Poucos casais vivem bem.
Porque pouco suportam (nos sentidos de ser capaz de segurar ou carregar o outro em certos momentos que o outro necessite e de tolerar um pouco do que no outro não é tão agradável assim).
Porque pouco se doam (tem homem e mulher que não sabe ainda o que agrada o outro e nem procura saber. E ainda pior é quando o homem ou a mulher sabe o que o outro gosta e não oferece, não faz, não se esforça, não tenta, não se supera, não quer aprender o que não sabe, e nesses casos as desculpas e justificativas são muitas, esquecendo que pra isso não tem perdão - estar na relação sem empenho, sem interesse, sem alimentá-la).
Porque pouco sabem receber (digo isso porque tem homem e tem mulher que não sabe aproveitar o que ganha do outro, seja um bem material ou um gesto de carinho, não se permite sentir, degustar, desfrutar daquele momento em que o outro está lhe oferecendo seu melhor. O outro precisa do reforço positivo pra continuar fazendo aquele agrado, o outro precisa saber que você gosta do que ele fez, o outro precisa ver o brilho nos seus olhos com o que ele foi capaz de fazer, o outro merece essa recompensa. E se você não gosta de nada que o outro lhe oferece, o que você está fazendo na relação?).
Ou porque cada um dos dois faz isso em tempos e momentos diferentes.
Ou porque só um dos dois faz o que constrói um relacionamento bom e gostoso.
Ou porque têm perspectivas, sonhos, projeções diferentes e não afinaram as cordas do violão da vida. (É isso! Há muitos casais desafinados. E disso eu entendo...afinação. Um ou os dois quer que o relacionamento se harmonize sem ter que usar o ouvido. Sim! Para afinar um instrumento é preciso ouvir bem, ouvir muito, ouvir com cuidado e atenção. Depois é preciso ajustar o som, corrigir, a exemplo de um violão, apertando ou frouxando a tensão das cordas. E o curioso é que um instrumentista raramente se desfaz de seu instrumento, mesmo que ele não esteja "segurando" a afinação, a primeira coisa que pensa é em consertar e conservar. Haveria mais cuidado com um instrumento musical do que com um parceiro?).
Mas há casais que vivem bem.
Nem sempre na mesma casa.
Nem sempre numa relação assumida.
Nem sempre numa relação de mesmices, como a mesma idade, a mesma formação, a mesma religião, a mesma etnia, as mesmas preferências, a mesma renda, as mesmas posses.
Nem sempre aos olhos dos outros.
Nem sempre alegres ou saudáveis.
Nem sempre com todas as necessidades básicas supridas.
Nem sempre profissionalmente e socialmente bem colocados.
Nem sempre com o acesso aos bens culturais que gostariam.
Nem sempre provocando melhorias sociais.
Mas sempre juntos! Alternando o olhar um para o outro e os dois para o mesmo ponto. Num exercício como diria Teilhard Chardin...de centração e descentração.
Mas sempre procurando fazer bem ao outro.
Mas sempre procurando corrigir o que não foi bom.
Mas sempre desenterrando pequenas gentilezas.
Mas sempre discernindo a hora de calar e de falar.
Mas sempre escolhendo o melhor jeito de fazer ou de dizer.
Mas sempre com a intenção de que tudo dê certo.
E é isso que será medido: o quanto amou. E amar é tudo aquilo que já postei em 12.07.10 com o título "Amar".
Não importa quantos anos durou. Importa quanto amou durante qualquer tempo.
O casal que vive bem ama muito.
E a gente sabe. A gente vê. A gente devia chegar perto e dar os parabéns.
Está no cenho, nos gestos, no tom de voz, na graça...isso mesmo...ela se enfeita...ele estufa o peito.
Aparências só?
Acredita que são só aparências mesmo?
O corpo fala, já dizia Pierre Weil. E eu acredito nisso.
Sim, casais que vivem bem ficam bem na foto a qualquer hora, vem de dentro o que modela o corpo.
Viva os casais que vivem bem, de qualquer geração, de qualquer classe econômica, de qualquer lugar, de qualquer tempo, de uma relação consumada ou sublimada, mas de uma relação que faz cada um dos dois crescer e dilatar até religar com o sagrado.
sábado, 23 de julho de 2011
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