sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Compensação e transferência: uma questão de alívio!

Não é preciso ser psicólogo pra saber que as pessoas passam a vida tentando compensar as perdas, principalmente as da infância. Do auge dos meus 43 anos é facilmente observável o jogo compensatório, meu, seu, e de todos.

Queremos a qualquer preço o que nos faltou: comida, afeto, dinheiro, calor... pena que isto não aconteça com o conhecimento. É como se a falta de algo importante, básico em dado momento da vida, ficasse latejando, determinando as ações. Alguns de nós foram bem "envernizados", disfarçam bem. Outros nem isso. Mas todos queremos ganhar. E se assim não acontece, queremos arrancar, com jeitinho ou sem jeitinho.

Alguns querem ver no outro o mesmo sentimento de perda que tiveram, o mesmo sofrimento, querem saber que o outro teve a mesma perda e se o outro não teve querem causar-lhe e mais do que isso, causam e com isso se comprazem, por "puro senso de justiça". Ou seria "vingança" com endereço errado?

Por duas vezes fiz um experimento com uma pessoa que insistentemente quer ver as outras abatidas, como se assim fosse possível uma tranferência de seu estado. Humilhei-me, mostrei que seu jugo, seu poder, sua ação é que me colocava "de joelhos", "curiosamente" ou não, nas duas vezes vi seu semblante expressar prazer: seus olhos brilharam, os cantos dos lábios abriram-se mesmo que contidos pelo pouco verniz, o queixo ergueu-se e o peito...o peito inflou. "Ela ganhou", ela conseguiu não estar sozinha na sua dor insuportável, só não sabia que eu observava e livremente oferecia-me em sacrifício para seu deleite, ou melhor, para  minha maior clareza de sua condição tão instintiva, tão pouco controlada, tão pouco iluminada pela razão, tão mal intencionada.

Pobre espírito, aprisionado às desventuras situacionais, reproduzindo seu cárcere na vida dos outros, agora intencional. E como intenção é o elemento que define o pecado e o crime doloso, os carentes de coisas básicas na infância são pecadores e/ou criminosos em potencial.

Demos de comer, beber e vestir às criancinhas antes que elas crescidas vivam a tentar nos devorar e com isso, no mínimo nos cansem do exercício de defesa de sua voracidade.

Qual será a nossa fome, a nossa sede, a nossa carência latejando a nos mover?

Quais as curas dessas faltas que podemos nos dar, que já nos demos e que nos daremos?






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