quarta-feira, 30 de março de 2011

É dando que se recebe

Ontem postei aqui e enviei por e-mail para alguns amigos um pouco de arte, um pouco de sons combinados com imagens e movimentos cheios de significados, todos estimulantes da esperança.
Hoje recebi de um desses amigos um vídeo maravilhoso de um quarteto que não conhecia ainda de vozes masculinas, aliás sempre mais agradáveis aos ouvidos em função do timbre e do corpo da voz.

Segue para deleite de todos, vídeo com a interpretação da música "Amazing Grace" pelo grupo "Il Divo" formado pelo suíço Urs Bühler (tenor), o norte-americano David Miller (tenor), o francês Sébastien Izambard (voz popular) e o espanhol Carlos Marín (barítono).
Idealizado pelo britânico Simon Cowell, o quarteto de pop-ópera Il Divo se formou no ano de 2004, por integrantes com consolidadas carreiras solo. David havia atuado em mais de 40 óperas e estava trabalhando na ópera La Bohème de Puccini, na Brodway. Carlos cantava em musicais e óperas. Urs cantava na Ópera dos Países baixos a 7 anos e Sébastien era um cantor popular na França. Foi quando começaram as audições para a formação do grupo e os quatro escolhidos começaram a sua empreitada. O primeiro CD foi um verdadeiro sucesso, vendendo mais de 5 milhões de cópias em menos de 1 ano, ultrapassando a marca de cantores mais conhecidos.


O vídeo oficial do qual não era permitida a incorporação, também deixou de ser exibido no Youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=-QGuOr09-mE

Assista então esta versão:
http://www.youtube.com/watch?v=9ooZtlDM3Jg&feature=player_embedded#at=88

Amazing Grace

Il Divo
Composição : Steve Mac / Dave Arch / Urs Buhler / Sebastien Izambard / Carlos Marin / David Miller

Amazing Grace! how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but now am found
Was blind but now I see

'Twas grace that taught my heart to fear
And grace my fears relieved
How precious did that grace appear
The hour I first believed

Through many dangers, toils, and snares
I have already come
'Tis grace that brought me safe thus far
And grace will lead me home

The Lord has promised good to me
His word my hope secures
He will my shield and portion be
As long as life endures

And when this flesh
and heart shall fail
and mortal life shall cease
I shall possess
within the vale
a life of joy and peace

When we've been there ten thousand years
Bright, shining as the sun
We've no less days to sing God's praise
Than when we first begun

Amazing Grace! how sweet the sound
That saved a wretch like me
I once was lost, but not am found
Was blind but now I see

Surpreendente Graça

Il Divo
Composição : Steve Mac / Dave Arch / Urs Buhler / Sebastien Izambard / Carlos Marin / David Miller

Surpreendente Graça! Quão doce é o som
Que salvou um náufrago como eu
Eu estava perdido, mas fui encontrado
Eu estava cego mas agora vejo

Foi a graça que ensinou o meu coração a ter medo
E a graça aliviou os meus medos
Quão preciosa aquela graça apareceu
Na hora em que eu acreditei

Por muitos perigos, trabalhos pesados e armadilhas
Eu já passei
Essa graça que me trouxe em segurança de tão longe
E graça me conduzirá ao lar

O Senhor prometeu boas coisas para mim
Sua palavra segura minha esperança
Ele será o meu escudo e quinhão
Enquanto a vida durar

E quando essa carne
E o coração passarem
E a vida mortal cessar
Eu terei
No vale
Uma vida de alegria e paz

Quando estivermos lá há dez mil anos
Claros e brilhantes como o sol
Não teremos menos dias para cantar e louvar a Deus
Que nos dias quando começamos

Surpreendente Graça! Quão doce é o som
Que salvou um náufrago como eu
Eu estava perdido, mas fui encontrado
Eu estava cego mas agora vejo

Fontes:

Um ano de sucesso - Março


SABEDORIA

___________________

Sem coragem, a sabedoria não gera frutos.

BALTASAR GRACIAN

Um ano de sucesso - Fevereiro



DETERMINAÇÃO

______________


Eu estou sempre fazendo coisas que eu não posso, é assim que eu consigo fazê-las.

PABLO PICASSO

Um ano de sucesso - Janeiro

Ganhei há poucos dias um presente - um calendário de sucesso - a cada mês uma imagem e uma frase inspiradora para quem quer ir longe, alto e profundo. Divido aqui com todos para garantir que chegaremos lá juntos.


OUSE OBTER SUCESSO
______________

O sucesso é uma jornada, não um destino.

BEN SWEETLAND

terça-feira, 29 de março de 2011

Propaganda da Coca-Cola, da esperança, dos acertos

Muito lindo!
Isso que é usar bem o conhecimento da Psicologia, da programação neurolinguística, da música como acesso à sensibilidade. (Obviamente, tudo isto a serviço do capital...rs...mas, sem desprezar estas intenções comerciais, podemos admirar o resultado final.)



O conjunto da obra é eficientíssimo para provocar esperança: melodia, letra e sequência de imagens, mas o detalhe final da mão do violonista (com a palheta na mão como se fosse uma batuta) se erguendo, assim como ajuda a voz dos cantores a emitirem e sustentarem a nota certa, é apoteótico e, ajuda a alma humana a elevar-se. Belíssimo!

A música é do grupo britânico Oasis, confira letra, tradução e vídeo da banda:

Whatever
Composição : Noel Gallagher

I'm free to be whatever I
Whatever I choose
And I'll sing the blues if I want

I'm free to say whatever I
Whatever I like
If it's wrong or right it's alright

Always seems to me
You only see what people want you to see

How long's it gonna be
Before we get on the bus
And cause no fuss
Get a grip on yourself
It don't cost much

Free to be whatever you
Whatever you say
If it comes my way it's alright

You're free to be wherever you
Wherever you please
You can shoot the breeze if you want

It always seems to me
You only see what people want you to see

How long's it gonna be
Before we get on the bus
And cause no fuss
Get a grip on yourself
It don't cost much

I'm free to be whatever I
Whatever I choose
And I'll sing the blues if I want

Here in my mind
You know you might find
Something that you
You thought you once knew

But now it's all gone
And you know it's no fun
Yeah I know it's no fun
Oh, I know it's no fun

I'm free to be whatever I
Whatever I choose
And I'll sing the blues if I want

I'm free to be whatever I
Whatever I choose
And I'll sing the blues if I want

Whatever you do
Whatever you say
Yeah I know it's alright
Whatever you do
Whatever you say
Yeah I know it's alright.


Tudo Que
Composição : Noel Gallagher

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se quiser

Eu sou livre para dizer tudo que eu
Tudo que eu gosto
Se está errado ou certo está tudo bem

Sempre me parece
Você só vê o que pessoas querem que você veja

Quanto tempo vai ser assim
Antes de subir no ônibus
E sem causar confusão
Domine a si mesmo
Isso não custa muito

Livre para ser tudo que você
Tudo que você diria
Se trata do meu jeito certo

Você é livre para estar onde quer que você
Onde quer que você queira
Você pode atirar no ar se você quiser

Sempre me parece
Você só vê o que pessoas querem que você veja
Quanto tempo vai ser assim
Antes de subir no ônibus
E sem causar confusão
Domine a si mesmo
Isso não custa muito

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se quiser

Aqui na minha mente
Você sabe que pode encontrar
Algo que você
Você pensou que conhecia

Mas agora tudo desapareceu
E você sabe que isso não é divertido
Yeah, Eu sei que isso não é divertido
Oh, Eu sei que isso não é divertido

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se quiser

Eu sou livre para ser tudo que eu
Tudo que eu escolho
E eu cantarei o Blues se quiser

Faça o que quiser
Diga o que quiser
Yeah, Eu sei que isso é certo
Faça o que quiser
Diga o que quiser
Yeah, Eu sei que isso é certo



Esta é a grande diferença dos artistas para as pessoas comuns, transformam intuição, conhecimento técnico, ciência e ousadia em instrumento de tangência com a alma. Artistas merecem toda nossa reverência, nos conectam mais facilmente conosco mesmos, com o mundo e com Deus.

