terça-feira, 27 de julho de 2010

A mente humana é sempre um perigo

Os gatilhos estão por aí no dia-a-dia...qualquer fato ou sequência de fatos podem ser compreendidos de forma distorcida, errada, exagerada ou minimizada em nossa mente.
CUIDADO!
Ninguém está livre da mente acionar gatilhos de desequilíbrio.
Estejamos atentos.
Convém respirar ritimadamente para desacelerar a mente ansiosa - que dessa forma cria imagens fantasiosas.
Convém buscar idéias positivas para substituir as negativas que são mais costumeiras.
Convém exercitar o giro de 360 graus com o pensamento, ver todas as possibilidades.
Convém ouvir os outros.
Convém tratar-se às vezes.
Convém afastar-se das pessoas antes de ser injusto.
Convém perceber seu erro de compreensão dos fatos.
Convém pedir perdão aos acusados indevidamente.
Convém tentar consertar o que é possível.
Convém evitar errar de novo.
Convém ainda dar uma chance a si mesmo, ao outro, à leitura dos fatos.
Convém ter esperança.
Convém se desarmar.
Convém arriscar construir o novo.
Mas nunca se sabe se convém ao outro participar desse caminho, dessa escola enquanto a gente erra.
Mesmo assim...
...preciso muito do seu perdão!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Atividade Volitiva

Toda atividade humana é originada ou tem por princípio um instinto (natureza inconsciente) ou a vontade (natureza reflexiva, livre e tendente ao bem).

1. NATUREZA DA VONTADE

1.1 A vontade é de natureza reflexiva: isto se diz porque conhece o fim a que tende, os meios de atingi-lo e as conseqüências desse fim.
1.2 A vontade é de natureza livre: isto se diz porque pode escolher entre os diferentes bens que a razão lhe propõe.
1.3 A vontade é tendente ao bem: isto porque só persegue o bem, o aspecto de bem que as coisas lhe apresentam.

2. ANÁLISE DO ATO VOLUNTÁRIO/LIVRE

O ato voluntário compreende 3 (três) fases:

2.1 Deliberação: momento em que se considera as alternativas, as razões pró e contra de cada uma delas. A vontade nesta fase, intervém, substituindo a atenção espontânea pela atenção refletida.
2.2 Decisão: momento em que se diz “eu quero”, em que se faz a escolha de um dos termos, de uma das alternativas e assim, encerra a deliberação. A vontade nesta fase é um ato positivo e refletido.
2.3 Execução: momento que se segue à escolha, em que se realiza a escolha. A vontade nesta fase põe em movimento as faculdades executivas, garante sua manutenção renovando a decisão inicial e repudiando as tendências instintivas que na deliberação se apresentaram e tentaram afastar a reflexão, a liberdade e a tendência ao bem.

3. ABULIAS/DOENÇAS DA VONTADE

3.1 Da Deliberação

3.1.1 Impulsividade: é o caso daqueles que são forçados a agir desta ou daquela forma pelo impulso, não conseguem refletir, portanto não são livres para querer.
3.1.2 Infinita deliberação/análise: é o caso dos que refletem demais, indefinidamente, levantam sem cessar os mesmos problemas, não conseguem resolver-se ou concluir a discussão.

3.2 Da Vontade

3.2.1 Veleidade/hesitação em decidir pelo que sabe que é melhor: é o caso dos que conseguem deliberar, saber o que é melhor, o que devem fazer, mas não conseguem querer fazê-lo. Ex. Sei que fumar faz mal, mas não decido parar.

3.3 Da Execução

3.3.1 Volubilidade/inconstância/fraqueza de manter a decisão/de realizá-la/de não abandoná-la: é o caso daqueles que escolhem, mas logo desistem, cedem às primeiras dificuldades, e até provocam essas dificuldades que assim os dispensará de ir até o fim de seu desejo.
3.3.2 A realização de uma escolha determinada apenas por uma obsessão quando deveria ser livre: é o caso daqueles que sofrem a ação de uma idéia fixa. A vontade neles está ausente, uma vez que a vontade consiste em ser senhor de sua escolha e não comandado por uma idéia repetitiva e constante.
3.3.3 A obstinação que, longe de significar força de vontade, é antes fruto de instintos de afirmação de si ou de contradição de outrem.

4. VONTADE LIVRE

É aquela escolha que substitui a obediência passiva às ordens dadas pela obediência às razões compreendidas.

5. EDUCAÇÀO DA VONTADE

5.1 Indireta: o que aperfeiçoa uma atividade humana repercute forçosamente nas outras.

5.1.1 Educação Física: os exercícios físicos exigem concentração de energia e contribuem para dar essas qualidades de resistência, de força, de sangue-frio, de coragem, de ousadia, que são as outras tantas manifestações da Vontade.
5.1.2 Educação Intelectual: o ato de vontade exige clareza e presteza no pensamento, e a ação será sempre tanto mais energicamente perseguida quanto melhor tenha sido preparada por uma reta razão e um juízo seguro. As convicções intelectuais profundas produzem normalmente as vontades fortes. Na origem de tudo que se faz de grande e de belo aqui na terra, há sempre poderosas paixões intelectuais.

