segunda-feira, 16 de julho de 2012

Entre tapas e beijos, todos preferem os beijos

Por que, no século XXI, ainda vejo mais pessoas querendo ter razão do que terem respeito? O nível de civilidade parece evoluir muito lentamente. A educação familiar, acadêmica, organizacional e social parece nunca vencer este instinto humano de poder, de dominação. Em nome de "estar certo" se agride tanto. Só hoje, vi duas cenas escancaradas dessas. Curioso que, em ambas, o "certo" saiu diminuído, apesar de sua razão, pela forma desrespeitosa do trato. E o "errado" saiu enaltecido por sua capacidade de calar, de esperar, de ver de cima, ver de longe, ver o todo e, generosamente, dar uma chance do "certo" repensar sua escolha, embora o "certo" não tende a rever posições. Na luta pelo poder, pela superioridade, as pessoas escolhem suas armas. E nelas está a diferença da autoridade instituída e da autoridade pessoal. Uma se obtém pela força da legalidade e das penalidades impostas, a outra pelo respeito. Simples. Fácil. Que tal escolhermos a arma mais nobre e digna do ser humano, este ser que é racional e emocional, cujo manual deveria vir com o protocolo de manutenção em relevo inscrito na pele ao nascer... "deve-se azeitar a máquina muitas vezes ao dia, caso contrário, ela emperra." Há máquinas tratadas com mais respeito e cuidado do que as pessoas que as operam. Isto, os Engenheiros Mecânicos não me deixam "mentir" sozinha...rs. Se uma máquina na indústria pára, são contados os segundos e o responsável pela manutenção é cobrado pela perda na produção, pois não programou a parada em tempo certo, não previu o desgaste, não armazenou as peças necessárias para troca e reposição.
Esta lógica de se permitir ter mais razão do que respeito é homicida. Traduzindo...crime de morte. Deveria estar contemplada no código penal. Deveria estar na conversa com os filhos ao redor da mesa de jantar. Deveria estar na discussão dos diversos níveis de ensino. Deveria estar na lista de motivos para as advertências organizacionais. Deveria ser o foco de agentes de civilidade - a exemplo de agentes de estacionamento público regulamentado...teríamos multa a quem sobrepusesse a razão ao respeito. Afinal, o que vale mais? Eu estar certo em meus argumentos ou eu estar certo em meus argumentos e forma de usá-los?
As roseiras têm razão de ter seus espinhos, mas estes são menores, menos coloridos, menos expostos do que as pétalas de suas flores, às quais se submetem colocando-se a seu serviço - o de protegê-las. Assim deveriam ser as pessoas, nossos argumentos deveriam estar a serviço de nossa capacidade de respeitar, de proteger o outro. Somos seres superiores sobre a face da terra, somos especiais, os únicos dotados de liberdade, inteligência e vontade. Como uma "super máquina" destas (os newtonianos agora inflaram com a comparação...rs) é tão mal cuidada? Contrassensos da humanidade. As autodestruições. O "tánatus" social. Urge conhecer o homem. Urge admirar o homem. Urge subir em outros mirantes para ver melhor o todo. Urge "beijar" mais.  

sábado, 14 de julho de 2012

Manu - seu manual com as mulheres - alerta sobre Abordagem Inicial!



Meu lindo, lembre-se, tudo deve começar suave!