P.S. Percebam o arranjo das cordas.

Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=uBHtphAo6hI&NR=1

http://letras.terra.com.br/oasis/29007/traducao.html

http://www.youtube.com/watch?v=6tuPBrSl9Nw&feature=player_embedded

domingo, 27 de março de 2011

Fenômenos da Interação Humana - Intimidade Interpessoal

Dizem que o que recobre nossas vidas de significado são as amizades, pais, irmãos e parceiros e o "sentimento de ser amado e querido".

Harold Kelley define relacionamento íntimo como sendo a relação entre duas pessoas em que uma causa "grande" impacto sobre a outra com "alto" grau de interdependência, ou seja, uma mudança em uma causa mudança na outra.

Mas afinal, o que faz com que dois indivíduos juntem-se num relacionamento (que razões respondem à pergunta por quê ficar junto?) e manter essa relação os leva a que (quais objetivos respondem à pergunta para quê manter a relação?)?

Para responder estas duas perguntinhas básicas, por que e para que, os pesquisadores têm estudado outros fenômenos que compõem o da Intimidade interpessoal, alguns deles são: atração/gostar; satisfação; investimento; amor; e comprometimento.
1. Atração/Gostar: "tendência ou predisposição de um indivíduo de avaliar outra pessoa ou símbolo daquela pessoa de uma maneira positiva". Aqui há o princípio do reforço favorecendo, provocando o gostar, uma vez que nós gostamos daqueles que nos gratificam e desgostamos daqueles que nos punem. De acordo com as Teorias da Troca Social, nós gostamos das pessoas quando percebemos que nossas interações com elas são recompensadoras, quando os benefícios são maiores que os custos. Os fatores que favorecem o gostar de alguém são:
1.1 as qualidades pessoais do outro (sinceridade, honestidade, lealdade, confiabilidade);
1. 2 sua similaridade conosco (em atitudes, valores, interesses, backgraound e personalidade - há mais chances de recompensa, de concordarem conosco e de não nos criticarem; leva a minimização de dissonância cognitiva e; desejam mais ou menos a mesma coisa que nós);
1. 3 sua familiaridade (o simples fato de ser exposto frequentemente a uma pessoa pode aumentar o nosso apreço por ela, até por se tornarem assim mais predizíveis e com isso nos trazer mais conforto);
1. 4 sua proximidade física (normalmente ela aumenta a familiaridade; os que estão mais próximos têm mais oportunidade de nos recompensar e portanto, tornar-se nossos amigos, amantes; resultam mais disponíveis para nós do que as que estão distantes; experimentamos uma pressào cognitiva para gostar daqueles com quem devemos conviver).

2. Satisfação : a qualidade de nossa relação é avaliada quanto:
2. 1 aos resultados que dela se obtêm - positivos ou negativos.
2. 2 nível de comparação - a satisfação de uma pessoa com uma relação depende, em última instância, da comparação que ela faz entre os resultados que obtém com a relação e seu padrão interno, individual de satisfatoriedade.
2. 3 a equidade - uma relação que é percebida equitativa em termos dos custos e benefícios que ela enseja tende a ser avaliada como mais satisfatória do que uma em que não há equidade. Normalmente não gostamos de nos sentir explorados ou explorando os outros.

3. Investimento: são aqueles recursos que são colocados na relação.
3.1 Os investimentos podem ser de ordem extrínseca (bens materiais, etc) e/ou de ordem intrínseca (tempo, sentimentos, etc.).
3.2 A diferença entre investimento e custo e benefício é que o investimento significa todas as contribuições passadas, seja de tempo, energia, etc, mas que passaram, já foram feitas, estão num tempo histórico anterior. Já os custos e gratificações significam contribuições que ocorrem num tempo presente e atual.
3.3 Diante da diferença exposta, temos que os investimentos são irrecuperáveis, e permanecer na relação passa a ser a justificativa, a única forma de não perdê-los, de fazê-los valer a pena.
3.3 A Teoria da Dissonância Cognitiva nos ajuda a entender melhor, porque e como as pessoas mantêm um relacionamento, mesmo quando este apresenta altos custos. Dissonância é um estado inconfortável e desagradável que decorre de discrepâncias entre nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. A pessoa em dissonância será motivada a reduzí-la, resolvendo de algum modo a discrepância surgida. Uma forma comum de redução da dissonância é a justificação, ou seja, encontra-se algo de bom em meio ao que não lhe parece muito bom, que ajude a minimizar a dissonância.
Ora, quem investe numa relação, investe para sentir-se satisfeito, se sente-se insatisfeito isto cria uma dissonância com seu ato de investir e logo buscará reduzir a dissonância entre investimento e insatisfação, buscando mesmo em meio aos altos custos, algo que seja positivo, que o satisfaça pra justificar o investimento.

4. Amor e sua taxonomia:
4.1 Inicialmente o amor foi conceituado por Zich Rubin como: "atitude mantida por uma pessoa em relação a uma outra pessoa particular, a qual envolve predisposições para pensar, sentir e comportar-se de determinadas maneiras relativamente àquela pessoa". Este pesquisador aponta quatro possíveis componentes do fenômeno amor:

a) o precisar do outro - um forte desejo de estar em presença e ser cuidado pelo outro.

b) o cuidado - um desejo de ajudar o outro, de fazer as coisas por ele.

c) a confiança e


d) a tolerância às suas faltas.

Conforme a ênfase dispensada a cada um dos quatro componentes mencionados acima, seguem três principais modelos teóricos de Amor, proposto pelo pesquisador Zick Rubin:

4.1.1 Amor Passional/Romântico:
- neste modelo de amor dá-se ênfase ao componente "precisar do outro".
- neste modelo de amor o outro é uma "pessoa especial".
- algumas características deste amor: comportamento de dependência, sentimentos de exclusividade, absorção, atração física, paixão e idealização do parceiro.
- a temporalidade característica deste tipo de amor: seu surgimento é súbito, mas sua duração é breve.
- a pessoa envolvida neste tipo de amor: tem pouco controle sobre o processo, pois amor aqui é mais uma questão de emoção do que de deliberação (análise racional) e escolha.
- contrário ao gostar e à amizade, que normalmente tendem a crescer, o amor romântico tende a decrescer, na medida que é fortemente baseado na fantasia e idealização.
- as experiências emocionais que se revelam capazes de gerar e alimentar este amor também se mostram muitas vezes capazes de destruí-lo. Excitação e gratificação sexuais e sentimentos de segurança são experiências emocionais que parecem facilitar a paixão, no entanto, os sentimentos de segurança, podem, com o passar do tempo, vir também a miná-la. Ao mesmo tempo que precisamos de segurança, previsibilidade, queremos também excitação, novidade, risco. Ao nos sentirmos seguros, imediatamente esquecemos o que temos - segurança - e passamos a sonhar com o que não temos - emoção.
- este tipo de amor tende a ser uma retribuição à satisfação das necessidades primárias tais como as biológicas, as de segurança, de amor e pertença e de auto-estima.
- não implica assistência mútua nas atividades cotidianas básicas de cada um.