5.2 Direta: o papel do educador aqui é esforçar-se para não incorrer em dois erros, o de ceder aos caprichos daquele a quem procura dar uma formação e o de reclamar uma obediência passiva.

5.2.1 Capricho: não passa de um impulso instintivo ao qual a criança não sabe, ou não quer opor-se. Cedendo sempre a suas fantasias, ensina-se-lhe a deixar-se dominar por eles, em lugar de ensinar a dominá-las. O capricho, em todas as idades é sinal de uma vontade frágil. Um homem enérgico controla sua impulsividade natural, sob pena de ser um joguete do determinismo interior das imagens.
5.2.2 Obediência passiva: A vontade é essencialmente uma atividade racional, e não se quer, verdadeiramente, senão aquilo que se conhece ou se compreende bem. É necessário aprender a obedecer, não tanto aquele que manda, quanto às razões de que é intérprete. É conveniente dedicar-se a compreender os motivos das ordens recebidas, desenvolvendo a atividade inteligente e pessoal. Desta forma se obedece, mas não passivamente, e sim às razòes agora compreendidas e aceitas - esta é a única obediência aceitável.

6. HÁBITO DA VONTADE

A Vontade pode, pelo exercício, adquirir facilidade e vigor. Para isso, pode ser útil impor-se a si mesmo atos ou tarefas difíceis. O exercício tonifica a vontade.


FONTE: JOLIVET, R. Curso de Filosofia. 16ª ed. Rio de Janeiro, Agir, 1986, p.206-212.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Diálogo - Parte 3: uma visão da teoria da comunicação

1. O homem, na comunicação, utiliza-se de sinais devidamente organizados, emitindo-os a uma outra pessoa. A palavra falada, a palavra escrita, os desenhos, os sinais de trânsito são alguns exemplos de comunicação, em que alguém transmite uma mensagem a outra pessoa. Há, então, um emissor e um receptor da mensagem. A mensagem é emitida a partir de diversos códigos de comunicação (palavras, gestos, desenhos, sinais de trânsito...). Qualquer mensagem precisa de um meio transmissor, o qual chamamos de canal de comunicação e refere-se a um contexto, a uma situação.

São, então, os seguintes elementos da comunicação:

Emissor: o que emite a mensagem;

Receptor: o que recebe a mensagem;

Mensagem: o conjunto de informações transmitidas;

Código: a combinação de signos utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só se concretizará, se o receptor souber decodificar a mensagem;

Canal de Comunicação: por onde a mensagem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas vocais, ar...;

Contexto: a situação a que a mensagem se refere, também chamado de referente;

2. Na linguagem coloquial, ou seja, na linguagem do dia-a-dia, usamos as palavras conforme as situações que nos são apresentadas. Por exemplo, quando alguém diz a frase "Isso é um castelo de areia", pode estar atribuindo a ela sentido denotativo ou conotativo. Denotativamente, significa "construção feita na areia da praia em forma de castelo"; conotativamente, significa "ocorrência incerta, sem solidez".

Temos, portanto, o seguinte:

Denotação: É o uso do signo em seu sentido real.

Conotação: É o uso do signo em sentido figurado, simbólico.

3. Para que seja cumprida a função social da linguagem no processo de comunicação, há necessidade de que as palavras tenham um significado, ou seja, que cada palavra represente um conceito. Essa combinação de conceito e palavra é chamada de signo. O signo lingüístico une um elemento concreto, material, perceptível (um som ou letras impressas) chamado significante, a um elemento inteligível (o conceito) ou imagem mental, chamado significado. Por exemplo, a "abóbora" é o significante - sozinha ela nada representa; com os olhos, o nariz e a boca, ela passa a ter o significado do Dia das Bruxas, do Halloween.

Temos, portanto, o seguinte:

Signo = significante + significado.

Significante = som ou letras impressas

Significado = idéia ou conceito (inteligível)

4. Funções da Linguagem:

O emissor, ao transmitir uma mensagem, sempre tem um objetivo: informar algo, ou demonstrar seus sentimentos, ou convencer alguém a fazer algo, entre outros; conseqüentemente, a linguagem passa a ter uma função, que são as seguintes:

• Função Referencial
• Função Conativa
• Função Emotiva
• Função Metalingüística
• Função Fática
• Função Poética

Obs.: Em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente: uma poesia em que o autor discorra sobre o que ele sente ao escrever poesias tem as linguagens poética, emotiva e metalingüística ao mesmo tempo.


4.1 Função Referencial

Quando o objetivo do emissor é informar, ocorre a função referencial, também chamada de denotativa ou de informativa. São exemplos de função denotativa a linguagem jornalística e a científica.

Ex.: Numa cesta de vime temos um cacho de uvas, duas laranjas, dois limões, uma maçã verde, uma maçã vermelha e uma pêra.

O texto acima tem por objetivo informar o que contém a cesta, portanto sua função é referencial.


