segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aprendizagem direta e indireta

Enquanto diretamente aprendo sobre Direito - Previdenciário, Administrativo, Constitucional; Língua Portuguesa de novo; Raciocínio Lógico outra vez; Noções de Administração; Conhecimentos Matemáticos; indiretamente aprendo sobre desumanização, sobre limites, sobre neuroses, sobre injustiça social, sobre "energiatomia" (neologismo pra indicar incisão na energia), sobre cultura objetivante em detrimento da cultura subjetivante, sobre priorização, sobre impossibilidade humana, sobre o poder do ginseng e da cafeína, da indiferença e do descaso alheio, sobre a imperatividade dos modelos de infância como o da inquietude, sobre ganhar o pão com  o "suor" do rosto e com o "sangue" da alma, sobre vale quanto pesa, sobre a tão comum incapacidade empática - típica dos psicopatas antissociais (sem cura ainda), sobre incapacidade pessoal de planejamento, sobre volubilidade, sobre ineficiência e ineficácia, sobre doenças da vontade - menos a obstinação e a procrastinação, sobre excitabilidade excessiva para a vida e a incapacidade corpórea de correspondência, sobre estar e não estar numa situação ou estar em duas ao mesmo tempo, sobre estar no mundo e não ser do mundo (não estou falando de esquizofrenia), sobre preferir ter menor consciência para menos impacientar-se, sobre subutilização das competências humanas, sobre estratégias suicidas de uma organização de pessoas ou de uma delas, sobre a preciosidade do sono e a incrível ineficácia da ciência para suprí-lo com alguma droga, sobre o mérito do pão e a concessão da migalha, sobre a resistência a servir-se do que sobra, sobre isto poder significar sintoma da megalomania típica de um quadro clínico psíquico específico ou não, sobre experiência de exaustão, sobre ensimesmamento próprio e alheio em crescimento exponencial, sobre generosidade rara mas possível, sobre presentes que surgem, sobre desfrutar o que é possível, sobre se agarrar ao que se tem, sobre rever todos os valores em função das contingências e necessidades básicas, sobre o jogo da Pollyana não ser de todo mal ou enganoso, sobre ser feliz apesar de, sobre sempre querer mais, sobre ter sede insaciável de absoluto, sobre reconhecer a perfeição de algumas atitudes, sobre superação mesmo que isto arranque um riso irônico de mim mesma, sobre lutar  em vão, sobre esperar a morte chegar com os ares da falsa nobreza de quem finge não se cansar, sobre minha incapacidade de tergiversar para sobreviver ou mesmo para morrer. Por isso ainda vou atrás de outras aprendizagens diretas, mais comuns, mais aceitáveis, mais louváveis, mais óbvias, mais úteis, mais pragmáticas agora. Ah! Antes tivesse eu escolhido melhor - a aprendizagem direta a ser realizada em outros tempos. Quero dizer com isso que poderia ter sido uma aprendizagem que gerasse mais rentabilidade, afinal, tanto estudo, tanto saber para pouca justiça quanto ao retorno do empenho. E como se espera deste blog algo mais picante, não posso deixar de dizer que teria sido sobejamente melhor dedicar-me à aprendizagem direta da sofisticação da arte de Maria Madalena, que na pior das hipoteses garantiria um prazer mais palpável e não tão etéreo, tão somente intelectual. Acredita que penso mesmo nisso? Não? Apenas coisa da idade: escrachar as possibilidades já que as realidades são insuficientes, insatisfatórias, incapazes de arrancar um riso, mesmo que irônico. E a ironia é a arte dos fracos, mesmo que momentaneamente.  Livra-me Deus, então, dessa fraqueza, dai-me a força para não brincar com coisa séria ou dai-me alguma coisa que não seja séria pra eu poder brincar um pouco e ficar leve como os infantes despreocupados e esperançosos. E pra quem não entendeu nada, vou traduzir: muitas horas de trabalho não reconhecido e mal pago, acrescidas de muitas horas de estudo pra concurso, pra tentar ao menos ser bem paga e com isso dar-me o que gosto e mereço. No meio desse processo, impossível não "ler" a realidade das relações humanas, das minhas relações humanas. Não gostei dos dois últimos períodos do texto, tiram toda a graça da dúvida, da pergunta, da investigação, mas satisfazem o leitor mais desatento, menos perspicaz ou, tão somente que não me conhece ou não me acompanha neste momento (sinta-se desculpado). Então, hoje darei uma chance a esse, mas registro que prefiro a incógnita gerando infinitas possibilidades de interpretação. Generosidade? Não mesmo. Acho que é só mais uma forma de acentuar o escracho da vida.

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