quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Não devíamos nascer com pés porque alimentam a ilusão do chão
Se você tem dificuldade de entender a volubilidade das coisas, a inconstância do ser e do não ser, do estar e do não estar, faça ao menos uma mudança de casa e de cidade na vida.
Depois de um tempo essa realidade volátil pode se tornar tênue às suas percepções pelas falsas seguranças que acabamos construindo novamente, então, para recuperar o senso da instabilidade das coisas faça uma segunda mudança de morada. Não sobrarão certezas, exceto a de que a mudança é a única constância da vida.
Talvez eu esteja nadando em "lugar comum" para quem tanto já se mudou geograficamente. Talvez alguns desses já tenham se anestesiado depois das primeiras experiências. Talvez eu pareça uma infante tratando de um assunto tácito para os bem vividos. Talvez seja necessário rediscutir o tema. Talvez eu discuta muito e ainda assim prefira uma taça de vinho ou duas, quiçá uma garrafa toda pra esquecer as perdas que minhas mudanças geraram e, para fantasiar ganhos que não existiram ou não são perceptíveis neste momento.
O que estou fazendo aqui ainda?
Preciso mesmo responder por que uma pessoa se sujeita a mudar para onde não quer, a fazer o que não lhe realiza, a maquiar o amarelo que surgiu no canto da boca quando sorri?
Espírito aventureiro! Jogar-se no desconhecido! Calcular alguns pequenos riscos para poder lançar-se a outros! Testar os próprios limites e capacidades!
Isso sim é "lugar comum"!
Mas como não sou dada a isso, vamos à realidade.
O que estou fazendo aqui ainda?
Sou uma retirante. Uma refugiada. Perdi meu lugar. Perdi.
Comecei um movimento de centração e descentração a exemplo do que falava Teilhard Chardin e, de repente, longe foi que encontrei uma das coisas perdidas, mas, paradoxalmente, recuperar esta me fez perder todas as outras.
Esta coisa parece importante então?!
Sim, se consideramos o imperativo da nossa natureza física, material, corpórea e só. Sim. O suficiente pra calar-me, pra conter-me, pra me colocar em situação de stand by, apesar de em si significar a possibilidade para fazer todas as coisas.
Quanto mais pão menos tesão.
"A gente não quer só comida,
A gente quer comida
Diversão e Arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte..." (Titãs)
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