4.1.2 Amor Pragmático/amor-companheiro/amor conjugal:
- neste modelo de amor a ênfase está nos componentes "confiança" e "tolerância" do amor.
- ocorre entre adultos maduros, comum em relacionamentos duradouros, como o casamento.
- ambos os envolvidos consideram a interação satisfatória.
- há um aprendizado no sentido da tolerância das idiossincrasias com vistas à manutenção da relação e das gratificações que ela proporciona.
- o "cuidado" aqui é meramente uma estratégia para obter e manter a recíproca por parte do outro.
- este amor desenvolve-se mais lentamente e sob maior controle por parte dos envolvidos.
- no lugar do arrebatamento e dependência logo declarada na relação passional, encontramos a força da deliberação, da análise.
- em vez de apaixonar-se, cada pessoa "se permite" tornar atraída pelo outro. A crescente dependência é mútua.
- relacionamentos pragmáticos são, via de regra, equitativos, cada um sente que retira da relação mais ou menos o mesmo que coloca.
- as negociações não são e nem devem ser explícitas, sob pena de perderem-se os valores de recompensa.
- a compatibilidade entre os envolvidos é fundamental, como similaridade de atitudes e necessidades complementares.
- a consciência é compartilhada de que há confiança mútua; há compreensão mútua de que cada um é completamente conhecido pelo outro e totalmente apreciado e respeitado e; há certos tratos a respeito de compartilhamento e lealdade.
- neste modelo de amor o processo é que é "especial" e não a pessoa como no modelo passional.
- o autocontrole e as deliberações íntimas é que ditam o curso dos acontecimentos e não as turbulências emocionais como no caso do amor passional.
- amor pragmático é a afeição que sentimos por aqueles com os quais nossas vidas estão profundamente entrelaçadas, é mais estável que o amor passional onde a confiança e a amizade são elementos muito mais importantes.
- a diferenciação do amor pragmático com o amor passional se faz pela intensidade emocional, pela sexualidade e pela estabilidade no tempo.
- o amor-companheiro é muito mais tranquilo que o passional, as emoções nele envolvidas são mais calmas e estáveis.
- a experiência sexual neste modelo de amor pode ser completamente diferente tanto em sua frequência quanto em sua intensidade.
- é fundado nos princípios do respeito, admiração e confiança.

4.1.3 Amor Altruísta:
- este modelo enfatiza o componente "cuidado", no entanto, é um cuidado incondicional, intrinsicamente motivado e não com o intuito de eliciar comportamentos similares por parte do parceiro.
- Usualmente é comparado ao "amor de mãe".
- em alguma medida pode estar presente em relacionamentos amorosos heterossexuais, paralelalemente ao precisar e à dependência, o que constituiria, segundo alguns, talvez, um amor maduro ou, se não, ao menos como um ideal.
- benefícios altruístas oferecidos a um parceiro são guiados somente pelas necessidades deste e não envolve considerações sobre as necessidades daquele que ora oferece o benefício, sejam presentes, passadas ou futuras.É cuidando do outro e fazendo todo o possível pela sua felicidade que o indivíduo motivado por este tipo de amor encontra sentido e satisfação em sua própria vida.
- uma distinção entre este tipo de amor e o amor pragmático pode ser feita traduzindo amor pragmático como aquele que gera "relacionamentos de troca" e amor altruísta como sendo aquele que gera "relacionamentos comunais". Neste último, cada pessoa tem uma preocupação com o bem-estar da outra, com as relações familiares constituindo um de seus melhores exemplos.

4.2. Outro pesquisador, Robert J. Sternberg, da Universidade de Yale, propõe a Teoria Triangular do Amor para compreender o fenômeno da Intimidade Interpessoal. Esta teoria também prevê alguns componentes essenciais do fenômeno amor:

a) intimidade: seriam os sentimentos de proximidade numa relação de amor, aqueles que criam a experiência de "aconchego". São sinais de intimidade:
- desejo de promover o bem-estar do objeto de amor;
- experienciar felicidade ao estar com ele;
- ter por ele alta consideração;
- poder contar com o ser amado em momentos de necessidades;
- compreensão mútua;
- dividir tanto o seu eu quanto as posses com o objeto do amor;
- receber dele apoio emocional;
- prover-lhe apoio emocional;
- comunicar-se intimidade com este objeto;
- conceder-lhe um valor importante.

b) paixão: diz respeito ao lado instintual do amor, atração física, contato sexual.

c) decisão/comprometimento: constitui-se em dois aspectos, um a curto e outro a longo prazo. O primeiro consiste na decisão (escolha) de alguém de que ama outrem. O segundo diz respeito ao comprometimento em manter o amor. Os dois componentes não estariam sempre necessariamente juntos.

Desses três componentes, surgem sete possíveis combinações, sete tipos de amor:

4.2.1 Somente o componente Intimidade: seria o gostar, o conjunto de sentimentos e experiências de uma relação de verdadeira amizade, onde a pessoa se sente próxima ao outro sem paixão intensa ou comprometimentos a longo prazo.

4.2.2 Somente o componente Paixão: o autor denomina "amor infatuado", seria o amor à primeira vista, onde a idealização, a obsessão e a excitação física desempenham um papel fundamental; pode surgir instantaneamente e, da mesma forma, desaparecer de repente.

4.2.3 Somente o componente Decisão/Comprometimento: é o que oo autor chama "amor vazio", pode ser caracterizado, por exemplo, por casamentos onde o envolvimento emocional mútuo e a atração física já deixaram de existir, ou, até mesmo, nunca existiram.

4.2.4 Intimidade + Paixão: este seria o amor romântico, em que os envolvidos podem perceber que a permanência da relação é improvável, impossível ou mesmo uma questão a ser tratada em algum momento no futuro.

4.2.5 Intimidade + Comprometimento: "amor-companheiro", é essencialmente uma amizade comprometida e duradoura. Aquele tipo de casamento, por exemplo, onde não há mais atração física. Pode ser considerado o tipo de amor que surge quando o amor romântico (baseado somente na paixão) desaparece, se a relação é mantida.

4.2.6 Paixão + Comprometimento: "amor fátuo". O comprometimento é feito com base na paixão, sem que estejam presentes os elementos estabilizantes próprios de um envolvimento íntimo - que requer tempo para se desenvolver. Essas relaçõe são altamente suscetíveis ao stress.

4.2.7 Intimidade + Paixão + Comprometimento: "amor consumado"ou amor completo, é o amor ideal, apesar de ser dificilmente atingido e mantido, aliás, nem sempre buscado em nossas relações amorosas.

