Gosto das músicas do Frejat.
Suas letras, embora com uma poesia básica, falam muitas vezes das contingências tão humanas. Não sei ainda se ele estudou a psicologia feminina pra escrever, mas fato é que em muitas de suas músicas ao invés de descrever nossos sonhos - como seria mais fácil, parece preferir realizá-los.
Ao menos, ouço nas suas músicas muito do que gostaria de ouvir alguém dizer um dia.
Seja por profissionalismo e/ou marketing, seja por acreditar no que escreve, o resultado é uma utopia bonita, uma saída para os tempos de alta modernidade nas relações interpessoais cada vez mais ensimesmadas.
Quer um exemplo disso?
Ocorre-me três músicas de imediato, duas mais antigas...de uns oito anos atrás talvez... "Por você" e "Procuro um amor". Outra do CD/2008... "Eu não quero brigar mais não".
Hoje vou comentar algumas músicas desse CD intitulado "Intimidade entre estranhos".
Vamos à primeira do CD:
Controle Remoto
Aqui ele fala da realidade dura, do sonho de resolver tudo num clique, mas da possibilidade de nos fortalecermos diante dos problemas. Isto tem uma importância muito grande na estruturação da personalidade de uma pessoa - enfrentar as situações adversas. Pena ver tantas pessoas fugirem dos conflitos, negá-los, até morrerem fracos. Diante de uma escolha devemos nos perguntar sempre: "Estou escolhendo isso pra fugir de alguma coisa"?
Eu queria te falar de paz e amor, de filosofia
De cinema, de pintura, de música e de poesia
Eu queria te abraçar e te proteger de todo o mal
Reescrever a história e as notícias do jornal
Fazer um photoshop na realidade
Deletar toda miséria e a maldade
Mas a verdade é que não há como fugir
Temos que aprender a ser fortes, meu amor, fortes
E a lidar com as coisas da vida e da morte
Se eu pudesse mudaria o mundo na televisão
Com um toque no controle remoto aqui na minha mão
Tanta morte, tanto crime nesse mundo desigual
Se eu pudesse acabaria com as guerras ao mudar de canal
Mas a verdade é que não há como fugir
Temos que aprender a ser fortes, meu amor, fortes
E a lidar com as coisas da vida e da morte
Fazer as pazes entre Árabes e Judeus
Reconstruir mesquitas, sinagogas e museus
Mas a verdade é que não há como fugir
Temos que aprender a ser fortes, meu amor, fortes
E a lidar com as coisas da vida e da morte
Fontes:
Vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=QQeEN4WNhJM
Letra - http://letras.terra.com.br/frejat/1330202/
Outra do mesmo CD é:
Nada Além
Nesta música Frejat fala da futilidade de uma mulher, faz uma crítica ácida à atitude de alienação dessa personagem contrapondo a isso o seu comprometimento com a realidade. Contrapõe o "andar" no mundo e O "fantasiar" Um mundo. Por fim, abandona esse "falso céu" e escolhe permanecer com os "pés no chão" de um aparente "inferno".
Você não quer ver nada além do seu umbigo
E eu quero ver o que há depois do perigo
Você acha que ninguém sofre mais do que você
Talvez porque não saiba ao certo o que é sofrer
Ando pelas ruas cheirando a fumaça dos motores
Enquanto você fantasia suas dores de amores
Você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Você não quer ver nada além do seu mundinho
E eu prefiro escrever meu próprio caminho
Você acha que ninguém sofre mais do que você
Talvez porque não saiba ao certo o que é sofrer
Você sonha ser princesa em castelos fabulosos
Enquanto eu vago na cidade entre inocentes e criminosos
Você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Fique com os seus bonsais, seus haicais
Sua paz, suas flores, seu jardim de inverno
Se isso é céu
Eu prefiro meu inferno
Porque você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Você não quer ver nada além
Que ninguém ensina nada a ninguém
Fontes:
Vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=PoAcmmGYSIQ&feature=related
Letra - http://letras.terra.com.br/frejat/1330531/
Mais uma do mesmo CD:
Eu não quero brigar mais não
Aqui o artista se manifesta "ardiloso" porque mexe com modelos culturais plantados historicamente no inconsciente das mulheres e que por inúmeras razões da nossa alta modernidade tem tido seu arquivo corrompido na memória. O compositor fala da instabilidade nas relações interpessoais, deixa claro sua nostalgia, seu desejo de ter alguém pra dividir a vida e não apenas momentos, muito menos só os glamourosos.
Será q o Frejat realmente pensa assim?
Não sabemos, mas o sonho é válido, é bonito, é bom de ser vivido e é possível sim, mesmo no séc. XXI, mesmo entre os mais urbanizados, mesmo entre os que tem aumentado seu acesso às coisas e desenfreadamente buscam prazer nelas, mesmo entre os escravos do trabalho que se lançam na volubilidade pra tentar amenizar o estresse, o que afinal só o faz aumentar.
Quando a "curvatura da vara" que ora pende para um lado, ora para outro, encontrará estabilidade no centro? Quando o comprometimento com o outro encontrará um novo caminho de existência diferente da subjugação e dependência de outrora? Quando o comprometimento com o outro substituirá a síndrome do umbigo? Quando as pessoas voltarão a confiar, a acreditar, a arriscar-se pelo outro? E principalmente, quando as pessoas voltarão a ser confiáveis, moralmente mais fortes, volitivamente mais estruturadas, emocionalmente mais autocontroladas, intelectualmente mais razoáveis ao ponto de entender que a sobrevivência depende da agregação mesmo com toda independência financeira e material que a tecnologia tem proporcionado?
Eu amo o cheiro do seu cabelo
Eu amo o nosso amor assim
Sem dor de cotovelo
Vamos pra bem longe daqui
O vira-lata e a gata
Meu bem
Pode levar o novelo
O nosso amor não é só de pele
E de pêlo
Se quiser ter um neném
Tudo bem, vamos tê-lo
O nosso amor vai da água pro vinho
Às vezes é feito baixinho
Às vezes acorda o vizinho
Penso em você
O meu coração se aquece
Penso em nós dois
E as peripécias da espécie
Esquece a nossa última briga
Lembra o primeiro beijo
E ouça essa cantiga
Eu não quero brigar mais não
Eu quero você toda pra mim
Vou começar pedindo a tua mão
Você é aquela que o meu coração habita
Única e favorita
Estrela da minha vida
E da minha escrita
Eu fico sorrindo de orelha a orelha
Você com a pele bonita
Que fica sempre vermelha
Quando eu te amo de forma infinita
Somos Bambam e Pedrita
Eu não quero brigar mais não
Eu quero você toda pra mim
Vou começar pedindo a tua mão
Eu quero uma mulher normal
Do povo
Não quero uma mulher global de novo
Quero uma mulher que me ame no natal
E no ano novo
Amor no caviar
No pão com ovo
Namoro num Fusquinha ou num Volvo
Quero uma mulher que me ame no natal
E no ano novo
Eu não quero brigar mais não
Eu quero você toda pra mim
Vou começar pedindo a tua mão
Fontes:
Vídeo - http://www.youtube.com/watch?v=nB6h0HjBcWQ&feature=related
Letra - http://letras.terra.com.br/frejat/1331841/
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