4. 2 Função Conativa

Ocorre a função conativa, ou apelativa, quando o emissor tenta convencer o receptor a praticar determinada ação. É comum o uso do verbo no Imperativo, como "Compre aqui e concorra a este lindo carro".

"Compre aqui..." é a tentativa do emissor de convencer o receptor a praticar a ação de comprar ali.


4. 3 Função Emotiva

Quando o emissor demonstra seus sentimentos ou emite suas opiniões ou sensações a respeito de algum assunto ou pessoa, acontece a função emotiva, também chamada de expressiva.

Ex.: Nós o amamos muito, Romário!!


4. 4 Função Metalingüística

É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que explicam o significado de outra palavra.

Ex.: Escrevo porque gosto de escrever. Ao passar as idéias para o papel, sinto-me realizada...


4. 5 Função Fática

A função fática ocorre, quando o emissor testa o canal de comunicação, a fim de observar se está sendo entendido pelo receptor, ou seja, quando o emissor quebra a linearidade contida na comunicação. São perguntas como "não é mesmo?", "você está entendendo?", "cê tá ligado?", "ouviram?", ou frases como "alô!", "oi".

Ex.: Alô Houston! A missão foi cumprida, ok? Devo voltar à nave? Alguém me ouve? Alô!!


4. 6 Função Poética

É a linguagem das obras literárias, principalmente das poesias, em que as palavras são escolhidas e dispostas de maneira que se tornem singulares.
Ex.:

CLÍMAX
(Dílson Catarino)

No peito a mata
aperta o pranto
do olhar do louco
pra meia-lua.

O clímax da noite,
escorrendo orvalho como estrelas,
refletindo nas águas
da cachoeira gelada.

Cabeça caída, cabelos escorridos,
pêlos eriçados pela emoção nativista.
Segurem as florestas, mãos fortes,
decididas!

Ficar o vazio é não ter a noite
é não ter o clímax.
O clímax da vida!

DÍLSON CATARINO é professor de língua
portuguesa e poeta. Ele leciona em Londrina (PR).

http://www1.folha.uol.com.br/folha/fovest/teoria_comunicacao.shtml

Frase do dia! rs

Estava meio desatenta em frente a TV, quer dizer, na verdade atenta a muitas coisas ao mesmo tempo, coisa que só o cérebro feminino é capaz de fazer...rs, quando ouvi uma frase com teor sentencial, perfil hilário e pretensamente reflexiva...rs...na telinha cena do programa "A vida alheia", Alberta, a personagem que é editora chefe da revista diz:

"Se você quiser saber o que Deus acha do dinheiro, é só ver para quem ele dá"!

Claro que a frase está carregada de despeito, afinal quem não tem desfaz sempre de quem tem...e isso é freudiano...rs, mas a frase é boa, criativa, tragi-cômica, debochada, irônica, enfim...divertidinha. Para entendê-la é preciso lembrar daquela outra velha conhecida... "Deus dá nozes a quem não tem dentes"!

Diálogo - Parte 2 - Uma visão psicológica

1. “O diálogo está centrado na comunicação ou no compartilhar de emoções...Seu objetivo não é resolver problemas, trocar idéias, fazer escolhas, dar e receber conselhos, fazer planos ou raciocinar sobre qualquer coisa. Tudo isso pertence ao terreno da discussão. O diálogo efetivo é um pré-requisito absolutamente essencial para discussões produtivas”

2. A suposição implícita no diálogo é que todos os sentimentos são reações muito naturais resultantes de inúmeras influências presentes ao longo de toda uma vida. Tais sentimentos podem ser estimulados por outra pessoa, mas nunca causados por ela. Não há problema em sentirmos o que quer que seja. O único perigo real ocorre quando ignoramos, negamos ou nos recusamos a expressar nossos sentimentos.

3. O diálogo verdadeiro caracteriza-se por um sentido de colaboração e não de competição. Ele só acontece quando há uma simples troca de sentimentos sem qualquer tentativa de analisar, racionalizar ou atribuir responsabilidades por estes sentimentos.

4. As pessoas que tentam dialogar devem, antes de qualquer coisa, escutar seus próprios motivos e podem considerar três possibilidades: a) Ventilação é a necessidade de colocar “para fora” emoções que possam ter se acumulado dentro de nós. A necessidade ocasional de tal ventilação é compreensível, mas ninguém quer ser usado sempre como um depósito de lixo ou como uma toalha de enxugar lágrimas. b) Manipulação é um modo ardiloso de pressionar o outro a satisfazer minhas necessidades. Quem ama pergunta, apenas: “O que eu posso fazer por você? O que é que você precisa que eu seja?” Quem manipula pergunta: “O que é que você pode fazer por mim?”. C) Comunicação é compartilhar seu verdadeiro eu e isto acontece quando se compartilha sentimentos.

5. O diálogo requer um ato de determinação: vou confiar em você. Não posso ter certeza. Talvez você me desaponte. Mas eu vou arriscar, vou lhe revelar meus sentimentos mais profundos porque quero lhe oferecer o que tenho de mais precioso...