  • Um atraso seu rompe toda a possível suavidade que viria. Um cancelamento de encontro então, é relacionamento natimorto. Fazer uma mulher se arrumar pra nada é desprezá-la. Que mulher, sentindo-se desprezada, vai investir ou insistir nesse ensaio ou arremedo de relacionamento?
  • Comece pelo básico, convencional mas eficiente sempre: "Bom dia!" Preciso dizer que você deve adequar a frase ao movimento da terra em torno do sol? Use "Boa tarde!" ou "Boa noite!" conforme a situação.
  • Vá com calma. Pergunte e ouça. Ouça! Não ligue sua vitrolinha. Se você fala demais, ela vai perceber que você não quer ouvir o que ela tem a dizer, apenas quer usar as palavras para conseguir o que todo homem quer..."cama". Preciso dizer? Na dúvida passe o cursor sobre o espaço entre aspas. rs.
  • Olhe nos olhos. Olhe! E diga com os olhos que ela parece uma rainha. Não deixe seus olhos mentirem. Se eles não brilharem ela vai perceber.
  • Pegue na mão dela, segurando apenas os dedos e beije-lhe o dorso. Nem pense em deixar sua saliva tocá-la. Não seja vulgar. Intimidade exige tempo. Apenas toque os lábios na pele da mão como quem toca o sagrado, reconhecendo-se um servo. Ela vai perceber seu cuidado e intuitivamente vai ler num letreiro móvel imaginário...Ge..mo..lo..gis..ta!. Sabe o que é um Gemologista? Um especialista em pedras preciosas. Entendeu? Vamos garantir. Se ela tiver essa intuição meu lindo, quer dizer que ela viu em você um homem capaz de valorar as pessoas diferentemente das coisas, ou seja, você sabe reconhecer uma mulher preciosa, rara. Ah! Todas são!!! Entendeu? Você é que precisa fazer o curso de "Gemologista". Acredite.
  • Sorria. Homem de mau humor é odioso. Não ironize. Nem deboche. Isso é agressivo, bélico, mortal. Afinal, você não está numa tribuna, num debate, você não precisa ter razão, precisa sim ser agradável, dar motivo para ela sentir saudade. O que faz uma pessoa buscar a outra é a sensação de prazer que ela lhe causou, e atenção, mulher sente prazer em rir, permita-lhe, provoque-a, você também gosta de vê-la sorrindo, cuidado com vícios aprendidos em casa. Se seu pai é mau humorado você pode ter copiado o modelo, corrija-se, você é capaz.
  • Treine tomando sopa. Sabe do que estou falando lindinho? Vou explicar: a maioria das sopas é servida quente. Normalmente começa-se mergulhando a colher nas beiradas que resfriam mais rápido e vai-se deixando o centro do prato para o final. Assim, comece com assuntos triviais e tranquilos para não se queimarem os dois. Não esqueça que azeite de oliva na sopa dá um sabor a mais, azeite sua conversa com um pequeno, sutil, mas verdadeiro elogio. Não seja falso, porque se ela não perceber na hora perceberá logo quando você se trair. Você não é perfeito para mentir. Mais cedo ou mais tarde se trairá e tudo o que fez antes se perderá.
  • Se você não se encantou com ela, ela não tem culpa, não seja grosseiro, despeça-se com delicadeza, não projete sobre ela a sua falta de atração (afinal isto não depende da vontade de vocês), tampouco dê esperanças falsas. Seja sempre verdadeiro e sempre cortez.
  • Agora, se você gostou dela, seja assertivo, deixe isto evidente, faça um convite (pode ser para sentar e conversar mais, para uma atividade juntos mais tarde...), mas não a coloque em situação difícil ou constrangedora, porque ela pode não ter se sentido atraída por você ou, sua pressão sobre ela pode provocar medo e afugentá-la. Dê a ela espaço, segurança, liberdade para o sim ou não, para se aproximar ou se afastar, isto garante mais um sim do que os grilhões de uma insistência insensível. 

Isto não é um jogo. Não estou dando dicas para "vencer" a mulher. Estou dando dicas para uma "aproximação" digna de gente, de pessoas, de ser humano, dos seres superiores sobre a Terra. Assim, mesmo que a atração não seja mútua, não ficará o gosto amargo do desrespeito. A não atração é compreensível, o descaso nunca.

Resumo: respeite profundamente a mulher diante dos seus olhos, ela se sentirá impelida a retribuir.   