4.3 Em contraste com as duas teorias anteriores, de que o Amor é um único fenômeno constituído por diferentes componentes, John Alan Lee nos apresenta o Amor como um fenômeno plural, que não permite hierarquizações de qualquer espécie, um tipo de amor não é visto como superior ou mais verdadeiro do que o outro. Faz mais sentido tentar distinguir os vários estilos de amor do que perseguir uma definição do amor que expresse a possível essência do que seria o verdadeiro amor. Assim como a preferência pelas cores, o estilo de amor de uma pessoa pode variar durante a vida e de uma relação para outra.
Os gregos e romanos, sendo mais tolerantes às distintas manifestações de amor, possuíam várias palavras para os diferentes e igualmente válidos tipos de amor.
John A. Lee, em sua tipologia do amor, defende que, assim como o vermelho (magenta), amarelo e azul constituem as três cores primárias, a partir das quais se formam todas as cores do arco-íris, os três "estilos primários de amor" são Eros, Storge e Ludus, sendo que os outros numerosos estilos de amor resultam de alguma combinação destes três, sendo os estilos secundários mais familiares: Mania (Eros + Ludus), Pragma (Ludus + Storge) e Ágape (Eros + Storge).

4.3.1 Amor Eros (Primário):
- é a busca por um parceiro cuja apresentação física corresponda à imagem ideal que a pessoa tem em mente.
- a prioridade é a imagem do objeto de amor.
- é um estilo de amor que sempre começa com uma avassaladora atração física, pois o amante erótico é uma pessoa consciente de que seu parceiro ideal é uma raridade.
- amantes eróticos possuem a volúpia de conhecer seu objeto de amor o mais rápida e completamente possível - preferencialmente despido.
- mantêm-se atentos, no entanto, a qualquer falha e potenciais defeitos na pessoa amada.
- procuram expressar seu prazer verbal e tatilmente.
- usualmente querem uma relação exclussiva, mas não são possessivos, nem temem possíveis rivais.

4.3.2 Amor Storge (Primário):
- palavra grega para o companheirismo afetuoso.
- um indivíduo "se acostuma" com o parceiro, em vez de "apaixonar-se" por ele.
- "amor sem febre ou tolice".
- "amor amigo".
- os envolvidos não passam muito tempo se olhando nos olhos, e a tranquilidade própria à relação faz com que seja até mesmo um pouco constrangedor dizer "eu te amo".
- o amante estórgico não tem nenhum tipo de ideal físico em mente nem seleciona conscientemente os parceiros, ele não está "procurando amor"; em vez disso ele seleciona atividades de sua preferência e, através delas, acontece de vir a conhecer outras pessoas que fazem as mesmas coisas - "então por que não fazê-las juntos?"
- o amor é uma amizade muito especial.
- é importante conhecer primeiro o parceiro como amigo antes de que tenham lugar relações sexuais.
- a expectativa de comprometimento também é forte.

4.3.3 Amor Ludus (Primário):
- a expectativa a respeito do amor é de que ele seja prazeroso e não comprometedor, durando tanto quanto as partes "curtam"a relação, não mais do que isso.
- o lúdico é um errante, ou um colecionador de experiências de amor que serão relembradas com prazer.
- os lúdicos são amantes pluralísticos (uma palavra menos carregada que promíscuos), e o grau de envolvimento é cuidadosamente controlado.
- ciúmes para eles é algo sem sentido e deplorável.
- pode ser praticado como um jogo aberto, com a explicitação clara das regras, ou seja, de que outros eventualmente estarão envolvidos.
- a maioria considera complicado mentir: um jogo justo oferece menos chances de que se produzam sentimentos de culpa mais tarde.
- eles acham uma variedade de tipod físicos igualmente atraentes e podem mudar de um para outro facilmente. Sentem-se como se nada houvesse após um "rompimento", pois certamente não se "apaixonam".
- amantes lúdicos evitam ver o parceiro muito frequentemente, como uma forma de impedir que este se "envolva demais".
- parceiros ciumentos são evitados na medida que estragam a diversão do amor.
- não vêem contradição em amar várias pessoas igualmente ou ao mesmo tempo. Para eles sexo é distração, não expressão de comprometimento, e o amor não é a atividade mais importante da vida.

4.3.4 Amor Mania (Secundário):
- resultado da combinação dos amores primários Eros + Ludus.
- neste estilo de amar, o amante é obsessivamente preocupado com o objeto amado, intensamente ciumento e possessivo e necessita continuamente de repetidas reafirmações de que é amado.
- a busca ansiosa de amor funciona como compensação para sua baixa auto-estima. A inerente contradição deste estilo vem da peculiar mistura de dois estilos primários de amor - eros e ludus. O amante maníaco tem desejo pelo relacionamento intenso, fisicamente estimulante, típico de eros.
- o indivíduo é capaz de escolher parceiros completamente inapropriados e loucamente projetar neles aquelas qualidades desejadas num objeto de amor, as quais qualquer pessoapode constatar claramente que o escolhido não possui.
- o desejo do amante maníaco de manipular a relação de forma a não ficar na posição mais fraca (mais amar do que ser amado) é certamente lúdico, porém o amante maníaco é necessitado demais de amor para jogar o jogo friamente.
- o típico amante maníaco sente forte necessidade de "estar apaixonado", mas é também temeroso de que o amor vá ser doloroso e difícil. Ele não está certo de que o tipo o atrai, e frequentemente procura uma combinação de qualidades contraditórias.
- amantes maníacos demonstram excessivo ciúme e demandam demonstrações de mais amor e comprometimento. Raramente consideram o sexo com o objeto de amor satisfatório ou reconfortante. São ainda incapazes de terminar a relação, sendo via de regra o outro que o faz.

4.3.5 Amor Pragma (Secundário):
- resultado da combinação dos amores primários Ludus + Storge.
- o amante pragmático tem um "rol"de qualidades práticas que ele deseja no ser amado, às quais pode incluir características físicas, mas nào há uma ênfase especial a este detalhe.
- o "rol"de características buscadas pela pessoa pode incluir pessoas de mesma religião, opção política e classe social, assim como interesses pessoais tais como hobby ou esporte favorito.
- o pragmático escolhe o parceiro como se tivesse crescido com ele e usa manipulação consciente para encontrar um. A procura é por uma parceria sensata, não por um extasiante ou excitante romance.
- cada candidato será pesado e avaliado cuidadosamente. Um candidato plausível será convidado para dividir algumas atividades com o sujeito até que esteja convencido de que aquele faz um parceiro compatível.
- ele pode frequentemente discutir a adequação de suas escolhas potenciais com amigos ou parentes.
- é o "casamento arranjado"de antigamente.
- o pragmático usa atividades sociais e programas como um meio para um fim: tais atividades serão abandonadas se não "der frutos".
- preferem ver o parceiro em situações de convívio social para checar como ele "realmente"é, prestando muito atençào em possíveis sinais de aviso e restringindo discussões sobre compromisso e futuro até que esteja mais confiante de que conhece bem o parceiro.
- eles geralmente desdenham demonstrações emocionais excessivas, especialmente cenas de ciúme, mas apreciam sinais recíprocos de atenção e de comprometimento crescente.
- compatibilidade sexual é importante, mas esta é mais uma questão de habilidades técnicas - que podem ser melhoradas se necssário - do que de alguma química especial.
- encontrar um par compatível é desejável para uma vida feliz, mas não essencial, e não valem a pena grandes sacrifícios por nenhum parceiro em especial.
- o amor pragmático não é tão frio quanto possa parecer. Uma vez que uma boa escolha é feita, sentimentos mais intensos podem se desenvolver.