6. A força da comunicação está na habilidade que a pessoa tem de ser totalmente honesta e totalmente cordial ao mesmo tempo. É verdade que um dos princípios essenciais do diálogo é que as emoções devem ser relatadas no momento em que estão sendo experienciadas e para a pessoa para a qual são dirigidas, ainda assim, a cordialidade deve estar presente em qualquer forma de comunicação.

7. Há outra maneira comum pela qual os julgamentos aparecem e destroem o diálogo – é quando acredito que você causou minhas emoções. O julgamento representa a morte para o diálogo verdadeiro. Além disso, os julgamentos que somos tentados a fazer geralmente envolvem uma crítica indireta e destrutiva que é fatal para as atitudes de auto-aceitação, auto-estima e auto-celebração do outro. E quando essas atitudes desaparecem, o amor se perde.

8. A disposição para o diálogo consiste, em resumo, no seguinte: Quero que você me conheça. Entro no diálogo à procura de compreensão mútua, e não à procura de Vitória.

9. No diálogo, a pessoa que fala deve, antes de qualquer coisa, tentar sentir suas emoções o mais profundamente possível. Isso a leva a descrevê-las de uma forma tão acurada que, quem escuta se torna capaz de sintonizar essas emoções.

10. A comunicação total pode ser dividida em três partes: a) Uma descrição resumida das influências físicas e subjetivas que podem estar afetando o seu estado emocional. Ex. “Estou muito cansado...” b) Os acontecimentos específicos do dia que estimularam as emoções que vão ser reveladas. Ex. “Eu vi esse filme e...” c) As emoções propriamente ditas.

11. Escutar, no diálogo, é prestar mais atenção aos significados do que às palavras. É ouvir mais com o coração do que com a cabeça. O diálogo em si é mais uma viagem do coração do que da cabeça.

12. Podemos suprimir a comunicação do outro também de maneira verbal ou não-verbal, e provavelmente fazemos isto quando nos sentimos ameaçados pelo diálogo. Posso dizer alguma coisa irônica ou destrutiva, ou posso sabotar sua comunicação de modos sutis e não-verbais. Posso bocejar, olhar para o relógio, apertar os dentes, franzir os olhos, levantar as sobrancelhas, recostar-me na cadeira, mudar o volume ou o tom de minha voz. Estarei me comunicando através de “sinais codificados”, e você saberá que há algo errado.

13. A questão mais espinhosa sobre o diálogo refere-se às emoções negativas. O que faço quando me sinto hostil em relação a você?

14. A maioria dos rompimentos que minam o diálogo se origina no que chamei de um “espírito ferido” e este pode recuperar sua saúde quase milagrosamente, através de algo quase mágico, um pedido simples, mas sincero: “Me perdoa?”.

15. Quando o diálogo é interrompido, o amor morre e nascem o ressentimento e o ódio. Mas o diálogo pode ressuscitar um relacionamento morto. Na verdade, este é o milagre do diálogo.


POWELL, J. O segredo do amor eterno. 2ª ed. Belo Horizonte: Crescer, 1988, p.123-188.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diálogo - Parte 1: Uma visão pedagógica

1. Diálogo é palavra. Palavra verdadeira é a interação de ação e reflexão, de maneira que sem ação é palavreria, verbalismo, blábláblá e sem reflexão é ativismo.

2. “Diálogo é palavra verdadeira, que é trabalho, que é práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é privilégio de alguns homens, mas direito de todos os homens”.

3. Diálogo não é depositar idéias de um sujeito no outro; não é troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes; não é discussão guerreira, polêmica, entre sujeitos que não aspiram a comprometer-se com a pronúncia do mundo, nem a buscar a verdade, mas a impor a sua.

4. A conquista implícita no diálogo é a do mundo pelos sujeitos dialógicos, não a de um pelo outro. Conquista do mundo para a libertação dos homens.

5. O diálogo só é possível se há profundo amor ao mundo e aos homens, porque é ato de coragem, de compromisso com sua libertação.

6. O diálogo só é possível se há humildade. Como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? Se me admito como um homem diferente, virtuoso por herança, diante dos outros, meros “isto”, em quem não reconheço outros eu? Se me sinto participante de um gueto de homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos os que estão fora são “essa gente”, ou são “nativos inferiores”? Se parto de que a pronúncia do mundo é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na história é sinal de sua deterioração que devo evitar? Se me fecho a contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela? Se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho? O diálogo é lugar de encontro, onde não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais.

7. O diálogo só é possível se há uma intensa fé nos homens, no seu poder de fazer e de refazer, de criar e recriar, fé na sua vocação de ser mais, que não é privilégio de alguns eleitos, mas direito dos homens.

8. O diálogo fundado no Amor, na humildade e na fé nos homens se faz numa relação horizontal, em que a confiança é a conseqüência óbvia e implica o testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas intenções, assim como a confiança deixa de existir se o sujeito fala em humanismo e nega os homens.