O que somos capazes de amar

Não reclame. Não critique. Não fique triste. Não fique mudo. Não cobre.
Elogie. Seja imparcial. Fique feliz com as coisas. Seja comunicativo. Só agradeça.
Seja tolerante com a intolerância. Não sinta falta de nada. Ponha um sorriso nos lábios.
Use colírio pra fazer brilhar os olhos.
É mais barato do que ver o desconforto de quem não suporta descobrir que você não é Deus.
Você não importa. Só o outro importa.
Cuide dele, da sua alegria, garanta sua tranquilidade, sua paz, seu sossêgo, sua euforia, sua vitória, seu ego inflado, sua autoconfiança.
Você terá amigos para sempre, dependentes para sempre, até que você seja vivente.
Depois dirão que você foi uma pessoa rara.
Jamais terão coragem de macular a imagem de quem os elevou tanto.
Não está bom?
Não reclame.
É o que temos.
Pegar ou largar.
Vai ter coragem?
Pegar é sorrir com as migalhas.
Largar é arriscar as migalhas pelo incerto
de um dia alguém
ser forte o suficiente
para aceitar que você não é
o Deus que ele queria que fosse.
Eu diria mesmo,
improvável,
coisa daquelas
que se chamam milagres.
Ah! Mas se você tem fé
do tamanho de um grão de mostarda
aparecerá quem lhe faça
primeiro derreter,
amolecer,
duvidar até,
depois se convencer
pra enfim
abandonar-se
nos braços desse outro tão incomum,
que talvez tenha aprendido
o mesmo jogo,
aquele,
em que só o outro importa.
E aí a dúvida volta
pra corroer a fé,
pra lhe devolver
a solidez,
a firmeza,
a certeza cruel
de que
você não importa,
de que é só um jogo,
onde o prêmio
são as migalhas
de uns para os outros
- aquela porção divina de cada um -
o resto imperfeito nunca interessa.
Não insista.
Aprenda logo:
Migalhas ou nada.
Afinal,
você também não suporta
descobrir que o outro não é Deus.
Então,
vai comprar o colírio?


terça-feira, 10 de julho de 2012

Um pouco de Poesia

Inegociável


Eu sou da palavra
A palavra é minha
      Eu dou a palavra.



Eu sou do gesto
O gesto é meu
      Eu dou o gesto.


Eu sou da voz
A voz é minha
      Eu dou a voz.



Eu sou do mundo
O mundo é meu
      Eu dou o mundo
Por minha palavra
Por meu gesto
Por minha voz.

      Fiquem com o mundo
Que eu fico a sós.


(Laura Ressan)

 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mística e eros - A mística da união - Cap. I

1. A tradição espiritual (p. 15 a 27)

O autor nos traz a mística da união encontrada na obra dos padres gregos da Igreja.

- De Orígenes:  Orígenes serve-se da linguagem do Cântico dos Cânticos para exprimir a experiência mística pela qual Deus quer unir-se à alma humana. O amor celebrado no Cântico dos Cânticos é aquele "entre o casal de esposos ou enamorados que sempre estão dominados pelo desejo de aproximação e ternura e pelo impulso à união". (Köpf, p. 62) Foi assim que Orígenes desenvolveu uma mística esponsal, em que está em jogo o tornar-se uno com Deus na alma. Ele usa como recurso a linguagem erótica a fim de poder tornar compreensível a nossa relação com Deus  e fundiu a mística do amor à mística da união.

- De Evágrio Pôntico: a comtemplação como caminho espiritual, da contemplação da natureza (criação) e de Deus trino. A contemplação não leva a nada menos que ao mundo;... pois vê o mundo como ele realmente é, toca a essência de todas as coisas. Contemplação significa deixar para trás todo pensamento e imagem, toda representação e sentimento e para além do pensar e do sentir, unir-se a Deus. De repente tudo se esclarece. Percebo que tudo é bom; Entro em contato com o mistério que está por detrás de cada coisa, com o fundamento do ser, entro em contato com Deus mesmo. Tudo é bom, tudo é perpassado por Deus. Deus É.

- De John Eudes Bamberger: "Vejo Deus nas coisas, reconheço o criador na criação..."

- De De Mello: "Vivo a realidade no seu verdadeiro ser...sem deformá-la através das lentes dos meus preconceitos e desejos. Nesta atitude de consciência pura, em cada coisa entro em contato com Deus mesmo, fundamento misterioso de todo ser.

- De Gregório de Nissa: O ser humano tende a Deus. Deus mesmo feriu o ser humano com o seu amor. Em consequência, o ser humano, uma vez ferido de amor, abre-se para procurar este Deus até que consiga unir-se a ele. Trata-se de um amor erótico que impele o ser humano a buscar Deus de modo apaixonado, assim como a namorada do Cântico dos Cânticos procura o namorado, um amor transbordante de desejo, próprio porém de um desejo sem corporificação que sempre de novo ultrapassa o amor entre um homem e uma mulher.

- De Dioniso Areopagita: Deus só se mostra na obscuridade. "Tu, porém, ó caro Timóteo, tu que seriamente te afadigas por ordem à visão mística, abandona as percepções e tudo quanto não é e quanto é , e aspira não por força da consciência a tornar-te uno - pelo quanto te é possível - àquele que ultrapassa todo ser e conhecer."

