Vamos ao conto:
Um príncipe em frente ao portão, espera ao lado do seu cavalo branco, digo, da sua pick-up branca, com apenas os pés cruzados, uma mão segurando a parte interna do braço oposto que está dobrado para que a mão toque o queixo.
Ele avisa que está a sua espera...ela sai...o timbre e empostação do "Boa noite!" dele é incomum, denso. Desconcertante para ela que nunca ouviu som mais agradável. E isso era só o começo.
O príncipe abre a porta do carro e dele retira, num movimento de rara elegância, um bouquet de rosas vermelhas como ela gosta - envolto apenas num celofane incolor amarrado com fibra natural, afinal a exuberância das rosas é demasiada para que papéis coloridos queiram adorná-las. Oferece-a, então, com generosidade. Surpreendente para ela que há muito não via este gesto, tampouco com a forma extremamente gentil da apresentação. Ele avisa que estão atrasados. Ela não entende bem, pensa que é força de expressão apenas. E isso era só o começo.
Já dentro do carro, o príncipe anuncia que verão uma coisa diferente, que deve ser bonita, que ele acredita que ela ainda não viu, mas corrige..."Talvez já tenha visto". O suspense permanece por alguns minutos...até que chegam ao local. Ele, como protagonista numa película, estende-lhe o braço para conduzí-la e ela ainda não sabe bem o que será visto lá. Quando entram no teatro, o príncipe mostra o cartaz...um espetáculo de sapateado! Era inusitado demais para ela que sempre desejou uma companhia para momentos como esse. E ainda era só o começo.
Durante o espetáculo...comentários dignos de um visionário, além do crescente êxtase e celebração dos dois pela Graça de estarem ali.
Ao saírem do espetáculo, tudo ficou pequeno e desnecessário, bastava a sensação em comum, a presença testemunhal de um para o outro, daquilo que pareceu a antecipação do paraíso. Mas ainda era só o começo.
O príncipe levou-a a um local para conversarem enquanto degustavam um bom Cabernet Sauvignon, embora não importasse o conteúdo das taças. As palavras não saiam apenas dos lábios, mas dos olhos e das mãos sobre a mesa. De repente, parecia não haver mais pessoas ao redor...dessensibilizaram do excesso de estímulos externos...centraram-se um no outro seduzidos pela curiosidade e pelas pequenas descobertas. Ainda era só o começo.
Saíram e o destino à priori daquela noite iria se cumprir...visitar o espaço que o príncipe estava se dando criteriosamente para construir seu reinado, onde verá brilhar o sol e crescerá como empreendedor de sua felicidade. Porém, no caminho, de súbito, o príncipe seguiu sua intuição e rumou para fazer a ela um presente. No caminho revelou que noutra noite, quando deveriam ter se encontrado e isto não aconteceu, acabou deixando um primeiro bouquet de rosas brancas e vermelhas no único lugar que sabia da presença dela, a fim de que fosse encontrado de alguma forma por alguém que pudesse, mesmo sem saber, conduzí-las até os olhos dela. E isso aconteceu! No momento que ela precisava da presença de alguém especial...o príncipe se fez presente naquelas rosas. Antes de saber da revelação ela ainda estava falante, depois emudeceu diante da sutil grandeza daquela alma. E isso fazia parte do começo.
Uma paisagem cinematográfica despontou logo...era lua cheia ainda, rodeada de estrelas que se exibiam por causa do breu quando chegaram às margens de águas mansas. E o cenário era só o começo.
O príncipe escolheu ali para ser afetuoso e cortez, não deixando que coisa alguma fugisse ao controle e ao que é próprio da realeza - o respeito ao que é humano e ao mesmo tempo divino. Foi breve e intenso. E isto era só o começo.
O príncipe mostrava sua alegria pelo caminho de volta, ela só conseguia admirar e sentir a emoção diante das ações do príncipe, que até então, ela acreditava só existir na literatura ou cinema.
Enfim, o príncipe levou-a conhecer o castelo do reino. Ela, a borralheira, sentiu-se muito honrada...exageradamente...uma vez que ela, até então, não havia feito parte da história dele, não havia desta vez ajudado a reunir as peças para a construção. E isto foi só o começo!
Para quem ficou em dúvida do que é conto e do que é real eu informo que tudo é real em nossos pensamentos e emoções...depois disso...é inevitável que se realize...se é para o bem!
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