9. O diálogo só é possível se há esperança, o que leva o homem a uma eterna busca de justiça, de ser mais.

10. O diálogo só é possível se há um pensar crítico, que reconhece uma inquebrantável solidariedade entre mundo – homens, que concebe a realidade como processo, como um constante devenir.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ªed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p.77 a 83.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Obrigada Daddy!

Há pessoas que nos roubam...
Há pessoas que nos devolvem...!
(Pe. Fábio de Melo)

http://www.pensador.info/autor/Padre_Fabio_de_Melo/

É interessante perceber que estamos fadados ao bem que Deus quer pra nós. Os caminhos que cada um escolhe ou lhe são impostos durante a vida pouco importa pra Deus...Ele usa tudo a favor dos Seus planos, ou seja, garantir o nosso bem.

É interessante perceber ainda, que as pessoas que nos roubam de nós mesmos estão fadadas a passar e efetivamente passam.

Nesse momento vem Deus e permite chegar, ou, às vezes "atira" (rsrs) mesmo no caminho da gente, alguém pra nos devolver a nós mesmos. Alguém capaz de respeitar profundamente quem somos. Alguém que afinal aprendeu a se respeitar primeiramente. Alguém de uma beleza pessoal ímpar. Alguém de um brilho vibrante no olhar. Alguém de uma energia impetuosa. Alguém de uma forte estrutura humana. Alguém de uma sensibilidade densa e paradoxalmente fluida. Alguém que se constrói apesar de tudo, com tudo e por tudo que é vivido. Alguém que não foge pela tangente por motivo vil. Alguém que arrisca com os pés no chão. Alguém que sonha, planeja e realiza com obstinação. Alguém que ao mesmo tempo nos faz um inusitado convite e nos impõe implicitamente uma imensa responsabilidade - a de caminhar junto alargando horizontes, fortalecendo as asas e comemorando as conquistas.

Do que já observei de Deus, Ele tem se mostrado assim: calmo às vezes, lento até, sutil, tipo "bebe quieto", mas também frenético e extravagante quando necessário, tipo "surtado mesmo"! Deus em sua ética de profundo respeito à liberdade que nos deu, fica à espreita e aproveita qualquer brecha, qualquer oportunidade, qualquer "oizinho" que lhe damos para "bater sua varinha mágica", "espalhar seu pó mágico". Opa! Quis dizer, fazer seus milagrinhos, derramar suas graças e bênçãos.

Como andei dando umas brechas, uns "oizinhos" pra Deus, não posso deixar de dizer:

Obrigada Daddy!

P.S. Continue alerta, à espreita, e me larga não, porque quem o Sr. me "atirou" no caminho merece o melhor!

Alguém que esteja lendo pode pensar... "Ela sempre foi exagerada"! E eu posso responder... "Você não tem referencial para avaliar o impacto desse encontro"!
Mas outro que esteja lendo pode pensar... "Que encontro especial"! E eu devo completar..."Nós podemos esquecer o que nos disseram ou o que nos fizeram, mas nunca como nos fizeram sentir"!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vila Sésamo

Gente! Olha só o que achei!!
Estava eu e minha filha assoviando a singela música de abertura do programa infantil de televisão "Vila Sésamo", que aliás ela não assistiu...rs...privilégio apenas de quem tem mais de 40...rs...porque era da década de 70...não resisti...busquei...achei...e trouxe para todos. Observem bem os artistas...alguns estão na telinha em horário nobre até hoje, como Aracy Balabanian. Também estavam lá Sônia Braga e Milton Gonçalves. Curtam essa. É com carinho.

domingo, 18 de julho de 2010

Nada suave hoje

"Diabo do Inferno"!!! Essa é uma das formas que uso pra exorcizar, mas quem não me ouviu dizer não consegue imaginar, dimensionar com que força isso sai das entranhas. Como uma nota forte a ser emitida pelas cordas vocais, é preciso que o diafragma contraia e expulse o ar com precisão de ataque para não atrasar, para não falhar, para ser impactante e, neste caso, mais precisamente, para "vomitar" o que incomoda dentro.

Às vezes, é necessário usar outra forma de exorcizar em sequência, dizendo um sonoro "Mas que merda"!!! , o que só funciona se for com o sotaque peculiar dos cariocas...em que o mas vira mais e o "r" fica carregado, acentuado porque a língua bate mais atrás no palato.

Tudo isso pra espantar os medos, as tentativas refinadas de autosabotagem, a covardia e até a quase paralisia confortável que impede de ir adiante naquilo que se quer, que se sonha e para o que se exercitou tanto ao longo da vida - amar de corpo e alma! Mas a questão do medo não é essa.

Não há medo em amar de corpo e alma, amar por inteiro, amar verdadeiramente até às últimas consequências, amar para sempre.

O medo imobilizador é...dizer quem sou a quem é tão grande, tão forte, tão capaz, tão criterioso, tão desnudo, tão livre, tão firme, tão surpreendente, tão avassalador, tão intenso e tão sutil.