4.3.6 Amor Ágape (Secundário):
- resultado da combinação entre os amores Eros + Storge.
- é a clássica visão cristã do amor: altruísta, universalista, sempre gentil e paciente, nunca ciumento, nunca demandante de reciprocidade.
- amante com este estilo consideram amar um dever.
- é um estilo de amor mais guiado pela cabeça do que pelo coração, mais expressão da vontade do que da emoção.
- o comportamento requerido por este amor despojado é aquele do bom vizinho, do servidor fiel ou do amigo devotado.
- estes amantes sentem um intenso dever de cuidar do ser amado, que é definido como alguém que precisa deste cuidado. É possível que este seja visto como somente mais uma entre as muitas pessoas necessitadas.
- se o amante agápico chega a conclusào que o seu parceiro estaria melhor com outro, ele é capaz de abrir mão em prol do seu "rival".


Os estilos descritos acima são aqueles encontrados em pesquisa empírica como sendo os estilos mais básicos, a partir dos quais os outros se compõem e de forma quase infinita.
O estilo de amor de uma pessoa pode variar com o passar do tempo e com as experiências, ou ainda, num mesmo momento, variar segundo o tipo de parceiro.

5. Comprometimento - por que algumas relações duram e outras não?:
- significa estabilidade da associação.
- é um propósito declarado ou inferido de uma pessoa em manter uma relação.
(em construção)


Fonte:

RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.



sexta-feira, 25 de março de 2011

Eles estavam certos? Sim!

Os juízes do Tribunal Eclesiástico estavam certos!
Desgraçadamente certos!
Infelizmente certos!
Amaldiçoadamente certos!
E quem se importa?
Todos são demasiadamente levianos pra aguentar o peso.
Agora eu só "queria tanto estar
no escuro do meu quarto,
à meia noite,
à meia luz,
sonhando,
daria tudo por
meu mundo e nada mais
"(Guilherme Arantes)
Vou fazer como as crianças...
...elas conversam com o Fred!
Eu vou conversar com o Adolfo,
quem sabe Rodolfo,
quiçá Arthur,
melhor se fosse David.
Não.
Nenhum deles.
Todos são demasiadamente levianos pra aguentar a conversa.
Melhor a Tilibra,
ela sim, sempre aguentou.
Depois de falar com ela
as coisas ficam mais leves, possíveis.
Mas tem o inconveniente de manter a existência.
Talvez Tilibra não seja mais um bom negócio, então.
Terei que descobrir a honrosa saída,
a nobre fuga.
Quem sabe a serra?
Aquela.
Que tem nome de fechadura.
Não.
Sou demasiadamente "pesada" para isso.
"Diabo do Inferno"!
Sinto nesta hora
que o sobrenome me atrapalha,
imprimiu de tal forma
a resistência na carne
que me impede de provar
da natureza "porcelana"
de que outros são feitos.
O Tribunal Eclesiástico
teria recebido iluminação divina
quando deu sua sentença
no processo de nulidade
do meu casamento?
Não. Não pode ser.
Não foi nada evangélico aquilo.
Não foi nada divino, portanto.
Foi extremamente condenatório.
Tão somente acusatório.
Nenhum encaminhamento
do tipo "Levanta-te e anda".
Mas talvez
extremamente eficiente
em martelar
o velho e bom discurso
que faz os outros
sentirem-se melhores:
ela não é capaz.
"Diabo do Inferno", de novo!
Eu e uma boa parcela da humanidade não somos.
Alguns com rótulo,
outros ainda sem.
Mas talvez eles estejam certos.
"Diabo do Inferno", mais uma vez!
Ver-me incapaz não é pior
do que ver que eles estão certos,
apesar da forma tripudiosa, impessoal e parcial
com que sentenciaram.
"Senhor Jesus Cristo,
tende piedade de mim!" (Oração do Peregrino Russo)
Opa!
"Senhor Jesus Cristo,
tende piedade deles!"
"Senhor Jesus Cristo,
tende piedade de nós!"

sexta-feira, 18 de março de 2011

Fenômenos da Interação Humana - Atitudes Sociais

Atitude é um conjunto de posições pró e contra alguém, um acontecimento ou instituição. Envolve sentimentos, pensamentos e a prontidão para agir, todos interligados, no entanto, nem sempre coerentes, pois, sabendo o que uma pessoa sente e pensa em relação à outra nem sempre pode prever seu comportamento, embora seja forte indicativo.

A busca de harmonia entre o que sentimos, pensamos e nos dispomos a fazer é o que muitas vezes nos leva a não acreditar que um amigo fez algo que condenamos.
Não há consenso entre os psicólogos sociais de como se formam as atitudes. Há pelo menos cinco hipóteses:
- As atitudes são decorrentes dos processos tradicionais de aprendizagem (condicionamentos e imitação);
- As atitudes são resultantes das buscas de coerência entre afetos, cognições e comportamentos;
- As atitudes são decorrentes de identificação com grupos de referência positiva;
- As atitudes são decorrentes do tipo de personalidade;
- As atitudes são decorrentes de um exame racional da relação custo-benefício, feita pela pessoa no exame dos prós e dos contras.

Sobre a mudança de atitude, é preciso dizer que se trata da mudança não apenas do comportamento, mas sim do afeto pró ou contra um objeto social. Assim, trata-se de uma mudança mais duradoura. E os outros fatores que mais contribuem são: credibilidade do persuasor; ordem de apresentação dos argumentos dos mais importantes aos menos importantes; a forma da comunicação – unilateral, que apresenta apenas argumentos favoráveis a uma posição ou – bilateral, que apresenta os argumentos a favor e contra uma posição; apresentação ou não do objetivo da persuasão conforme o nível intelectual de quem se pretende persuadir; a maior quantidade de tentativas só dá resultado se a credibilidade do comunicador for alta; argumentos com apelo emocional funcionam mais para pessoas de baixo nível educacional e intelectual, podendo ser usado com qualquer grupo de pessoas para despertar a atenção inicial.

Referência:

HEIDER, F. Psicologia das Relações Interpessoais. São Paulo: Pioneira, 1970.
RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

Fenômenos da Interação Humana - Formação de atração entre as pessoas

Para dar a conhecer os fatores que favorecem a formação de amizades e de inimizades entre as pessoas, duas teorias são apresentadas por RODRIGUES (1996):

- Teoria do Equilíbrio: o termo equilíbrio adquire aqui o sentido de harmonioso e, um relacionamento harmonioso é na verdade um relacionamento onde há coerência entre gostar de uma pessoa e termos pontos de vista semelhantes a ela ou; não gostarmos de uma pessoa e termos pontos de vista diferentes dela. Como nem todas as situações são equilibradas, experimentamos tensão e somos instigados à mudança, tendo para isso dois caminhos:
• Mudar de posição: uma das partes cede formando uma relação harmoniosa ou, rompe-se o relacionamento.
• Diferenciação: separa-se a “parte” da pessoa com quem estabelecemos uma relação equilibrada e procura-se evitar a “parte” com a qual nossa relação é desequilibrada.
Ainda pelo princípio do equilíbrio, explica-se a situação em que pessoas procuram associar-se a outras que possuem justamente o que lhes falta, isto é, procuram a complementaridade na outra pessoa.

