. Denotativamente, significa "construção feita na areia da praia em forma de castelo"; conotativamente, significa "ocorrência incerta, sem solidez".

Temos, portanto, o seguinte:

Denotação: É o uso do signo em seu sentido real.

Conotação: É o uso do signo em sentido figurado, simbólico.

3. Para que seja cumprida a função social da linguagem no processo de comunicação, há necessidade de que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. Essa combinação de conceito e palavra é chamada de signo. O signo lingüístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas) chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado significado. Por exemplo, a "abóbora" é o significante - sozinha ela nada representa; com os olhos, o nariz e a boca, ela passa a ter o significado do Dia das Bruxas, do Halloween.

Temos, portanto, o seguinte:

Signo = significante + significado.

Significante = som ou letras impressas

Significado = idéia ou conceito (inteligível)

4. Funções da Linguagem:

O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, ou demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros; conseqüentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:

• Função Referencial
• Função Conativa
• Função Emotiva
• Função Metalingüística
• Função Fática
• Função Poética

Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e metalingüística ao mesmo tempo.


4.1 Função Referencial

Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica.

Ex.: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pêra.

O texto acima tem por objetivo informar o que contém a cesta, portanto sua função é referencial.


4. 2 Função Conativa

Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo, como "Compre aqui e concorra a este lindo carro".

"Compre aqui..." é a tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação de comprar ali.


4. 3 Função Emotiva

Quando o emissor demonstra seus sentimentos ou emite suas opiniões ou sensações a respeito de algum assunto ou pessoa, acontece a função emotiva, também chamada de expressiva.

Ex.: Nós o amamos muito, Romário!!


4. 4 Função Metalingüística

É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra.

Ex.: Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as idéias para o papel, sinto-me realizada...


4. 5 Função Fática

A função fática ocorre, quando o emissor testa o canal de comunicação, a fim de observar se está sendo entendido pelo receptor, ou seja, quando o emissor quebra a linearidade contida na comunicação. São perguntas como "não é mesmo?", "você está entendendo?", "cê tá ligado?", "ouviram?", ou frases como "alô!", "oi".

Ex.: Alô Houston! A missão foi cumprida, ok? Devo voltar à nave? Alguém me ouve? Alô!!


4. 6 Função Poética

É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares.
Ex.:

CLÍMAX
(Dílson Catarino)

No peito a mata
aperta o pranto
do olhar do louco
pra meia-lua.

O clímax da noite,
escorrendo orvalho como estrelas,
refletindo nas águas
da cachoeira gelada.

Cabeça caída, cabelos escorridos,
pêlos eriçados pela emoção nativista.
Segurem as florestas, mãos fortes,
decididas!

Ficar o vazio é não ter a noite
é não ter o clímax.
O clímax da vida!

DÍLSON CATARINO é professor de língua
portuguesa e poeta. Ele leciona em Londrina (PR).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_comunicacao.shtml

Frase do dia! rs

Estava meio desatenta em frente a TV, quer dizer, na verdade atenta a muitas coisas ao mesmo tempo, coisa que só o cérebro feminino é capaz de fazer...rs, quando ouvi uma frase com teor sentencial, perfil hilário e pretensamente reflexiva...rs...na telinha cena do programa "A vida alheia", Alberta, a personagem que é editora chefe da revista diz:

"Se você quiser saber o que Deus acha do dinheiro, é só ver para quem ele dá"!

Claro que a frase está carregada de despeito, afinal quem não tem desfaz sempre de quem tem...e isso é freudiano...rs, mas a frase é boa, criativa, tragi-cômica, debochada, irônica, enfim...divertidinha. Para entendê-la é preciso lembrar daquela outra velha conhecida... "Deus dá nozes a quem não tem dentes"!

Diálogo - Parte 2 - Uma visão psicológica

1. “O diálogo está centrado na comunicação ou no compartilhar de emoções...Seu objetivo não é resolver problemas, trocar idéias, fazer escolhas, dar e receber conselhos, fazer planos ou raciocinar sobre qualquer coisa. Tudo isso pertence ao terreno da discussão. O diálogo efetivo é um pré-requisito absolutamente essencial para discussões produtivas”

2. A suposição implícita no diálogo é que todos os sentimentos são reações muito naturais resultantes de inúmeras influências presentes ao longo de toda uma vida. Tais sentimentos podem ser estimulados por outra pessoa, mas nunca causados por ela. Não há problema em sentirmos o que quer que seja. O único perigo real ocorre quando ignoramos, negamos ou nos recusamos a expressar nossos sentimentos.

3. O diálogo verdadeiro caracteriza-se por um sentido de colaboração e não de competição. Ele só acontece quando há uma simples troca de sentimentos sem qualquer tentativa de analisar, racionalizar ou atribuir responsabilidades por estes sentimentos.

4. As pessoas que tentam dialogar devem, antes de qualquer coisa, escutar seus próprios motivos e podem considerar três possibilidades: a) Ventilação é a necessidade de colocar “para fora” emoções que possam ter se acumulado dentro de nós. A necessidade ocasional de tal ventilação é compreensível, mas ninguém quer ser usado sempre como um depósito de lixo ou como uma toalha de enxugar lágrimas. b) Manipulação é um modo ardiloso de pressionar o outro a satisfazer minhas necessidades. Quem ama pergunta, apenas: “O que eu posso fazer por você? O que é que você precisa que eu seja?” Quem manipula pergunta: “O que é que você pode fazer por mim?”. C) Comunicação é compartilhar seu verdadeiro eu e isto acontece quando se compartilha sentimentos.