"Tenho medo de lhe dizer quem sou porque, se eu lhe disser quem sou, você pode não gostar, e isso é tudo que tenho." (Powell, 2001)

Já me expus algumas poucas vezes, mas não foi fácil perceber em algumas delas a indiferença, o descaso, ou o não gostar mesmo. Por outro lado, deveria me alimentar das experiências de ter sido vista, acolhida, querida, mas a insegurança toma conta quando o outro é importante demais.

"Se você for honesto comigo, me contar suas vitórias e fracassos, sofrimentos e alegrias, isso vai me ajudar a encarar minhas próprias coisas e a me tornar uma pessoa inteira." (Powell, 2001)

Curioso perceber que sempre usei a ferramenta da franqueza primeiro, pra abrir caminhos verdadeiros com as pessoas, mas agora vejo que ela não oferece garantia como o autor prometia e eu acreditava, porque agora sou eu a sofrer a ação da franqueza do outro e mesmo sabendo que é o único caminho da inteireza, está difícil "abrir o jogo" das minhas coisas, uma vez que o outro é quem mais quero perto, quem passei a admirar, quem valorizo muito, quem me é caro, quem acabei deixando se agigantar perto de mim, porque vejo além da sua humanidade também o sagrado que habita nele.

Será preciso enfrentar meu medo - o único e real problema, empecilho ou força contrária - pra conviver feliz fazendo feliz. Quando, e se isto for superado, não haverá nada e ninguém capaz de se interpor e impedir o que nos é direito - a felicidade de amar e ser amado...na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a eternidade nos leve.

"Senhor Jesus Cristo
tende piedade de mim!"


Referência:
POWELL, j. Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? 19ª ed. Belo Horizonte: Crescer, 2001, p.11 e 100.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Situação limite - Parte 2: Revelation

Outra música que ouvia no trajeto casa/trabalho e que me servia de conversa com Deus era "Revelation" também da banda Third Day (abaixo), além de "Call my name" (postada em 12/05/10) e de "Offering" (postada em 02/05/10).



REVELATION

My life,
Has led me down the road that’s so uncertain
And now I am left alone and I am broken,
Trying to find my way,
Trying to find the faith that’s gone
This time,
I know that you are holding all the answers
I’m tired of losing hope and taking chances,
On roads that never seem,
To be the ones that bring me home

Give me a revelation,
Show me what to do
Cause I’ve been trying to find my way,
I haven’t got a clue
Tell me should I stay here,
Or do I need to move
Give me a revelation
I’ve got nothing without You
I’ve got nothing without You

My life,
Has led me down this path that’s ever winding
Through every twist and turn I’m always finding,
That I am lost again (I am lost again)
Tell me when this road will ever end

Give me a revelation,
Show me what to do
Cause I’ve been trying to find my way,
I haven’t got a clue
Tell me should I stay here,
Or do I need to move
Give me a revelation
I’ve got nothing without You
I’ve got nothing without…

I don’t know where I can turn
Tell me when will I learn
Won’t You show me where I need to go
Oh oh
Let me follow Your lead,
I know that it’s the only way that I can get back home

Give me a revelation,
Show me what to do
Cause I’ve been trying to find my way,
I haven’t got a clue
Tell me should I stay here,
Or do I need to move
Give me a revelation
I’ve got nothing without You
I’ve got nothing without You

Oh, give me a revelation…

I’ve got nothing without You
I’ve got nothing without You

REVELAÇÃO

Minha vida
me trouxe a uma estrada que é tão incerta
Agora fui deixado sozinho e estou em pedaços
Tentando achar meu caminho
Tentando achar a fé perdida
Neste instante,
Eu sei que tu estás guardando todas as respostas
Estou cansado de perder esperança e oportunidades
Em estradas que nunca parecem
Ser as que me trazem para casa

Me dá uma revelação
Me mostra o que fazer
Porque eu tenho tentado achar meu caminho
Não tenho uma pista
Me fale se eu deveria estar aqui
Ou se preciso me mover
Me dá uma revelação
Eu não tenho nada sem Ti
Eu não tenho nada sem Ti

Minha vida,
Me trouxe a este caminho que é sempre sinuoso
Por cada guinada e curva, estou sempre achando
Que me perdi novamente
Me fale quando esta estrada terminará

Me dá uma revelação
Me mostra o que fazer
Porque eu tenho tentado achar meu caminho
Não tenho uma pista
Me fale se eu deveria estar aqui
Ou se preciso me mover
Me dá uma revelação
Eu não tenho nada sem Ti
Eu não tenho nada sem Ti

Eu não sei onde eu posso virar
Me fale, quando eu irei aprender?
Você não vai me mostrar onde eu preciso ir?
Oh oh
Me deixe seguir a Tua direção
Eu sei que ela é a única maneira que eu possa voltar para casa

Me dá uma revelação
Me mostra o que fazer
Porque eu tenho tentado achar meu caminho
Não tenho uma pista
Me fale se eu deveria estar aqui
Ou se preciso me mover
Me dá uma revelação
Eu não tenho nada sem Ti
Eu não tenho nada sem Ti

Oh, Me dá uma revelação...

