domingo, 27 de junho de 2010

Prefiro ver o amor

Hoje é mais um dia de luta...diabinhos e anjinhos...lobo bom e lobo mau...águia e leão...os opostos...os coniventes...os contraditórios e complementares...desejos e deveres...o mais e o menos...o Id e o Superego...
Enfim...o Ego fica abatido...desgasta-se...cansa de avaliar, balançar, balizar, medir, discernir, indicar, sugerir, decretar...rende-se à desordem ou ao stand by.
Quando se chega neste limite...que venha Deus!...e nesta hora se quer que Deus seja mesmo determinista como muitos acreditam...mas Ele não tolhe a liberdade do homem...que pena às vezes, não?...rsrs...Deus confia demais no ser humano...e nós nem sempre correspondemos, nem sempre somos confiáveis...mas quando o ser humano confia Nele...e repete incessantemente "Senhor Jesus Cristo tende piedade de mim!" (oração do Peregrino Russo)...e também "Senhor Jesus Cristo tende piedade do (a)..." Deus vem!...aí os diabinhos são amordaçados...os desejos compulsivos são revertidos e transformados...O Id e o Superego equilibrados...o Ego fortalecido...a Graça derramada...a liberdade instalada...a paz restaurada, mesmo que lentamente e não sem esforço.
Por trás da roupagem indevida do desejo...das reflexões...análises...avaliações...decisões...indecisões...justificativas...racionalizações...há um ponto de clareza...de verdade...de realismo...de naturalidade...de compreensão...o desejo é válido e aceitável!...se não por sua forma, totalmente por suas razões...
O que se sabe é que a luta interna do ser por causa do desejo e do dever se dá porque apenas se quer vivo...visto...percebido...reconhecido...bem ou mal, existente...um ser que existe para o outro...não só para si...e isto nunca será o bastante...isto nunca será o suficiente...por causa da obviedade da natureza relacional humana...loucura seria pensar, ou desejar, ou recomendar que se possa existir só para o espelho...que não se queira se ver refletido em outra íris, ou sua íris refletir o outro.
O que se sabe até aqui é que há conflito entre o objeto, a forma e as razões do desejo...que a equação perfeita está sendo buscada...e que a fórmula mais conhecida e usada pelas pessoas é temerária...incompleta...porque limitada à dimensão corpórea...embora esta também faça parte da resposta sem dúvida...
Quando o desejo não corresponde ao dever, o que se propõe é a utilização de outros caminhos...sublimação diria Freud...condicionamento diriam os behavioristas...mortificação os ascetas...
O que se sabe, o que se quer e o que deve ser feito...para o bem de todos...por todos...em todos os tempos...de todas as formas...é simples e complexo...fácil e difícil...mas possível..."amar ao próximo como a ti mesmo"...e "amar a Deus sobre todas as coisas" inclusive no próximo...
E como traduzir e concretizar isto? No dia-a-dia dos conflitos...dos quereres...das precisões, carências, faltas, ausências...no dia-a-dia das realidades tão humanas...por isso tão frágeis...tão únicas...tão dignas...tão legítimas...tão particulares e tão públicas...tão singulares e tão coletivas...tão intensas ou tão suaves...tão minhas e tão suas...?
É preciso que a solução encontrada seja boa para todos...se for apenas para alguns...não será válida...é preciso que a solução seja justa...equilibrada...construtiva...ampla...duradoura...que reverbere inclusive...que ecoe...que retorne...que refaça...que cure...que melhore...que avance...que cresça...que não reduza...que não assombre...que não intimide...que não culpe...que não acuse...que não julgue...que não suje...que não inverta...que nao minimize o bem...que não aumente o mal...que não engesse...que não mate...que não impeça de viver...a solução é sempre amar...e amar é muitas vezes não realizar o desejo indevido.