- Teoria da Proximidade: a psicologia científica vem resolver um impasse da sabedoria popular que oscila entre a defesa de que a proximidade entre as pessoas favorece a atração, assim como a distância é que favorece, afirmando que a proximidade física facilita a atração interpessoal e, faz isso com base em duas razões:
• Conveniência: é mais cômodo fazer amizade com quem está próximo.
• Ausência de tensão: encontrar freqüentemente com uma pessoa, conduz a uma procura de relações amistosas.
• Outros fatores que explicam a proximidade física como causa de atração interpessoal são: oportunidade de interação; oportunidade de maior conhecimento; simples familiaridade; possibilidade de reformulação de preconceitos; identidade de valores e preferências.

Não é desconhecida a atração que muitos alunos têm por seus professores e vice-versa, no entanto, quando não é esta a relação, ficamos, uns e outros à espera de que a parte contrária ceda. Quando nenhum dos dois abre mão de seu posicionamento acontece o rompimento, é quando o professor, por exemplo, coloca o aluno pra fora da sala, ou o aluno fica indiferente às ações e proposições do professor, do qual ele não pode se livrar tão logo. A expectativa do professor, em geral, é a do respeito do aluno por ele, o que podemos entender como expectativa que o aluno faça a diferenciação daquilo que não concorda no professor, porém, emergem as questões: Os professores “respeitam” pontos de vista diferentes de seus alunos? A proximidade diária tem sido fator de relações interpessoais e grupais amistosas ou de conflitos?

Referência:

HEIDER, F. Psicologia das Relações Interpessoais. São Paulo: Pioneira, 1970.
RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

Fenômenos da Interação Humana - Influência Social

Consiste no fato de uma pessoa induzir a outra a um determinado comportamento desejado pelo agente da influência. Como explicar o exercício de poder de alguém sobre outrem? Segundo RODRIGUES (1996), os “recursos de poder” são utilizados pelo agente, de acordo com cada tipo de poder exercido:
- Poder de Coerção – recurso: “punir” as pessoas;
- Poder de Recompensa – recurso: “beneficiar” as pessoas;
- Poder de Referência – recurso: “ser gostado”, valorizado pelas pessoas;
- Poder de Conhecimento – recurso: “saber mais” que as outras pessoas sobre determinado assunto;
- Poder Legítimo – recurso: “estar investido” de poder. Ex: prefeito, diretor, pai;
- Poder da Informação – recurso: “argumentar” fortemente, dar uma boa idéia, sugestão ou solução. “Saber muitas coisas” superficialmente.

Contudo a influência social inclui também, além do poder, as formas de persuasão regidas por determinados princípios e regras:
- Princípio do Contraste: agravar a situação verbalmente para que a realidade seja mais facilmente aceita, ou seja, quando desejamos que um eventual erro nosso não seja punido severamente, primeiro fazemos o outro acreditar que fizemos coisas muito piores, e no momento em que a sua ira estiver para ser desencadeada, revelamos a verdade, que então terá o efeito abrandado;
- Regra da Reciprocidade: dar para receber. Fazer aos outros o que queremos que nos façam;
- Comprovação social: alegar que a maioria está conosco, concorda com nosso posicionamento, nossa idéia ou atitude.

Quais os recursos de poder e formas de persuasão utilizadas pelos professores nas interações com a Escola?

Que a influência de uns sobre os outros é inevitável nós sabemos, porém, não basta ter consciência dos mecanismos do poder para refletir sobre a validade de usá-los e em que situações. Esse é só um passo para a libertação das amarras, dos grilhões, das armadilhas, pois, quem sempre viveu sob o peso das armas do poder que se impõe, não conhece o caminho do poder reconhecido e atribuído pelo outro - a autoridade pessoal. Essa é muitas vezes a diferença entre uns e outros professores, aos quais as respostas dos alunos de uma mesma turma diferem tanto. Há um caminho, pois, de exercícios a fazer, de construção de algumas habilidades pessoais e competências profissionais para conquistar a autoridade pessoal. Contrariamente ao que se pensa, a franqueza com o aluno, a liberdade real dada ao aluno ou a qualquer pessoa, aproxima-o mais de nós do que qualquer outro recurso usado. É possível assim, cometer o engano de considerar a liberdade um recurso de poder ou forma de persuasão, porém, desta forma não se constitui, uma vez que, quem adere à proposta franca e livre o faz igualmente por volição livre.


Referência:

HEIDER, F. Psicologia das Relações Interpessoais. São Paulo: Pioneira, 1970.
RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Fenômenos da Interação Humana - Percepção Social

Refere-se à percepção de outrem por meio dos órgãos dos sentidos, necessitando de boas condições ambientais como luminosidade, sonoridade, temperatura e outros, filtrada por nossos preconceitos, interesses, estereótipos, valores, atitudes, que conduzirão à formação de um conceito. Temos então que, a percepção social, ou o conceito que fazemos de outrem, é formado a partir das características do estímulo e da bagagem psicológica do percebedor.

O estudo sobre o processo atribuicional traz aqui sua contribuição para a compreensão da percepção social, elucidando nossas tendências ao conferir causalidade aos fatos. A primeira tendência verificada é justamente, a de que procuramos conhecer as causas, motivos do comportamento nosso e das outras pessoas. Outra tendência é de atribuirmos nossas ações e dos outros a fatores internos (nossas próprias disposições e intenções) e externos (pressão social, características da situação). A terceira tendência refere-se a um erro de atribuição, ou seja, quando atribuímos na maioria das vezes às ações de outrem, causas internas, e às nossas ações, causas externas.

Quantas são as vezes em que observamos colegas professores ou, nos observamos, atribuindo ao erro ou dificuldade do aluno uma causa interna, como por exemplo: desatenção, desinteresse, perturbação emocional e, mesmo sem qualificação necessária, emitimos ainda, levianamente, até diagnósticos patológicos como é o caso da hiperatividade, desconhecendo completamente seu quadro de sintomas e suas diferenças com outras patologias como o Transtorno de Humor Bipolar, por exemplo.

“É importante salientar que a bipolaridade na infância não se manifesta com episódios claros de humor elevado ou deprimido, e sim com humor misto: alta oscilação, irritabilidade, turbulência, distração e condutas desafiadoras e impulsivas. Estes quadros podem ser confundidos com déficit de atenção e hiperatividade”. (LARA, 2004, p. 57).

Quando se esgotam os recursos de culpabilidade interna do aluno por suas dificuldades, nós, professores, ainda mantemos a atribuição da causa no lado do aluno, agora não mais causas internas, mas externas, é o caso das referências à situação familiar em que ele vive. Raramente, no entanto, fazemos ou vemos nossos colegas professores fazerem, uma análise contextual da dificuldade do aluno, incluindo a atividade pedagógica, afinal o professor faz parte da realidade do aluno, portanto, ou favorece ou desfavorece seu acerto. Podemos até concluir que há uma causa interna no aluno, mas não podemos abdicar de investigar as causas ambientais e as causas internas no professor - nossos estereótipos e preconceitos que intervém na percepção do fato.
Referência:

HEIDER, F. Psicologia das Relações Interpessoais. São Paulo: Pioneira, 1970.
LARA, D. Temperamento forte e bipolaridade: dominando os altos e baixos do humor. 2ª ed. Porto Alegre: Armazém de Imagens, 2004, p. 57.
RODRIGUES, A. Psicologia social para principiantes. 17ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Reflexões Quaresmais 3

Salmo 19 (18), 8.9, 10.15 (R./Jo 6,63c)

A lei de Iahweh é perfeita,
faz a vida voltar;
o testemunho de Iahweh é firme,
torna sábio o simples.
Os preceitos de Iahweh são retos,
alegram o coração;
o mandamento de Iahweh é claro,
ilumina os olhos.