Eu não tenho nada sem Ti
Eu não tenho nada sem Ti

Fonte: http://letras.terra.com.br/third-day/1305506/traducao.html

Situação limite - Parte 1: Take it all

Antes da "noite que pareceu dia", vivi dias que pareceram noites - parafraseando minha irmã - e sem tempo para rezar devidamente - se é que há um "devidamente" quando se trata de falar com Deus, lancei mão dos meus 5 minutos de trajeto de casa para o trabalho e, igualmente, do trabalho para casa, considerando duplamente este percurso no dia e, ouvi, repetidamente, em especial 4 (quatro) músicas da banda Third Day no carro...uma delas era: "Take it all" (abaixo)...que traduzia um pouco da minha condição humana naquele momento.




Take It All

All the promises I’ve broken
All the times I’ve let you down
You’ve forgot them
But still I hold on to the pain that makes me drown
Now I’m ready
To let it go
To give it away

Take it all
‘Cause I can’t take it any longer
All I have, I can’t make it on my own
Take the first, take the last
Take the good and take the rest
Here I am, all I have
Take it all

All the roads that lie before me
All the struggles I go through
Every second I’m reminded
That it all belongs to you
Now I’m ready
To let it go
To give it away

Ever since I died to myself
You gave a better life to me
I give you my finest moment
I give you the last breath I breathe

TRADUÇÃO

Leve tudo

Todas as promessas que eu quebrei.
Todas as vezes que eu Te decepcionei.
Você esqueceu.
Mesmo assim permanecerei na dor que me afoga
Agora estou pronto
Para ir
Para me entregar

Leve tudo.
Porque eu não sou capaz de carregar tudo isto.
Tudo o que tenho, eu não posso fazer tudo sozinho.
Tome o primeiro, tome o o último
Tome o bom e tome o resto.
Eu estou aqui, tudo que eu tenho,
Leve tudo isto

Todos os caminhos mentirosos diante de mim.
Todas as lutas que eu atravessei.
Todos os segundos eu me lembro
Que eu inteiramente pertenço a Ti
Agora estou pronto
Para ir
Para me entregar

Desde que morri pra mim mesmo
Você deu uma nova vida a mim
E eu te dou meu melhor momento
Eu te dou o último suspiro que eu respiro!

Fonte: http://letras.terra.com.br/third-day/1306532/traducao.html

Amar é respeitar - Parte 5: O culto do silêncio



Texto retirado do livro "Suba Comigo" de Inácio Larrañaga. Formatado, gentilmente, por Cesar Augusto dos Santos, em 2009.

Amar é respeitar - Parte 4: Calar é amar



Texto retirado do livro "Suba Comigo" de Inácio Larrañaga. Formatado, gentilmente, por Cesar Augusto dos Santos, em 2009.

Amar é respeitar - Parte 3: Reverenciar



Texto retirado do livro "Suba Comigo" de Inácio Larrañaga. Formatado, gentilmente, por Cesar Augusto dos Santos, em 2009.

Amar é respeitar - Parte 2: Intromissão



Texto retirado do livro "Suba Comigo" de Inácio Larrañaga. Formatado, gentilmente, por Elize Dubiela em 2009.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Amar é respeitar - Parte 1: Como quem venera o que é sagrado



Texto retirado do livro "Suba Comigo" de Inácio Larrañaga. Formatado, gentilmente, por Cesar Augusto dos Santos em 2009.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Amar

Ah! Esse "verbo transitivo direto"...amar...implica amar alguma coisa...amar alguém...mas amar de que forma?...cada um de um jeito...em cada situação de um modo...e cada um fará como e quanto pode...mas sempre amar é cuidar...amar é tocar sensivelmente corpo, mente e espírito...amar é conhecer...amar é proteger...amar é defender...amar é promover...amar é deixar ser plenamente...amar é tecer um manto que aquece a alma...amar é caminhar junto...amar é unir...amar é completar...amar é colar os pedaços...amar é se debruçar pra socorrer...amar é comemorar...amar é segurar pra não cair...amar é olhar - ver e ser visto...amar é vai e vem...amar é ficar bem...amar é deixar bem...amar é servir...amar é ver sorrir...amar é deixar partir...amar é deixar ficar...amar é ir buscar...amar é receber...amar é dar...amar é acolher nos braços...amar é dar colo...amar é embalar...amar é tudo isso e até o que não se escreve...amar é um curso infinito...amar é muito bom...muito gostoso...pra mim, pra você, pra todos...amar é o sentido...amar é a direção...amar é a finalidade...amar é o meio...amar é o que importa...amar é a razão...amar é a sensação...amar é a intenção...amar é a escolha...amar é a firmeza de decisão...amar é a ação...amar é também dizer não...porque amar também é dizer sim ao oposto do não...amar é então transformar...amar é renovar...amar é dizer a quem se ama que é amado...mas amar é mais do que dizer...amar é fazer o outro degustar...amar vale a pena...é só o que vale a pena...amar colore...amar aquece...amar diverte...amar agita...mas amar também sereniza...amar leva e traz...amar põe em movimento...amar faz dançar o corpo, a alma, a mente...amar às vezes assusta...porque amar tem sido um pouco incomum...mas amar é necessário...amar é presente...o único presente...o verdadeiro presente...aceita?

domingo, 11 de julho de 2010

Há noites que parecem dias!!!