5. O diálogo requer um ato de determinação: vou confiar em você. Não posso ter certeza. Talvez você me desaponte. Mas eu vou arriscar, vou lhe revelar meus sentimentos mais profundos porque quero lhe oferecer o que tenho de mais precioso...

6. A força da comunicação está na habilidade que a pessoa tem de ser totalmente honesta e totalmente cordial ao mesmo tempo. É verdade que um dos princípios essenciais do diálogo é que as emoções devem ser relatadas no momento em que estão sendo experienciadas e para a pessoa para a qual são dirigidas, ainda assim, a cordialidade deve estar presente em qualquer forma de comunicação.

7. Há outra maneira comum pela qual os julgamentos aparecem e destroem o diálogo – é quando acredito que você causou minhas emoções. O julgamento representa a morte para o diálogo verdadeiro. Além disso, os julgamentos que somos tentados a fazer geralmente envolvem uma crítica indireta e destrutiva que é fatal para as atitudes de auto-aceitação, auto-estima e auto-celebração do outro. E quando essas atitudes desaparecem, o amor se perde.

8. A disposição para o diálogo consiste, em resumo, no seguinte: Quero que você me conheça. Entro no diálogo à procura de compreensão mútua, e não à procura de Vitória.

9. No diálogo, a pessoa que fala deve, antes de qualquer coisa, tentar sentir suas emoções o mais profundamente possível. Isso a leva a descrevê-las de uma forma tão acurada que, quem escuta se torna capaz de sintonizar essas emoções.

10. A comunicação total pode ser dividida em três partes: a) Uma descrição resumida das influências físicas e subjetivas que podem estar afetando o seu estado emocional. Ex. “Estou muito cansado...” b) Os acontecimentos específicos do dia que estimularam as emoções que vão ser reveladas. Ex. “Eu vi esse filme e...” c) As emoções propriamente ditas.

11. Escutar, no diálogo, é prestar mais atenção aos significados do que às palavras. É ouvir mais com o coração do que com a cabeça. O diálogo em si é mais uma viagem do coração do que da cabeça.

12. Podemos suprimir a comunicação do outro também de maneira verbal ou não-verbal, e provavelmente fazemos isto quando nos sentimos ameaçados pelo diálogo. Posso dizer alguma coisa irônica ou destrutiva, ou posso sabotar sua comunicação de modos sutis e não-verbais. Posso bocejar, olhar para o relógio, apertar os dentes, franzir os olhos, levantar as sobrancelhas, recostar-me na cadeira, mudar o volume ou o tom de minha voz. Estarei me comunicando através de “sinais codificados”, e você saberá que há algo errado.

13. A questão mais espinhosa sobre o diálogo refere-se às emoções negativas. O que faço quando me sinto hostil em relação a você?

14. A maioria dos rompimentos que minam o diálogo se origina no que chamei de um “espírito ferido” e este pode recuperar sua saúde quase milagrosamente, através de algo quase mágico, um pedido simples, mas sincero: “Me perdoa?”.

15. Quando o diálogo é interrompido, o amor morre e nascem o ressentimento e o ódio. Mas o diálogo pode ressuscitar um relacionamento morto. Na verdade, este é o milagre do diálogo.


POWELL, J. O segredo do amor eterno. 2ª ed. Belo Horizonte: Crescer, 1988, p.123-188.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diálogo - Parte 1: Uma visão pedagógica

1. Diálogo é palavra. Palavra verdadeira é a interação de ação e reflexão, de maneira que sem ação é palavreria, verbalismo, blábláblá e sem reflexão é ativismo.

2. “Diálogo é palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens”.

3. Diálogo não é depositar idéias de um sujeito no outro; não é troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes; não é discussão guerreira, polêmica, entre sujeitos que não aspiram a comprometer-se com a pronúncia do mundo, nem a buscar a verdade, mas a impor a sua.

4. A conquista implícita no diálogo é a do mundo pelos sujeitos dialógicos, não a de um pelo outro. Conquista do mundo para a libertação dos homens.

5. O diálogo só é possível se há profundo amor ao mundo e aos homens, porque é ato de coragem, de compromisso com sua libertação.

6. O diálogo só é possível se há humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? Se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros “isto”, em quem não reconheço outros eu? Se me sinto participante de um gueto de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são “essa gente”, ou são “nativos inferiores”? Se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar? Se me fecho a contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela? Se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho? O diálogo é lugar de encontro, onde não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais.

7. O diálogo só é possível se há uma intensa fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e recriar, fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens.

8. O diálogo fundado no Amor, na humildade e na fé nos homens se faz numa relação horizontal, em que a confiança é a conseqüência óbvia e implica o testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas intenções, assim como a confiança deixa de existir se o sujeito fala em humanismo e nega os homens.

9. O diálogo só é possível se há esperança, o que leva o homem a uma eterna busca de justiça, de ser mais.

10. O diálogo só é possível se há um pensar crítico, que reconhece uma inquebrantável solidariedade entre mundo – homens, que concebe a realidade como processo, como um constante devenir.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p.77 a 83.