As palavras que vos disse são espírito e vida.

O temor de iahweh é puro,
estável para sempre;
as decisões de Iahweh são verdadeiras,
e justas igualmente;
Que te agradem as palavras de minha boca
e o meditar do meu coração,
sem treva em tua presença,
Iahweh, meu rochedo, redentor meu!

Tem dias

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu (Roda Viva, Chico Buarque)

Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente (As Profecias, Raul Seixas)

Tem dias que a gente sai por aí
Deixando a vida nos levar (No Meio de Nós, Pe. Fábio de Melo)

Tem dias que a gente acorda com medo do escuro
Tem dias que a gente dorme sente-se inseguro (Oh Chuva, Falamansa)

Tem dias que a gente olha pra si
E se pergunta se é mesmo isso aí (Já é, Lulu Santos)

domingo, 13 de março de 2011

Reflexões Quaresmais 2

Salmo 51 (50), 3-4.5-6a.12-13.14.17 (R/.cf.3a)

Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!
Apaga minhas transgressões , por tua grande compaixão!
Lava-me inteiro da minha iniquidade
e purifica-me do meu pecado!

Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!

Pois reconheço minhas transgressòes
e diante de mim está sempre meu pecado;
pequei contra ti, contra ti somente,
pratiquei o que é mau aos teus olhos.

Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!

Ó Deus, cria em mim um coração puro,
renova um espírito firme no meu peito;
não me rejeites para longe de tua face,
não retires de mim teu santo espírito.

Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!

Devolve-me o júbilo da tua salvação
e que um espírito generoso me sustente.
Ó Senhor abre os meus lábios,
e minha língua anunciará o teu louvor.

Tem piedade de mim, ó Deus, por teu amor!

sábado, 12 de março de 2011

Reflexões Quaresmais 1

Salmo 86 (85), 1-2. 3-4. 5-6 (R/.11a)

Inclina teu ouvido, Iahweh, responde-me,
pois eu sou pobre e indigente!
Guarda-me porque sou fiel.
Salva teu servo que em ti confia!

Ensina-me teus caminhos, Iahweh,
e caminharei segundo tua verdade.


Tu és o meu Deus, tem piedade de mim, Senhor,
pois é a ti que eu invoco todo o dia!
Alegra a vida do teu servo,
pois é a ti, Senhor, que eu me elevo!

Ensina-me teus caminhos, Iahweh,
e caminharei segundo tua verdade.


Tu és bom e perdoas, Senhor,
és cheio de amor com todos os que te invocam.
Iahweh, atende a minha prece,
considera minha voz suplicante!

Ensina-me teus caminhos, Iahweh,
e caminharei segundo tua verdade.

Encontro

Às vezes encontramos coisas demais na vida e pessoas de menos.
Às vezes alguém nos chama a atenção no meio da multidão.
Às vezes não acreditamos que uma mensagem inicial possa desencadear um diálogo tão duradouro e significativo.
Às vezes por já termos sido abordados de formas tão diversas, algumas poéticas, outras aparentemente despretenciosas, outras tão sutis, outras tão evidentemente planejadas, algumas tão escancaradas, outras ainda tão comuns, podemos confundir uma abordagem peculiar, sui generis e impactante com um jogo qualquer de sedução, de conquista, de enredamento.

Jogo até normal entre os seres humanos, mas que apesar de sabê-lo, esperamos que seja ao menos um pouco sincero, honesto, verdadeiro, sem maquiagem, sem véus encobrindo a principal motivação.

Aliás, lido bem com as duas coisas, a realidade escrachada e a realidade adornada, preferindo ora uma ora outra.

Houve uma abordagem curiosa, à qual reagi de imediato tentando arrancar os adornos ou ao menos colocá-los no microscópio para verificação.
Houve um tempo de estarmos ligados mas não em funcionamento. Receio talvez. Outros interesses de momento quem sabe. Não importam os motivos, mas houve um tempo em que a abordagem e análise ficaram suspensas no ar.

De repente um questionamento, uma resposta ampla, outro, outra, uma curiosidade por uma estante de livros que servia à missão de discorrer sobre certos assuntos, um encantamento, interesse, um bem querer, uma expectativa, uma imaginação, uma decisão, um receio, um enfrentamento, um encontro.

O interlocutor tão presente, tão perspicaz, tão desafiador, enfrenta a distância e vem ao meu encontro.

Fico feliz. Fico ansiosa.

Planejamos. Executamos.

Nem tudo.

Algumas idéias surgem depois. E são boas.

Eu que não gosto de gatos, que sempre tive atitude física repulsiva ao simples fato de ouvir a palavra, agora ao menos respeito a expressão "Sete Gatos" que por uma questão de significado conotativo, agora me lembra de coisas boas como boa conversa, riso solto, zona proximal reduzida, temperatura interna inversamente proporcional à externa e sabores incorpados alimentando um estado de humor livre e solto.

Tudo que eu preciso é de liberdade para ser. Não há a menor possibilidade de eu permanecer onde ou com quem eu não possa ser quem sou. Se meu espaço de ser é garantido, eu sou o que sou e quem está a minha volta pode desfrutar de uma companhia sincera, livre e segura. O período de observação e análises havia ficado menos óbvio, deu lugar à aceitação e esta permitiu a sensação de paz.

Foram dias de trocar histórias, de caminhar lado a lado, de se por num mirante fatual e simbólico, de olhar em frente, de olhar-se, de se dar as mãos, de "ouvir" a reação do sistema imunológico tão sensível, de consumir arte, de testar os sentidos, de confundir a razão. Foram dias de dar espaço às subjetividades. Foram dias pra se lembrar, e para cada um deles ficou uma pétala guardada entre as páginas de um livro.

Nestes dias encontrei coisas de menos e uma pessoa especial.

Perigoso isso... encerrar minha busca, ocupar-me de coisas importantes como fazer alguém feliz, perder-me, encontrar-nos, descobrir o que tanto quis, o que tanto fiz, o que tanto pedi, perceber-me despreparada e ter que consultar um manual que...opa...não existe, nem no "santo google".

É bom quando podemos fazer as coisas com certa cautela, ter um tempo na fila de comprar o bilhete pra montanha russa, outro tempo na fila de acesso, um tempo de velocidade de passeio, outro tempo de velocidade acelerada, um tempo de movimento impetuoso e outro tempo de movimento de equilíbrio. Nestes casos a tendência é que o saldo emocional seja positivo, e foi.

Pusemo-nos a caminho. Isto é risco. Mas isto é também acreditar. Isto é confiar. Isto é estar vivo. Isto é ser teimosos com os planos pessoais. Isto é ser corajoso. Isto é saber que tudo muda a cada segundo. Isto é vencer os limites dos sonhos. Isto é como dizia Santo Inácio: "fazer tudo como se dependesse só de nós sem esquecer que tudo depende de Deus".

Que Deus nos acompanhe nessa descoberta, nos sinalize por onde e como, e haja o que houver nos permita ser presença simplesmente e também presença do bem, da verdade e do belo na vida um do outro.