Vamos ao conto:
Um príncipe em frente ao portão, espera ao lado do seu cavalo branco, digo, da sua pick-up branca, com apenas os pés cruzados, uma mão segurando a parte interna do braço oposto que está dobrado para que a mão toque o queixo.
Ele avisa que está a sua espera...ela sai...o timbre e empostação do "Boa noite!" dele é incomum, denso. Desconcertante para ela que nunca ouviu som mais agradável. E isso era só o começo.

O príncipe abre a porta do carro e dele retira, num movimento de rara elegância, um bouquet de rosas vermelhas como ela gosta - envolto apenas num celofane incolor amarrado com fibra natural, afinal a exuberância das rosas é demasiada para que papéis coloridos queiram adorná-las. Oferece-a, então, com generosidade. Surpreendente para ela que há muito não via este gesto, tampouco com a forma extremamente gentil da apresentação. Ele avisa que estão atrasados. Ela não entende bem, pensa que é força de expressão apenas. E isso era só o começo.

Já dentro do carro, o príncipe anuncia que verão uma coisa diferente, que deve ser bonita, que ele acredita que ela ainda não viu, mas corrige..."Talvez já tenha visto". O suspense permanece por alguns minutos...até que chegam ao local. Ele, como protagonista numa película, estende-lhe o braço para conduzí-la e ela ainda não sabe bem o que será visto lá. Quando entram no teatro, o príncipe mostra o cartaz...um espetáculo de sapateado! Era inusitado demais para ela que sempre desejou uma companhia para momentos como esse. E ainda era só o começo.

Durante o espetáculo...comentários dignos de um visionário, além do crescente êxtase e celebração dos dois pela Graça de estarem ali.
Ao saírem do espetáculo, tudo ficou pequeno e desnecessário, bastava a sensação em comum, a presença testemunhal de um para o outro, daquilo que pareceu a antecipação do paraíso. Mas ainda era só o começo.

O príncipe levou-a a um local para conversarem enquanto degustavam um bom Cabernet Sauvignon, embora não importasse o conteúdo das taças. As palavras não saiam apenas dos lábios, mas dos olhos e das mãos sobre a mesa. De repente, parecia não haver mais pessoas ao redor...dessensibilizaram do excesso de estímulos externos...centraram-se um no outro seduzidos pela curiosidade e pelas pequenas descobertas. Ainda era só o começo.

Saíram e o destino à priori daquela noite iria se cumprir...visitar o espaço que o príncipe estava se dando criteriosamente para construir seu reinado, onde verá brilhar o sol e crescerá como empreendedor de sua felicidade. Porém, no caminho, de súbito, o príncipe seguiu sua intuição e rumou para fazer a ela um presente. No caminho revelou que noutra noite, quando deveriam ter se encontrado e isto não aconteceu, acabou deixando um primeiro bouquet de rosas brancas e vermelhas no único lugar que sabia da presença dela, a fim de que fosse encontrado de alguma forma por alguém que pudesse, mesmo sem saber, conduzí-las até os olhos dela. E isso aconteceu! No momento que ela precisava da presença de alguém especial...o príncipe se fez presente naquelas rosas. Antes de saber da revelação ela ainda estava falante, depois emudeceu diante da sutil grandeza daquela alma. E isso fazia parte do começo.

Uma paisagem cinematográfica despontou logo...era lua cheia ainda, rodeada de estrelas que se exibiam por causa do breu quando chegaram às margens de águas mansas. E o cenário era só o começo.

O príncipe escolheu ali para ser afetuoso e cortez, não deixando que coisa alguma fugisse ao controle e ao que é próprio da realeza - o respeito ao que é humano e ao mesmo tempo divino. Foi breve e intenso. E isto era só o começo.

O príncipe mostrava sua alegria pelo caminho de volta, ela só conseguia admirar e sentir a emoção diante das ações do príncipe, que até então, ela acreditava só existir na literatura ou cinema.

Enfim, o príncipe levou-a conhecer o castelo do reino. Ela, a borralheira, sentiu-se muito honrada...exageradamente...uma vez que ela, até então, não havia feito parte da história dele, não havia desta vez ajudado a reunir as peças para a construção. E isto foi só o começo!

Para quem ficou em dúvida do que é conto e do que é real eu informo que tudo é real em nossos pensamentos e emoções...depois disso...é inevitável que se realize...se é para o bem!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Sob o sol da Toscana"

Filme dirigido por Audrey Wells, baseado em livro de Frances Mayes, lançado em 2003, com Diane Lane.
"Nos alpes, entre Veneza e Viena...construiram os trilhos muito antes mesmo de existir o trem...porque tinham certeza que ele viria!"
Plantar flores no jardim...é pra quem tem a certeza de que as borboletas virão.
Construir uma casa...
Decorar o quarto...
Perfumar a alma...
Abrir o coração...
É pra quem vislumbra e acredita!
Cuidado!
Acontece!