Para quem trabalha/convive com gente!
Nossas ações estão sempre ligadas, são sempre baseadas, decorrem sempre de princípios...e princípios...
...são como filtros ou lentes, através das quais vemos a realidade.
...compoem os valores que acreditamos, que assumimos na prática.
...quando os conhecemos com clareza, quando os escolhemos livremente, nos tornam coerentes e os defendemos independente do momento e do lugar.
O referencial que agora proponho para servir de lente através da qual olharemos para as pessoas com quem trabalhamos/convivemos, é o Humanismo, e ainda com o tratamento que essa "lente" recebeu para oferecer-nos um diferencial, que é o Humanismo Cristão, que se nos apresentará a partir de vários pensadores:
1. Jesus Cristo
- que trata o homem como pessoa (dotado de inteligência, liberdade, vontade, responsabilidade);
- dá particular atenção aos marginalizados da sociedade: pobres, escravos, mulheres, crianças, prostitutas, etc.;
- que conhece os outros pelo nome. Ex. zaqueu, Mª Madalena. Os evangelhos são a única história da Antiguidade em que os pobres e humildes tornam-se protagonistas ao lado do personagem principal;
- que anuncia a libertação do homem. a) Interior - dos instintos, das paixões, das servidões espirituais, das maldades e dos ódios, dos pecados. b) Exterior - da escravidão da opressão, da discriminação social, da injustiça, do legalismo, do medo e até da morte.
- que prega o Amor a Deus e ao próximo. Amor que é:
. interioridade: nasce no coração;
. universalidade: dirige-se a todos, inclusive os inimigos;
. delicadeza e generosidade: age heroicamente em favor do próximo, evitando as mínimas ofensas;
. exterioridade: expressa-se nas obras e pelas obras.
2. Santo Agostinho (354 - 430)
- o homem é interioridade: o que constitui campo de exploração e fonte de inquietudes;
- o homem é transcendência: busca continuamente algo que o supera e transcende - Deus.
3. Santo Tomás de Aquino (1225 - 1274)
- o homem é matéria e espírito: um ser indivisível. Está submetido às leis da matéria - temporalidade, espacialidade, opacidade, pluralidade, etc. e às leis do espírito - imaterialidade, atemporalidade, universalidade, imortalidade;
- o homem é dotado de inteligência e por isso é elevado à dignidade de pessoa, ser superior a qualquer outro;
- a pessoa é um fim em si mesmo, que por isso nunca pode ser instrumentalizada, usada como meio, pela sua racionalidade;
- à disposição da pessoa devem estar todos os bens. A propriedade privada se admite pela questão de ter alguém que a administre para conservação, aumento e distribuição, sim, porque o uso dos bens é comum a todos que deles precisam.
4. Kierkegaard (1813 - 1855, dinamarquês, luterano, existencialista cristão - a existência precede a essência)
- o homem singular vale mais que a espécie;
- o homem só é ele mesmo, só é singular, real e autêntico perante Deus e isso só é possível mergulhando em si mesmo e entrando em relação com o Outro (Deus no caso), o poder que o criou.
5. Gabriel Marcel (1889 - 1973, francês, autor e crítico teatral)
- o homem pode viver em 2 (dois) planos: o do ter e o do ser.
- O plano do ter é o plano da objetividade, problematicidade e da técnica, portanto, da alienação e do desespero;
- o plano do ser é o plano da subjetividade, da intimidade, das experiências pessoais e indizíveis em que o homem se reencontra a si mesmo, vive sua existência autêntica, realiza suas potencialidades;
- o homem se realiza como singular, original, no recolhimento, no mergulho em si mesmo, onde ele não encontra só a si ou ao Outro (Deus), mas também os outros e é através dos outros que vislumbra Deus. Ser é "Ser Com"o outro.
6. Teilhard Chardin (1881 - 1955, francês, padre jesuíta)
- o homem é portador da evolução - essa força que move o mundo para formas sempre superiores de ser, de vida, de consciência;
- o homem é portador da energia criadora de Deus, é chamado a ser mais que instrumento, mas prolongamento vivo do poder criador de Deus, construir com Deus este mundo em evolução;
- o homem é o produto mais complexo, mais conscientizado da evolução;
- a evolução de que o homem é portador terá um termo final, chamado Ômega - que é o encontro entre a humanidade e Deus/Cristo, ou parusia, ou fim do mundo. É, pois, o Ômega a origem de toda a energia evolutiva.
Referência:
NOGARE, P. D. Humanismos e anti-humanismos: introdução à antropologia filosófica. 10ª ed. Vozes. Petrópolis, 1985, p. 43-53; 117-139; 168-189.
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