Obrigada pelo encontro!

terça-feira, 8 de março de 2011

Um pequeno imprevisto

Em 2002 iniciei uma série "Sob o viés da Mudança" em que tratava da realidade fluída, tão mutável, tão instável, tão insegura,tão evolucionista, tão flexível, tão aparentemente ruim, tão assustadora, mas tão deslumbrante ao mesmo tempo. Lembrei desses e-mails que enviei a alguns amigos na época e neles reencontrei o Paralamas, o Herbert, que gosto tanto. Trago agora, aqui, porque a vida tem algo constante sim, a única coisa, a mudança. E é melhor aceitá-la, aprendê-la, respeitá-la, prevê-la e dominá-la até onde é possível, tanto quanto se faz com as descargas elétricas dos raios. Bem-vindos à vida, digo, às mudanças.

UM PEQUENO IMPREVISTO
(Herbert Vianna e Thedy Correa - Paralamas do Sucesso)

Eu quis querer o que o vento não leva
P'ra que o vento só levasse o que eu não quero
Eu quis amar o que o tempo não muda
P'ra que quem eu amo não mudasse nunca

Eu quis prever o futuro, consertar o passado
Calculando os riscos
Bem devagar, ponderado
Perfeitamente equilibrado

Até que um dia qualquer
Eu vi que alguma coisa mudara
Trocaram os nomes das ruas
E as pessoas tinham outras caras
No céu havia nove luas
E nunca mais encontrei minha casa
No céu havia nove luas
E nunca mais encontrei minha casa

quarta-feira, 2 de março de 2011

É lindo o gesto de se oferecer

SEJA VOCÊ (Paralamas do Sucesso)

1. Vai sempre Ter alguém
Com mais dinheiro, mais respeito,
Mais ou menos tudo o que se pode Ter.
Vai sempre sobrar, faltar
Alguma coisa, somos imperfeitos
E o que falta cega p'ro que já se tem.

2. Eu não te completo,
Você não me basta
Mas é lindo o gesto de se oferecer.

3. O que eu quero nem sempre eu preciso,
Mas dê um sorriso quando me entender.

R. Seja você!
Seja só você! (Bis)


terça-feira, 1 de março de 2011

A castidade na obra do Frei Ovídio Zanini

Há tempos venho lendo sobre o assunto sexualidade para melhor orientar os alunos onde trabalho. Nas minhas buscas por bibliografia, encontrei quase na totalidade obras que falam da sexualidade no seu aspecto unicamente biológico - anatomia e fisiologia. Mas de repente, me deparei com uma obra aparentemente simples, com um vocabulário até coloquial em alguns pontos, porém, o autor eu conheço, conversei uma vez pessoalmente e senti o impacto de sua força psíquica, de sua vocação em fazer o bem, em libertar as pessoas de suas amarras. Ele merecia que eu lesse esse seu livro: "Como viver a sexualidade".

Que encanto.

Trago aqui um dos temas apresentado no início da segunda metade do livro: a castidade.

O título que ele dá para o capitulo é: "Castidade, como forma de vivência da sexualidade"

Opa! Ele fala em vivência.

Nesse título já dá pra entender a advertência forte na contracapa do livro: "Castidade, sim! Castração, não!

Mas, afinal, o que é a castidade?

Olha que explicação belíssima.

Começa por onde um filósofo, um cientista deve começar... "castidade vem do verbo latino candeo, que significa "purifico, torno cândido, alvejo com esplendor".

Casto é um ser alvinitente, que produz alvura, e lembra que alvinitente é melhor que imaculado porque exprime o conceito dinâmico da castidade, enquanto imaculado confere caráter estático ao que não é.

Conceitua Continente, Puro e Casto.

Continente: que se abstém de atos genitalistas, em pensamento e em obras.
Continência é uma questão de genitalismo.


Puro: contempla a realidade como ela é, sem deformações, sem associações negativas. E a realidade como tal espelha sempre algo divino. O puro sempre a Deus em tudo.
Pureza é uma questão de visão, de percepção.

Casto: aceita a polaridade sexual. Rejubila-se com ela. Agradece ao Criador. Desenvolve-a. E torna-se um HOMEM.
Castidade é uma questão de exercício correto da polaridade sexual.

Frei Ovídio ainda pontua que prefere mil vezes um puro incontinente (embora isto seja vício ou doença) do que um continente impuro (que acha sexo coisa feia, suja e nojenta). E ainda sugere, que é bom ser continente e puro, mas é ótimo ser continente, puro e casto.

Ele vai além sobre a castidade...explica que o casto não somente evita ações contra a realidade do sexo, mas deixa-se abençoar e completar por essa realidade. Traz a citação de André Alsteens: "O valor da castidade está na sua vocação a tornar-nos perfeitamente humanos, a saber encontrar o nosso lugar no encontro com os outros, no respeito em todos os sentidos, da nossa dimensão de homem e mulher." e também sua advertência veemente: "A castidade não pode mais servir de álibi para a ausência de masculinidade ou feminilidade".

Mais abaixo na sua nota de rodapé cita Vidal: "O fato do pecado sexual reside na não-realização da própria sexualidade pessoal, que exige doação de si à pessoa amada. Enfim, pecado sexual é fazer da relação dialogal do sexo um monólogo (prazer e realização egoísta)".

Agora , o melhor estava por vir, Frei Ovídio se atreve a falar sa sexualidade de Jesus, da sua castidade:

Inicia dizendo que Jesus foi o perfeito exemplo de castidade. Jesus é Deus. Deus assumiu a sexualidade humana e a tornou divina. A sexualidade de Jesus é sexualidade de Deus. "...Deus humanado, Cristo Jesus realizou o casto poema de sua sexualidade. Só uma vez nos Evangelhos se diz que Jesus amava alguém, e nesse texto há meninas queridas: "Jesus amava Marta, a irmã de Lázaro"(Jo 11,5). Jesus fazia-se acompanhar por mulheres em sua vida pública, e por muitas (Lc 8,3) , numa época em que era proibido falar com mulher em público, nem que fosse a própria esposa. Conhecemos os nomes de algumas dessas mulheres bem-aventuradas: Maria Salomé, Maria mãe de Tiago, Joana de Cusa, Maria Madalena e outras. Até mesmo com mulheres pecadoras teve carinho e misericórdia infinitos. Uma de suas maiores amizades foi com uma prostituta, "porque muito ela amou"(Lc 7,47). Esta foi também a primeira testemunha de sua ressurreição, segundo João (Jo 20, 1 . 16,-18). Deixou-se ungir com óleo perfumado e enxugar com os cabelos por esta mulher que o amava profundamente (Lc 7, 36-46)."

Termina fazendo uma correção ácida: "Se Jesus é o modelo ideal para todos os filhos de Deus, especialmente para os que se esforçam nos caminhos árduos da santidade, não será ele também modelo a ser seguido nos caminhos da sexualidade? É heresia dizer que Jesus amava de maneira assexuada."

Eu sempre que li a passagem bíblica de Maria perfumando os pés de Jesus e enxugando com seus cabelos vi um profundo amor, um profundo cuidado, um profundo zelo, uma profunda entrega, um exemplo de carinho extremo, mais tocante do que seria qualquer outro contato físico, até porque muito mais incomum, mais significativo até. E o mais bonito... Jesus não fugiu disso, porque isto é bom, é bonito, é verdadeiro e é muito mais que genitalismo, é a troca, é a doação.

Fiquemos com isto: a sexualidade é linda. Ser Homem e ser Mulher é lindo. Nossas trocas são lindas.

Referência: ZANINI, O. Como viver a sexualidade. 6ª ed. São Paulo. Loyola. 1997. p. 56-58.