- De São Bento: Ele se relaciona com o mundo de modo a reconhecer nele Deus mesmo. O mundo torna-se espelho da glória de Deus. Deus e mundo não estão separados; além do mais, o mundo torna-se permeado por Deus e Deus pode ser compreendido através do mundo. No êxtase São Bento funde-se à criação. É esta a mesma experiência que nós ardentemente desejamos alcançar na sexualidade, a fim de crescermos para além de nós mesmos e tornar-nos um com o fundamento de todo ser. O desejo de união, de fusão, impregna tanto a experiência sexual quanto a mística. Quanto mais encontramos a nós mesmos, quanto mais conhecemos e aceitamos a nossa humanidade, a nossa "terrenidade", a nossa humildade, tanto mais entramos em Deus, tanto mais alto subimos a escada em direção a Deus. A escada para Deus tem início na tensão entre corpo e alma, entre eros e mística. Não omitindo o corpo e a sexualidade, iremos a Deus, exatamente por intermédio deles.

2. Mística e psicologia transpessoal (p. 27 a 48)

O autor nos traz a mística da união e liberdade do ser humano encontrada na psicologia transpessoal.

- De Abraham Maslow: Ao lado dos desejos que motivam a pessoa - segurança, posse, poder, pertença, valor próprio, realização de si - também se enumeram os metadesejos - verdade, bondade, ampliação de consciência, unidade consigo mesmo e com Deus, autotranscendência. Fala da experiência culminante que compara com a experiência mística: "O ser humano acessa ao absoluto, torna-se uma só realidade com ele, ainda que isso aconteça apenas por um breve instante". Podemos fazer uma tal experiência culminante/mística (1) no nascimento de um bebê, (2) no diálogo com um amigo, (3) no mergulho na música, (4) na fusão sexual com o parceiro ou, (5) nos despertamos para uma pura tomada de consciência. A experiência culminante tem sempre a ver com êxtase. Ultrapassamos a limitação da nossa percepção e nos tornamos uma só realidade com o mistério do ser na sua totalidade.

- De Roberto Assagioli: O estado de consciência da pessoa normal é, em geral de sono. Estamos impregnados pelas ilusões que temos sobre o mundo e sobre nós mesmos. Somos com frequência "vítimas dos fantasmas interiores, de dependências e complicações" (Assagioli, 1992, p. 103). A libertação torna-se possível quando aprendemos "a observar a comédia humana do alto e de uma certa distância, evitando emaranhar-mo-nos por demais emocionalmente. ...e descobrimos em nós o verdadeiro ser, o qual é livre do poder dos nossos pensamentos e sentimentos, é livre também das expectativas e das pretensões que os outros nos atribuem. Acredita na possibilidade de que a energia sexual possa ser convertida em espiritual. Para isso primeiro a energia sexual deve ser transformada em emocional. Depois, "num grau mais elevado, chega-se à sublimação das emoções pessoais num amor espiritual em outras essências e para Deus. ...transformando o amor humano em religioso". (Idem p. 243). A sublimação acontece somente se "não se tenta reprimir as energias subordinadas ou sufocá-las com comportamentos hostis"; no entanto, "se oferece toda imaginável possibilidade de exprimir-se às energias mais altas. Não se trata de amar menos, mas de amar melhor". (Idem, p. 244). Concorda com São João da Cruz: "Só um amor muito elevado está em condições de derrotar um baixo". (Idem, p. 242). Cita Schopenhauer, para quem o despertar da sexualidade traz sempre claramente consigo também uma energia espiritual "Nos dias e nas noites em que a tendência à voluptuosidade chega ao máximo da sua potência... é então que as energias espirituais estão no seu máximo... prontas para a mais alta atividade". (Idem, p. 243) Para Assagioli é de todo natural que os místicos, querendo amar a Deus apaixonadamente, ao mesmo tempo também seguissem as pegadas das próprias energias sexuais. E é também compreensível, que o amor místico conheça "reflexos semelhantes ao amor humano". (Idem, p. 306) "Por isso os místicos falam de núpcias místicas... Também aqui encontramos sempre as mesmas propriedades do amor: a sede de completude, a união e, em seguida, a projeção, a expressão do amor" (Idem, p. 306) a serviço das pessoas.

