Alguns têm uma perspectiva do mundo do sofá. Outros da janela. Outros da rua. Outros do céu. Outros da sarjeta. Alguns de todos esses lugares.
Alguns têm uma perspectiva de mundo dos livros lidos.
Alguns leem a vida dos outros.
Alguns vivem o que leem ou só o que leem.
Alguns só leem.
Alguns só vivem.
Alguns nem leem, nem vivem.
Alguns leem e vivem.
Eu sempre gostei das duas coisas integradas, circunscritas, permeáveis, a leitura e a vivência como temperos uma da outra.
E por mais que saiba que não é preciso por a mão no fogo pra saber que ele queima, tenho queimado a mão.
Talvez eu leia algo sobre curar queimaduras.
Talvez não encontre um médico.
Talvez sucumba apesar dessa leitura.
Talvez eu só esteja no processo da curvatura da vara, tendendo agora para outro lado até voltar ao centro.
Será que os livros explicam isso?
Será que a vida é mesmo isso?
A sua, a minha e a de todo mundo?
O que será o mundo?
O que li sobre ele?
O que vivi no pico da montanha e na sarjeta?
O que alguém já leu ou viveu?
Minha perspectiva tem se tornado cada vez mais humana e menos angelical.
Minha humanidade tem sobrevivido às letras mortas,
tomara minhas letras mortas sobrevivam à humanidade.
Tomara minhas perspectivas de mundo se dilatem ainda mais.
Tomara minhas leituras escrevam sempre nova história,
vivida, enriquecida, perfumada de realidades e fantasias,
e minhas idiossincrasias sirvam de luneta e de tinta de caneta
para ver além e escrever, o que talvez seja um dia
uma das perspectivas de mundo de alguém
que lê sentado no sofá.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
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