domingo, 23 de setembro de 2012

Gravidez na adolescência!


Digam ao coração de uma pessoa: "Não bata"! "Bata devagar"! "Acelere".

Se funcionasse, os cardiologistas ficariam dando aulas aos pacientes, repetindo para o coração deles "Bata regularmente! Bata regularmente! Bata regularmente!..."

Assim como esperam pais, professores e toda a sociedade hipócrita que ao repetir para os adolescentes na televisão, na escola e às vezes em casa "Use camisinha! Use camisinha! Use camisinha!"..ad eternum, os fará de fato usarem.

Vamos entender uma coisa simples, há um império biológico que a ciência até já conhece um pouco e já aprendeu a dominar em certos sentidos, mas não de todo.

Quero dizer com isso, o que você já deve ter concluído, sim, o organismo vai amadurecendo, mudando a produção de hormônios e neurotransmissores e determinando alguns impulsos e até comportamentos.
Aí viriam os racionalistas..."mas o ser humano tem uma faculdade superior que é a razão, a capacidade de conhecer e de conhecendo analisar, ponderar e só então escolher pra depois agir". 
E sobre isso vou dizer..."sim, a teoria é linda" e de fato temos que caminhar pra isso se quisermos mesmo ser os seres superiores sobre a face da Terra. Mas não podemos viver no mundo das ideias de Platão. Para o ser humano ser capaz de usar a razão no sentido de iluminar suas decisões e ações é preciso outra educação, não apenas fornecer informação, teoria, conhecimento construído e comprovado.
Vamos ao ponto nervoso da humanidade, que faz de alguns Grandes Homens e, de outros medíocres, pequenos, menores...a VONTADE!
O que precisamos é educar a Vontade, fortalecê-la. No meu trabalho costumava falar da "Musculação da Vontade", que é justamente ajudá-la com a análise prévia das situações diversas e uma vez escolhido, decidido o que fazer, ser firme no exercício da escolha, da ação decidida.
Hoje, mais do que ontem, temos pais com doenças da vontade, e por isso, temos filhos com doenças da vontade. Já escrevi sobre a Vontade no blog em 26 de julho de 2010 com o título "Atividade Volitiva". 
Portanto, uma adolescente engravidar no século XXI não tem a ver com falta de informação como diz o senso comum, negando a enxurrada de dados na internet, primeiro tem relação com o império biológico, que tem toda razão de impulsionar para a reprodução, pois, quanto mais novos os óvulos e os espermatozóides, mais sadios os filhos. Depois tem relação com a falta de tônus da Vontade, ou seja, uma Vontade fraca, incapaz de gerir a vida sob a égide da razão, incapaz de manter o ser humano firme no caminho da decisão tomada após análise racional da situação.
Não culpemos, portanto, tão somente nossos adolescentes por tornarem-se pais tão cedo, afinal os coitadinhos ficam entre o império biológico e a fraqueza de vontade, cujo a culpa é, muitas das vezes, dos seus pais.
Penso sinceramente, que é bobagem insistirmos em retardar a gravidez em nome de primeiro estudar, primeiro construir um patrimônio material e financeiro. Nosso país está se tornando velho e isto trará sérios problemas sociais e econômicos. Vamos inverter a lógica. Vamos pensar numa estrutura social que possibilite aos casais terem filhos cedo e poderem continuar a estudar e trabalhar. Vamos oferecer mais serviços de atendimento às crianças em suas diversas fases de idade. E por favor, não queiram incluir aí os (as) avós. Avós não perdem só o tônus muscular com a idade, mas perdem o tônus de tudo, flexibilizam tudo porque estão cansados, porque querem compensar as tantas vezes que viram os filhos receberem um não com a imediata fisionomia chantageadora de "coitadinhos". Avós querem só a parte boa da relação com as crianças e se desobrigam de cobrar, de fazer acontecer. Avós desenvolvem uma retórica, um discurso normativo no sentido de isentá-los de cobranças por parte dos pais dos netos, mas são nefastos na ação sorrateira sob o princípio do "deixe fazer".
Tem sido bem confortável acusar os adolescentes de falta de controle, de falta de conhecimento, de irresponsabilidade, porque isto tira o foco do olhar para os adultos irresponsáveis da nossa sociedade, os avós, os pais, os políticos, os educadores, os comunicadores sociais, os líderes sociais, que preferem calar diante do excessivo uso de pílula do dia seguinte ou dos abortos ou do trabalho árduo de uma mãe que insiste em estudar e trabalhar, do que rever a estrutura social, reivindicar mais, novas e diferentes instituições de atendimento à criança.
Não sejamos hipócritas, pouquíssimos conseguem administrar o império biológico adequadamente, fosse fácil, não precisaria pílulas anticoncepcionais para os adultos, bastaria o uso da descoberta do método Billings e o fortalecimento do uso da Vontade.
Não sejamos hipócritas, quanto mais velho gerar um filho, mais riscos de síndromes e deficiências além de falta de vigor para criá-lo com a devida firmeza e cuidado.
Não sejamos hipócritas, as mulheres ainda pagam o preço mais alto disso e à sociedade ainda machista não interessa resolver isso.
Não sejamos hipócritas, os (as) avós não têm que cuidar dos netos.
Não sejamos hipócritas, pode estar escondido no preceito do senso comum do primeiro estudar, depois construir um patrimônio pra depois ter filhos, uma certa inveja dessa juventude em plena maturidade para procriar e fazer a revolução da vida que sempre se renova no filho.
Eu diria apenas que ter filhos na adolescência só é ruim porque a sociedade não está organizada para dar conforto à mãe. Quando isto se implantar, se estabelecer como política pública e privada, que venham os filhos dos jovens pra garantir um país mais jovem, mais saudável, mais produtivo capaz de garantir melhores condições aos mais velhos.
Simples assim, não precisa inverter a lógica biológica, tampouco a cultural, basta inverter a lógica social. Teremos filhos mais cedo, estudaremos e trabalharemos, porém teremos mais instituições de atendimento infantil.
É como a água do rio que contorna as pedras, mas chega em seu destino.



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