- De Ken Wilber: Na mística unimo-nos a Deus e somos unificados em Deus no fundo da alma. Wilber vê a experiência mística da meditação como caminho para o audesenvolvimento pessoal e chama-o de "des-identificação" de pensamentos e sentimentos, de desejos e problemas, para conhecer a sua verdadeira essência, premissa importante para sua libertação. Os nossos desejos e necessidades são apenas compensações substitutivas para a consciência da unidade do todo.

- De Walsh: Aquele que experimenta Deus no mais profundo da própria alma, a este gradualmente empalidecem "hábitos insuportáveis e necessidades aparentemente irrepetíveis".

- De Fadiman: A realização mais importante da psicologia está em mostrar à pessoa que ela "é mais que uma individualidade".

- De Vaughan: A autotranscendência não é feita como qualquer coisa de puramente individualista, pois ela cria uma nova relação com o mundo e com todos os seres humanos. "Aqui nós nos experimentamos não mais como isolados, mas como parte de um todo maior, como estando ligados com tudo, em profundidade e como uma relação contínua".

- De James Bugental: A base da terapia transpessoal é conduzir a pessoa à própria pátria interior - espaço do puro silêncio - onde experimento Deus, um santuário onde posso sentir-me em casa, onde sou amado, espaço de calor e ternura, de amor e de misericórdia.


- De Marscha Sinetar: Descreve místicos que vivem no mundo e nele vivem seu desejo de infinito. Um marceneiro: "Há uma constante em minha vida, quero dizer, este desejo que tudo abraça, esta aspiração de permanecer ligado com a unidade do universo. Uma senhora: "Às vezes sinto-me como que em êxtase. Imagino estar enamorada pela primeira vez...Posso sentir este sentimento de amor que emerge da minha interioridade e se espalha e irradia em tudo.


- De Mello, jesuíta indiano: Mística significa que nós despertamos e estamos em contato com a verdadeira realidade. Eros, amor é que dá força para a união com a realidade, com Deus, portanto, para a mística. Todos os místicos descrevem a sua experiência do vir-a-ser uno com Deus como puro amor.


A mística da união não é tanto confirmada por um amor concreto a uma determinada pessoa, mas pelo sentimento profundo de amor. Tudo no ser humano é amor. O amor escorre através do seu corpo e da sua alma e transforma toda a pessoa. O amor é mais que sentimento, é puro ser.


3. Mística e modelo erótico em Peter Schellenbaum (p. 48-56)

O autor nos traz a mística da união pela libertação das identificações com o próprio eu.

- O modelo erótico se apresenta pelos caminhos da meditação que implica deixar acontecer, não opor-se, não dividir-se, conscientemente relaxar para alcançar a serenidade que é renunciar àquilo que a vontade isolada quer e aceitar aquilo que deve acontecer, estar disponível, deixar-se envolver pelo real e segui-lo.

- Descobre-se um amor novo que ama o todo, incluindo cada contradição.

- A relação entre mística e eros é perceptível na capacidade do indivíduo de entregar-se à corrente e à energia da vida e do amor, de escapar à captura do próprio eu e de acreditar na vida.

- Mística consiste em tornar-se uno com o mundo e com o seu fundamento, isto é, com Deus, que é puro amor e cujo amor estamos em condições de sentir à medida que nos entregamos a ele.

- Somente se sentirmos o amor em nós, estaremos em condições de amar o próximo sem exaurir-nos.

- No modelo erótico encontramos aquele Deus que nos protege incondicionalmente.

- A mística é a experiência do amor divino que quer encarnar-se em nós, e que já está em nós, que se espalha pelo nosso corpo e o vivifica.

- A mística é uma nova capacidade relacional, a capacidade de relacionar-se com outras pessoas e com a criação de um modo amoroso e provar, através do modelo erótico, sempre mais o prazer deste amor, a alegria do amor.

- Entregar-se ao amor acontece quando seguimos as pegadas da energia do amor no nosso corpo.

- Desse modo, podemos pensar que a força da paixão sexual pode impelir nos místicos o amor a Deus.

- A mística nos faz experimentar a vida divina não apenas em nós mesmos, mas também em cada pessoa e em toda criação.

- Sempre quando começam a fluir em nós o amor e energia de vida, temos o pressentimento de algo divino como plenitude de vida, daquele Deus que faz estremecer também o nosso corpo.

- A mística é o caminho para uma vida mais intensa, porque ela quer colocar-nos em contato com a verdadeira realidade.

4. Mística e criança divina em John Bradshaw (p. 56-62)
(em construção)